Mais de metade dos novos medicamentos contra o cancro pode não funcionar, diz estudo

On 10 outubro, 2017

DR
Um estudo publicado na semana passada pelo British Medical Journal (BMJ) concluiu que mais de metade dos novos medicamentos de combate ao cancro no mercado europeu não possuem provas de melhorar o estado de saúde ou bem-estar dos pacientes

Para entrarem no mercado europeu, todos os medicamentos necessitam da aprovação da Agência Europeia do Medicamento (AEM). Entre 2009 e 2013, a AEM aprovou o uso de 48 medicamentos para aplicação em 68 tipos de tratamento, 57% dos quais (39/68) não possui “provas de beneficiar a sobrevivência ou a qualidade de vida” dos pacientes, afirmam Courtney Davis e Huseyin Naci, principais autores do estudo.

“Avaliámos a base de evidências para todos os novos medicamentos que entraram no mercado ao longo de um período de cinco anos e descobrimos que a maioria entrou no mercado sem provas claras demelhorar a sobrevivência ou a qualidade de vida dos pacientes”, explica Davis, autora e socióloga no Departamento de Saúde Global e Medicina Social do King’s College London.

Após cinco anos de acompanhamento, apenas metade (51%) dos tratamentos se mostrou eficaz na melhoria da capacidade de sobrevivência ou qualidade de vida dos afetados, face a tratamentos já existentes e placebos. Os restantes 31 (49%) mostravam “incerteza” face aos resultados.

“Quando medicamentos caros que carecem de benefícios clinicamente significativos são aprovados e integrados em sistemas de saúde com financiamento público, os pacientes individuais podem ser prejudicados, recursos importantes podem ser desperdiçados e é debilitada a capacidade de prestação de cuidados equitativos e acessíveis”, escrevem os autores.

Face aos resultados obtidos, os autores questionam o processo de aprovação de medicamentos da AEM. “É notável que tantos medicamentos anticancerígenos entrem no mercado europeu sem dados concretos sobre os resultados que interessam a pacientes e médicos: a maior sobrevivência e a melhor qualidade de vida”, diz Naci, professor assistente do Departamento de Politicas da Saúde da London School of Economics and Political Science. “Existe uma clara necessidade de elevar a fasquia no que toca à aprovação de novos medicamentos contra o cancro”.

Fonte: Visão

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