Marcas de cervejas artesanais produzem juntas mais de 1 milhão de litros por mês em SC

Levantamento mostra que número de cervejarias no país aumentou 39,6% em 2016; 90% delas nas regiões Sul e Sudeste.

Por Pricilla Back, Especial Do G1 SC

10/07/2017 18h44

O mercado das cervejas artesanais está em plena expansão e, aos poucos, acontece uma revolução cervejeira no Brasil. A cada dia, novas bebidas artesanais são criadas para atender um público crescente e sedento por novidades. Mais leves e refrescantes ou com um gosto mais amargo, puro malte ou com uso de trigo, as cervejarias artesanais são uma verdadeira vocação do estado.

O Brasil é o terceiro maior produtor do mundo, atrás de Estados Unidos e China. E Santa Catarina tem mais de 50 marcas de cerveja que, juntas, produzem mais de um milhão de litros por mês de acordo com uma pesquisa da Associação das Cervejarias Artesanais de Santa Catarina (Acasc).

Dados da Acasc também revelam o crescimento do mercado das cervejas artesanais catarinenses: entre 2013 e 2016, o número de marcas mais que dobrou. Foram 28 novos negócios iniciados nesse período. Dos 42 entrevistados, apenas 14 começaram a sua trajetória de 1994 até 2012.

Destes, 35 possuem fábricas, seis são cervejarias ciganas (terceirizam a produção) e uma é brewpub (bar que fabrica a própria cerveja). As pesquisadas são responsáveis por 302 rótulos diferentes. Juntas as cervejarias que foram ouvidas investiram mais de R$ 22 milhões.

De acordo com o presidente da Acasc, Carlo Lapolli, esse crescimento se deu por uma mudança de comportamento do consumidor.

“O consumidor está aprendendo a apreciar a cerveja artesanal, um produto que prioriza o sabor e a qualidade. Mesmo com um preço mais alto, esse tipo de produto tem conquistado cada vez mais espaço nas prateleiras de empórios, mercados e nos restaurantes”, afirma.

De olho no grande potencial desse mercado, cada vez mais empreendedores investem no universo das cervejas artesanais.

Cerveja Blumenau

Com menos de dois anos de história, a Cerveja Blumenau, nasceu junto com Festival Brasileiro de Cerveja, em Blumenau. Atualmente, tem 11 rótulos próprios e tem capacidade para produzir até 120 mil litros de cerveja por mês. “Estamos presente em mais de 2,8 mil pontos de venda em todo o país e a nossa capacidade de produção pode ser ampliada para até 400 mil litros por mês”, conta Valmir Zanetti, diretor da cervejaria.

A cervejaria também conta com o Bar da Fábrica, um espaço que comporta até 100 pessoas e onde os clientes podem avistar a produção dos rótulos da marca. “Mesmo com a crise nós acreditamos no momento e decidimos investir. Existem algumas dificuldades, como a questão logística, mas com criatividade a gente consegue driblar os problemas e crescer”, conclui o empresário.

A marca está presente em 19 estados e tem crescido mais de 100% desde a fundação. A expectativa é terminar 2017 produzindo 15 rótulos e alcançar o mercado internacional até 2019.

Schornstein

A cervejaria Schornstein, de Pomerode, está no mercado desde 2006. Mas, foi nos últimos anos que o diretor da cervejaria, Adilson Altrão, viu o negócio expandir. “Em 2005, a gente produzia 25 mil litros por mês, hoje, a nossa produção chega a 150 mil litros por mês e estamos presentes em todo o Brasil”, afirma o empresário.

Um dos grandes diferenciais da empresa é a inovação. A cervejaria acaba de lançar dois estilos de cerveja em lata e ainda este ano, deve inaugurar uma rede de beer trucks, para atender festas e eventos. “É preciso inovar toda hora, mas, não há dúvida que o crescimento só é possível por causa da qualidade do nosso produto”, revela.

A Schornstein tem mais de 60 produtos com a marca, inclusive um pão de cerveja, produzido a partir do bagaço da cerveja. A cervejaria cresceu 39% no ano passado, e para este ano a previsão de crescimento chega a 35%. Um dos fatores que contribuiu para o crescimento foi a nova fábrica, inaugurada em 2016. Entre os novos projetos está também a entrada no mercado de cervejas long neck em 2018.

Desafios do mercado

Um levantamento realizado pela Escola Superior de Cerveja e Malte, mostra que o número de cervejarias no país aumentou 39,6% em 2016. Foram 148 novas empresas. Até dezembro, elas produziram 13,8 bilhões de litros de 9.314 rótulos diferentes. Esses números comprovam que o mercado artesanal já representa quase 1% do total produzido no Brasil. Geograficamente, 90% das cervejarias estão localizadas nas regiões Sul e Sudeste.

Segundo Lapolli, um dos grandes desafios para o mercado artesanal é a alta carga tributária. “Cerca de 30% do preço final do produto são compostos por impostos. Estamos trabalhando para que a tributação seja igual à do vinho artesanal. Enquanto o vinho paga 4%, a cerveja artesanal paga 12%”, revela. A Acasc tem mais de 40 associados e a meta é chegar a 60 até o final de 2018. “No Brasil, o mercado das cervejas artesanais ainda é pouco representativo. Nos EUA, por exemplo, a cerveja artesanal representa 70% do mercado. Ainda temos um grande potencial a ser explorado”, conclui.

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