Nestlé investe R$ 20 mi em centro que analisa qualidade alimentar
A empresa espera aumentar em 20% a capacidade de realizar análises científicas em seu Centro de Tecnologia e Qualidade
Por Marina Demartini
23 maio 2017, 17h35
São Paulo – A Nestlé quer que o leite chegue mais fresco à mesa do consumidor brasileiro. Para isso, a empresa investiu 20,2 milhões de reais em seu Centro de Tecnologia e Qualidade (NQAC), que ganhará uma nova sede em Araras, interior de São Paulo, onde já estão instaladas fábricas da companhia e da DPA (joint-venture entre Nestlé e Fonterra, uma empresa responsável por cerca de 30% das exportações mundiais de lácteos).
“Com a proximidade das fábricas com o nosso centro, esperamos tornar todo o processo de análise de nossos produtos mais ágil para que eles cheguem mais rápido aos clientes”, explica Frede Politi, diretor do NQAC Brasil, em entrevista a EXAME.com. Segundo Politi, o processo de entrega do leite, por exemplo, demora de cinco a sete dias, desde a coleta até a comercialização. “Leite é igual criança quando chora, não dá para esperar.”
Cerca de 500 testes são feitos em cada produto antes de chegar às prateleiras dos supermercados, segundo a Nestlé. No caso do leite, os primeiros exames são feitos já na retirada do líquido da vaca. Depois, todos os itens são enviados ao centro para passar por mais uma série de testes.
Com a nova unidade em Araras, a empresa espera realizar exames específicos, como a identificação e quantificação de organismos geneticamente modificados em alimentos. “O NQAC é um dos únicos locais do Brasil que possui maquinário capaz de realizar análises genéticas”, conta o diretor.
Esse tipo de exame é necessário, pois uma mudança no DNA do alimento pode trazer efeitos indesejados aos consumidores, como alergias e infecções. Recentemente, uma análise de DNA feita com o frango usado pela rede Subway revelou que a ave dentro dos sanduíches da cadeia de fast food contém menos de 50% do DNA do animal.
Além da análise genética, o NQAC faz testes microbiológicos e físico-químicos. Os profissionais também usam espectrometria de massas, uma tecnologia que possibilita a detecção de mais de 600 compostos de pesticidas e drogas veterinárias. Tal técnica garante o cumprimento dos requisitos legais das matérias-primas usadas na preparação de produtos.
Aproximadamente 200 mil análises microbiológicas físico-químicas são realizadas todo ano no Centro de Tecnologia da Nestlé, em parceria com laboratórios de qualidade instalados em todas as 31 fábricas da empresa no país, segundo a empresa. “Todos os produtos vendidos no país e os que são exportados precisam passar pelo centro”, explica Politi.
Atualmente, o NQAC também presta serviços para países como Colômbia, Argentina, Peru, México, Chile e Venezuela. Devido ao investimento, a empresa espera aumentar em 20% a capacidade de realizar análises no centro. “Queremos tornar o mercado brasileiro mais competitivo”, diz Politi. “Nos dias atuais, esse investimento reforça a nossa preocupação com a qualidade de nossos produtos e mostra como a Nestlé confia no país.”
O Centro de Tecnologia e Qualidade começou a funcionar no final da década de 60 em São Paulo. Hoje, há mais de 45 profissionais de diversas áreas, como biologia, química, engenharia e física, trabalhando no local – sendo que 50% desses funcionários são mulheres.
O diretor espera que a proximidade geográfica do centro com universidades, como a Universidade Estadual Paulista (UNESP), ajude a empresa a conseguir mão de obra qualificada para a realização de mais pesquisas. Segundo ele, o objetivo do investimento vai além do lucro. “O que queremos é desenvolver e implementar novas metodologias analíticas para assegurar a qualidade de nossos serviços.”
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