Metade dos casos de intoxicação no Estado ocorre por uso indevido de medicamentos

Eduardo Fonseca Sábado, 05/05/2018 14h02 Atualizado em: 05.05.18 14h18

No Estado de São Paulo, metade dos casos de intoxicação ocorre por uso indevido de medicamentos. O problema também é grave em âmbito nacional, com registros de duas intoxicações a cada hora pelo mesmo motivo. Os dados são do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas da Fundação Oswaldo Cruz.

O Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos (5 de maio) foi criado para conscientizar a população quanto aos riscos à saúde que podem ser causados pela automedicação, pelo uso indiscriminado e sem orientação de medicamentos. O farmacêutico é o profissional de saúde mais acessível e capacitado que a população pode recorrer para tirar dúvidas sobre prescrições ou sobre o uso de medicamentos.

No Brasil, a venda de antibióticos sem prescrição médica é proibida há oito anos. A decisão foi tomada em consequência do uso indiscriminado desses medicamentos, que contribui para o aumento da resistência de micro-organismos e pode diminuir a eficácia dos tratamentos. Além deles, outros medicamentos tarjados, como antidepressivos, por exemplo, também têm sua comercialização proibida sem receita.

USO DEVIDO
A aposentada Leonor Laurete, 77 anos, conta que utiliza diversos medicamentos há mais de 30 anos. "Se eu não tiver um acompanhamento adequado e sair tomando qualquer remédio sem orientação, não sei o que pode acontecer comigo. Eu sofro com pressão alta, osteoporose, asma e ainda tomo remédio para o coração. Preciso estar em dia com as receitas e ficar atenta para as datas de vencimento de cada remédio".

De acordo com o delegado do Conselho Regional de Farmácia da região de Araçatuba, Marco Aurélio Poe Santana, existe uso indiscriminado de medicamentos no Brasil porque muitos deles não são vendidos de forma fracionada, ou seja, o consumidor só comprar a quantidade que realmente necessita. Existe também o uso até o momento em que o paciente se sentir melhor, fazendo com que haja sobra de medicamentos, que por sua vez serão utilizados em uma outra necessidade.

O conceito de uso racional de medicamentos é simples e importante. O medicamento, para fazer o efeito desejado, deve sempre ser prescrito para o paciente por um profissional de saúde habilitado; deve ser usado de acordo com o indicado na prescrição, nos horários corretos, na quantidade receitada e no período de tempo recomendado.

Se o paciente tiver alguma dúvida sobre o uso do medicamento ou sobre a prescrição, o farmacêutico pode e deve ser consultado. "Todo brasileiro tem, por lei, direito a um farmacêutico, pois é esse profissional que vai orientar o uso correto e conversar diretamente com o paciente na hora da entrega no balcão", afirma Santana.

O delegado esclarece, ainda, sobre a ingestão de medicamentos com líquidos. Segundo ele, a maioria dos remédios deve ser ingerida com água, a menos que haja uma orientação diferente. "Deve-se evitar o uso de medicamentos com leite, refrigerante ou bebidas quentes, como chás. O leite, por exemplo, interage com antibióticos, retardando a absorção. Plantas e chás possuem compostos ativos, que também podem fazer mal quando utilizados com remédios. Alguns alimentos podem interferir nos efeitos e consequentemente no resultado do tratamento", completa. (Colaborou Heloísa Alves)

LINK CURTO: http://folha.fr/1.402922

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