O desafio da entrada do varejo de alimentos no e-commerce
E-Commerce News | 30/05/2017 – 08:00 AM
O varejo de alimentos é o segmento do comércio com maior representatividade e frequência de compras. Por ocupar papel de destaque, deveria ser um dos mais aderentes ao mundo digital. O que se vê, entretanto, é ainda uma baixa representatividade nas vendas online, por ser um segmento altamente desafiador para as operações de comércio eletrônico. No Brasil, operações relevantes em comércio eletrônico de alimentos ainda engatinham.
De acordo com Alberto Serrentino, Fundador da Varese Retail, boutique de estratégia de varejo, a complexidade da operação logística é o principal entrave que desafia as operações. Serrentino também cita o elevado nível do serviço demandado pelos consumidores, com entregas em janelas horárias estreitas e pouca disposição do público a pagar muito por isso, como outra barreira. Por fim, ele lembra que alimentos requerem espaços para acondicionamento a fim de que possam ser armazenados até a entrega, o que dificulta a operação.
Empresas do varejo físico e digital têm procurado desenvolver modelos logísticos para as operações de comércio eletrônico. A Tesco, cita Serrentino, maior varejista britânica e maior operadora global no e-commerce de alimentos, tornou-se uma operação lucrativa e relevante usando um modelo descentralizado, nos quais as lojas realizam o processamento e entrega dos pedidos online. Isto, no entanto, foi possível pela elevada densidade de lojas e cobertura territorial no Reino Unido.
Já a Ocado, um dos principais operadores virtuais puros do Reino Unido, processa mais de 50 mil pedidos/ semana, em modelo centralizado. “Tanto Tesco como Ocado têm participação superior a 40% em marcas próprias, o que permite gerar maiores margens. O comércio eletrônico responde por 3,4% do varejo alimentar britânico, país de maior maturidade no segmento”, destaca.
Nos últimos anos, a Europa vem vivenciando a rápida expansão dos formatos “drive”. “Trata-se de modelos operacionais nos quais a compra é realizada via canais digitais, para retirada com horário pré-determinado, bastando estacionar o veículo e aguardar que a mercadoria seja entregue. O modelo é conveniente, evita as restrições de recebimento e os custos de frete”, completa. Serrentino lembra, ainda, que existem modelos integrados a supermercados e hipermercados e também os dedicados, nos quais há uma “loja fechada” para estocagem e retirada de compras.
Para Serrentino, o grande desafio do comércio eletrônico em alimentos é econômico. “Há poucas operações lucrativas e sustentáveis e os custos variáveis são significativos mesmo para operações de larga escala”, afirma. Apesar do desafio para levar o setor de alimentos para o e-commerce, Serrentino é otimista e acredita que o poder transformador dos canais digitais abrirá cada vez mais possibilidades a esse segmento.
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