Liberação de remédios para emagrecer podem ser a grande catástrofe psíquica
Terça, 27 Junho 2017 13:42 Escrito por Mayara Barreto
Comparado a drogas como cocaína, crack, ecstasy, metanfetamina, cafeína e a nicotina, as medicações para emagrecer podem desencadear depressão, irritabilidade, agressividade, insônia, ansiedade, dependência, arritmia, infarto, eclosão de transtorno bipolar, prejuízos morais e pessoais
Depois de sancionar leis que decidem sobre liberação ou proibição de medicamentos sem a devida consulta de especialistas e estudos clínicos sobre os riscos e benefícios, o Brasil agora reascende a polêmica. O psiquiatra e pesquisador do Grupo de Estudos de Doenças Afetivas (GRUDA) do Hospital das Clínicas da USP, Dr. Diego Tavares, comenta o assunto.
O deputado Rodrigo Maia sancionou na última semana a lei que permite o uso de remédios até então vetados para a perda de peso. São eles: anfepramona, mazindol e femproporex – vetados desde 2011 por uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Esses medicamentos levantaram polêmica por, apesar dos resultados na balança, serem anfetamínicos e conterem substâncias com potencial para causar dependência, arritmia, infarto e a eclosão de transtorno bipolar.
Para o psiquiatra Dr Diego Tavares não há como negligenciar a necessidade de pesquisas clínicas adequadas para decidir sobre a liberação ou proibição de um produto sem saber se os riscos à população é ou não considerável. “A grande questão acerca destes medicamentos é que são produtos criados há muitos anos e como já perderam a patente não há no momento interesse das indústrias farmacêuticas em realizarem estudos de eficácia e segurança sobre esses remédios emagrecedores. Dessa forma, aprova-los hoje é o mesmo que liberar um remédio sem saber os riscos que ele possui”, alerta o médico.
O que pouco se fala é que medicamentos derivados de anfetamina além de inibirem o apetite são estimulantes do sistema nervoso central e assim como outras substancias estimulantes como cocaína, crack, ecstasy, metanfetamina, cafeína e a nicotina, são substâncias que podem instabilizar o funcionamento de áreas relacionadas ao humor, energia e impulsividade e produzirem a eclosão de formas variadas de transtorno bipolar em indivíduos vulneráveis.
“É um problema grave já que as indicações são feitas na maioria sem uma avaliação psiquiátrica adequada para saber se há risco em se prescrever tais medicamentos aos pacientes e assim, as consequências podem ser depressão, irritabilidade, agressividade, insônia, ansiedade, perda de emprego, separações, brigas, prejuízos morais e pessoais”, alerta Dr Diego que ainda completa: “A obesidade realmente é um problema de saúde pública, mas toda e qualquer medida de tratamento deve ser responsável e baseada em pesquisas clínicas adequadas porque o preço que pode se pagar pode ser bem caro”, finaliza.
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