Pacientes denunciam falta de itens na Farmácia Popular

28/01/18 | Adriane Mendes – adriane.mendes@jcruzeiro.com.br

Portador de doença pulmonar de origem crônica, que lhe causa sérios problemas respiratórios, o gerente de vendas Nilson de Mello, de 61 anos, está desde novembro passado sem conseguir retirar o medicamento necessário na Farmácia Popular de Alto Custo, instalada no complexo do Conjunto Hospitalar de Sorocaba. Quem também passa por maus momentos, sem obter dois medicamentos destinados a evitar rejeição do transplante de rim é o aposentado Benedicto Ferreira Telles Neto, transplantado há seis anos.

Segundo Benedicto, os remédios, que nem são comercializados, estariam em falta na mesma Farmácia desde o início de dezembro. Ambos reclamam que a situação se agrava ainda mais devido à falta de previsão para a entrega dos remédios, bem como a falta de explicação para esse desabastecimento.

Nilson explica que há três anos faz uso do remédio Alenia, ingerindo duas cápsulas ao dia, e que sem esse medicamento "não é possível levantar peso, trabalhando com muitas limitações".

Segundo ele, a retirada deveria ter ocorrido em 9 de novembro, "falaram que estava em falta, e que era para eu ligar, mas o telefone lá nem funciona direito", reclama.

Desde que iniciou o tratamento com esse remédio, Nilson disse que apenas há um ano o medicamento esteve em falta, mas que na ocasião a entrega teria sido regularizada em vinte dias. Ele também comentou que o valor médio do medicamento, superior a R$ 100, dificulta sua aquisição.

Aflição

Transplantado do rim há seis anos, após ficar dez anos na fila de espera, o aposentado Benedicto Ferreira Telles Neto teme sofrer rejeição do órgão por não ter os remédios Myfortic 720 mg, e Tracolimo 2 mg. Ele toma quatro comprimidos de cada diariamente, além de outros medicamentos que complementam o tratamento.

Benedicto contou que a última retirada estava marcada para 8 de dezembro, mas que desde lá tem sido "socorrido" com a entrega parcial dos comprimidos, de forma separada. "O mais desesperador é o fato desses remédios não serem vendidos, e a gente não saber quando a entrega será feita", destaca.

O aposentado comentou que em outubro passado também houve falta dos remédios, e que na ocasião recorreu ao Hospital dos Rins e Hipertensão de São Paulo. Entretanto, ele afirma que lá o fornecimento é paliativo, sendo disponibilizados poucos comprimidos.

Justificativa

Conforme nota da Secretaria Estadual da Saúde, a Coordenadoria de Assistência Farmacêutica afirma que os medicamentos Tacrolimo e Micofenolato de Sódio já estão disponíveis no estoque da farmácia e o paciente Benedicto Ferreira Telles Neto acabou retirando ambos no dia 21 de dezembro.

Ainda de acordo com o órgão, "eventual indisponibilidade temporária pode ter ocorrido devido à irregularidade na entrega pelo Ministério da Saúde, que é responsável pela aquisição e distribuição desses remédios aos Estados".

A Secretaria informa que o fornecimento tem sido irregular desde 2017, em relação a períodos e quantidades. "Para atender os pacientes no primeiro trimestre de 2018, a pasta solicitou o envio de 7,2 milhões de comprimidos do Tacrolimo 1mg e 356,1 mil do Micofenolato de Sódio 180 mg (Myfortic), mas o MS aprovou somente 75% do solicitado para ambos."

Sobre o medicamento Alenia, a informação é que está em fase de entrega e estará disponível para retirada pelo sr. Nilson de Mello até o final da próxima semana. "Ele será contatado para agendamento da entrega", disse o órgão em nota.

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