Lata de biscoitos dinamarqueses inspira cuia marajoara de doces

Publicado em 17/09/2017 por Folha de S. Paulo Online

Para disputar um bom espaço de exibição nas prateleiras, a empresa Frutos da Amazônia, que faz doces com ingredientes amazônicos, investiu em embalagens de apelo regional, que podem ser usadas até como decoração.

A empresária Iolane Tavares buscou inspiração na cultura do seu Pará natal. Achou, em comunidades ribeirinhas, fornecedores de cuias com desenhos marajoaras, que viraram embalagens fechadas.
"Queria algo como a lata de biscoitos dinamarqueses. Encontrei um equivalente."

A Frutos da Amazônia investiu R$ 15 mil no desenvolvimento da embalagem. O objeto ajuda a chamar atenção para os doces nas gôndolas, diz Tavares, o que, afirma ela, fideliza e atrai mais clientes.

VERSÃO ECONÔMICA

Oferecer pacotes de diferentes tamanhos -e preços- também é uma tática para expandir a base de clientes e manter os antigos mesmo durante a crise econômica.

A publicitária Adriana Lotaif, 35, sócia da Pipó, que fabrica pipocas gourmet de sabores como caramelo e flor de sal e trufa branca, adotou os "pouches", ou saquinhos flexíveis, de 100 gramas, como uma terceira opção de embalagem para o produto, entre R$ 8,50 e R$ 10,50.

Há também a lata grande, de um quilo (de R$ 28 a R$ 36), e a minilata, de 50 gramas (de R$ 13,50 a R$ 18).

"Com o sachê, conseguimos novos pontos de venda, em locais com produtos menos premium. É uma estratégia anticrise, já que permite o acesso ao produto, mas por um valor menor", diz Lotaif.

É preciso ficar de olho nessas demandas e observar, por exemplo, se a concorrência já está mudando o tamanho ou a aparência do pacote, diz Beatriz Micheletto, consultora do Sebrae.

Ela diz, ainda, que a cada dois ou três anos, a empresa deve reavaliar todo o conceito da embalagem, "para que o consumidor não se canse do produto."

A consultora do Sebrae sugere, para quem não não tem muita verba, entrar em contato com empresas juniores na área de design, "que podem ajudar a criar um material bonito e funcional".

Também pode ser útil observar as tendências entre os líderes de mercado e até do exterior, que podem dar pistas sobre o que deve ganhar a preferência do público.

"Porém, quem está de olho no que está sendo feito nos EUA e na Europa, por exemplo, deve levar em conta as diferenças culturais do Brasil e, o que é sucesso lá nem sempre tem o mesmo destaque aqui", diz o coordenador do curso de design da Belas Artes, Fernando Laterza.

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NO PONTO DE VENDA

56%
dos consumidores descobrem novos produtos durante as visitas ao supermercado

20%
das vendas vêm de campanhas e promoções direto no local onde o produto será comercializado

1,41%
foi o crescimento na produção de embalagens para os setores de limpeza e beleza, o maior entre as áreas avaliadas, em 2016

0,63%
foi a alta no volume de fabricação dos pacotes para a indústria de alimentos no ano passado

Fontes: ABRE (Associação Brasileira de Embalagem) e Nielsen, consultoria de pesquisa de mercado

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