Na contramão da crise, Casas Pedro planejam abrir oito novas lojas em 2018

Publicado em 05/11/2017 por O Globo

Casas Pedro querem abrir 8 novas lojas em 2018. – Agência O Globo

RIO – Uma das marcas mais conhecidas do varejo carioca, as Casas Pedro aproveitaram a crise econômica que assolou o Rio de Janeiro para crescer nos últimos quatro anos. Enquanto diversos varejistas fechavam as portas pelas ruas da cidade, a empresa, fundada por um imigrante do Líbano em 1932, na tradicional Saara, no Centro da cidade, pisava no acelerador. Com a ajuda de nozes e esfirras, foram abertas 19 lojas desde 2014, quando teve início a recessão do país, num investimento total superior a R$ 15 milhões. Para atender à demanda maior, a companhia, ainda familiar, destinou outros R$ 2,5 milhões para construir um centro de distribuição, em São Cristóvão, na Zona Norte, em 2015.

O projeto de expansão da companhia foi conduzido pelas mãos da terceira geração da família, liderada por Felipe Mussalem, neto do fundador, Pedro, que decidiu construir uma nova empresa praticamente do zero.

Profissionalização da gestão

Para isso, profissionalizou a gestão, contratou consultoria e criou um conselho de administração, formado por seis membros. A mudança veio acompanhada de um novo sócio: a consultoria Visagio, que tem hoje 2% das ações e conta com opção de compra de até 8% do capital. Os 98% restantes fazem parte de uma holding controlada pela família.

– Para atravessar a crise, fazer o planejamento foi essencial. Criamos um conselho de administração para pensar no futuro. Sem isso, a empresa não chegaria na próxima geração. A crise gera incerteza e preocupa muito. Mas, por outro lado, criou reflexos positivos. O custo dos imóveis para as novas lojas caiu, o que ajudou muito. Os preços das commodities também caíram em dólar no mercado internacional. Hoje 50% do que vendemos vêm do exterior. São dois mil produtos diferentes – diz Mussalem, que comanda a companhia, destacando itens como frutas secas, temperos e cereais.

Com 24 lojas e uma receita esperada de R$ 175 milhões para este ano, as Casas Pedro – que vêm reformulando suas unidades – planejam abrir mais oito espaços em 2018. Com 630 funcionários, a empresa vai contratar mais cem pessoas neste fim de ano e outras 180 para a expansão prevista no ano que vem.

– Este mês, a notícia que íamos contratar se espalhou em grupos de WhatsApp, e recebemos 1.152 currículos para as cem vagas.

Alimentação saudável em alta

Professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e sócio da Acomp Consultoria, Antônio Cesar Carvalho lembra que empresas como as Casas Pedro vêm se beneficiando com o aumento da busca por uma alimentação saudável. Porém, ele ressalta que a concorrência nesse segmento de empórios, onde são vendidos produtos a granel, é crescente.

– Há muitas opções de lojas hoje que vendem produtos como castanhas. Por isso, as empresas buscam uma diversificação e um reforço de marca. É ainda um segmento resiliente à crise, pois as pessoas não deixam de comer. Como vendem a granel, os preços são mais baratos, pois não contam com o custo das embalagens. Além disso, o cliente consegue levar a quantidade que deseja, ajustando a compra ao orçamento – destaca Carvalho.

Mas o setor ainda cresce abaixo do varejo. De acordo com dados do IBGE, a venda do grupo supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo registrou alta de 1,7% em agosto, abaixo do avanço de 3,6% do índice geral. É por isso que, dizem especialistas, as empresas estão buscando diversificar sua atuação.

Novo mix para classes A e B

Casas Pedro investem em Centro de Distribuicao e planeja novas lojas. – Ana Branco / Agência O Globo

Empresas concorrentes, como Mundo Verde, também vêm ampliando sua presença no Rio: com 111 lojas, a companhia pretende abrir mais dez espaços até o fim de 2018.

– A concorrência é grande e está cada vez maior. Por isso, estamos buscando uma verticalização dos nossos negócios, pensando em aquisições de empresas – pontua Mussalem, das Casas Pedro.

É como parte desse crescimento que a empresa planeja lançar mais uma marca de pães árabes. Hoje, a família já tem uma fábrica e vende os pães Tenda Árabe em suas lojas e em supermercados. A ideia é lançar o produto com o nome da rede e também ampliar a marca a uma linha de salgados congelados.

– Um fator importante, que nos ajudou nesse período de crise, foi ampliar o mix de produtos. Passamos a vender itens voltados para as classes A e B, como amêndoas defumadas e castanhas caramelizadas. Isso ajudou a elevar o tíquete médio da loja, que atualmente é de cerca de R$ 30. Hoje, o item mais vendido é o bacalhau, que representa entre 10% e 15% das vendas – conta Mussalem.

Dentro do projeto de expansão em 2018, as Casas Pedro se preparam para chegar ao Leblon com uma loja conceito, onde haverá cafeteria e um espaço em que o cliente vai poder montar sua granola. Espaços em shopping também estão nos planos da família.

Mas nas últimas duas décadas nem tudo foi simples. Em 1996, Mussalem lembra que seu pai e seu tio decidiram se separar. O tio abriu a rede Casa Pedro – no singular – que chegou a ter 13 lojas, e hoje conta com apenas uma, na Tijuca.

– Nem todo mundo notou que eram duas empresas. Eles se separaram e seguiram caminhos distintos – comenta.

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