Mortadela, pinga, chocolate: país perdeu marcas queridas de comida e bebida

Colaboração para o UOL, em São Paulo

29/08/201704h00

O caso mais recente foi da Ceratti, famosa por suas mortadelas e embutidos (linguiças, salsichas e salames, entre outros). A empresa nasceu como um pequeno açougue em 1932 em Heliópolis, na zona sul de São Paulo, criada pelo imigrante italiano Giovanni Ceratti. Na semana passada, o frigorífico brasileiro Cidade do Sol, dono da marca, foi vendido para a americana Hormel Foods por US$ 104 milhões (cerca de R$ 328,8 milhões).

Vigor

Também neste mês, o grupo mexicano Lala assinou acordo para compra da brasileira Vigor Alimentos, numa operação que avalia a companhia em R$ 5,7 bilhões. A empresa foi fundada em 1917, então com o nome de Oliva da Fonseca Indústria e Comércio Ltda., e tinha uma unidade de embalagem de leite em São Paulo e uma pequena processadora de leite condensado em Itanhandu (MG). Dona de marcas como Vigor, Danubio, Faixa Azul e Leco, estava atualmente nas mãos da JBS e da J&F, dos irmãos Wesley e Joesley Batista.
Lacta (Diamante Negro e Sonho de Valsa)

Inicialmente, Lacta era o nome usado para vender no Brasil chocolates importados da marca francesa Poulain, até que, em 1912, ganhou uma fábrica própria em São Paulo, obra do cônsul suíço Achilles Isella. A empresa lançou marcas famosas, como Diamante Negro (em homenagem ao jogador de futebol Leônidas da Silva), Sonho de Valsa, Bis, Confeti, Laka e Ouro Branco. Em 1996, a Lacta foi comprada pela americana Kraft Foods, que, em 2012, dividiu-se em Mondele'z International (responsável pelas guloseimas) e Kraft, que comanda os produtos processados, como queijos e massas.

Ypióca

Uma das principais marcas de cachaça do Brasil, a Ypióca começou a ser produzida em 1846 em Maranguape (CE) pelo imigrante português Dario Telles de Menezes, que trouxe para cá um alambique de cerâmica. A empresa foi crescendo e passou de geração para geração. Em 2012, foi vendida para o grupo britânico de bebidas Diageo, dono de marcas como Johnnie Walker e Smirnoff, num negócio de cerca de 300 milhões de libras (R$ 1,23 bilhão, segundo a cotação de 28/8/17).
Mabel (biscoitos Mabel e Mirabel)

A fabricante de biscoitos foi fundada em 1953 por imigrantes italianos. Ganhou sua primeira fábrica em 1962, em Ribeirão Preto (SP), e o primeiro parque industrial em Aparecida de Goiânia (GO), em 1975. Um de seus produtos mais famosos era o lanchinho Mirabel, um biscoito tipo wafer recheado. Em 2011, a empresa foi vendida para a norte-americana PepsiCo, dona de marcas como Pepsi-Cola, Elma Chips, Toddy e Quaker.
Garoto (Pastilhas, Baton e Serenata de Amor)

Nasceu em Vila Velha (ES), em 1929, como uma fábrica de balas fundada pelo imigrante alemão Henrique Meyerfreund. Segundo a empresa, o produto era vendido por meninos nos pontos de bonde da cidade e os consumidores começaram a procurar pelas balas dos "garotos" –daí surgiu o nome. A empresa fabrica produtos como as pastilhas de hortelã, o Baton (originalmente Leite e Mel, de 1948) e o bombom Serenata de Amor (de 1949). Em 2002, foi comprada pela multinacional suíça Nestlé, mas a compra até hoje não foi 100% aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Schincariol (Nova Schin, Devassa, Baden Baden e Eisenbahn)

Fundada em 1939 em Itu (SP) pelo primo Schincariol, que, no quintal de sua casa, começou com o refrigerante Itubaína. Depois, produziu também licor de cacau, groselha, vinho quinado (vinho de baixo teor alcoólico) e anisete (licor sabor anis). A empresa foi crescendo, passou a fabricar refrigerantes, lançou a marca de refrescos Skinka e a cerveja Nova Schin. Comprou as marcas de cerveja Devassa, Baden Baden, Eisenbahn e Cintra. Em 2011, foi comprada pela japonesa Kirin Holdings Company e, em 2012, passou a se chamar Brasil Kirin. Em fevereiro de 2017, passou para as mãos da holandesa Heineken por US$ 1,1 bilhão (cerca de R$ 3,5 bilhões).
Lucky Salgadinhos (Torcida e Fofura)

Fundada em 1963 por imigrantes japoneses, começou como uma fábrica de doces, mas ganhou destaque com os salgadinhos das marcas Fofura e Torcida. Foi vendida em 2007 para a norte-americana PepsiCo.
Amacoco (Kero Coco e Trop Coco)

Em 2009, mais uma investida da norte-americana PepsiCo no mercado brasileiro: comprou a Amacoco, fabricante das marcas Kero Coco e Trop Coco, de água de coco em caixinha.
Batavo

A marca nasceu em 1928, na região de Carambeí (PR), criada por imigrantes holandeses. Começou com a Sociedade Cooperativa Hollandeza de Lacticínios, que distribuía leite, queijo e manteiga nas regiões de Curitiba e São Paulo. Em 2000, foi parcialmente vendida à Perdigão Agroindustrial e, em 2006, foi integralmente vendida. Mais tarde, a Perdigão se uniu à Sadia para dar origem à BRF, atual dona da Batavo.

Yoki

A Yoki foi fundada em 1960 pelo imigrante japonês Yoshizo Kitano e fabrica produtos como pipocas, temperos, chás, misturas para bolo, sobremesas, sopas e cereais. Em 2012, foi comprada pela norte-americana General Mills, também dona da marca de sorvetes Häagen-Dazs.

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