Pacientes sofrem com a falta de medicamentos na rede pública de AL
Medicação com valor de quase R$ 8 mil está em falta há um ano. Cansados de esperar, familiares dos pacientes recorrem à Defensoria Pública.
Por AL TV
18/08/2017 21h48
Pacientes sofrem com a falta de medicamentos na rede pública de AL
A falta de medicamentos na rede pública de Alagoas preocupa pacientes que são dependentes da farmácia e dos postos de saúde do Estado. Entre os remédios em falta está um antibiótico para portadores da fibrose cística, que custa quase R$ 8 mil e está há um ano sem ser reabastecido no sistema público.
Um dos muitos prejudicados é o filho de 11 anos da dona de casa Cícera Paixão. Ele tem fibrose cística desde os 3 anos. Os remédios para o tratamento da doença, que ataca as defesas do organismo, deveriam ser distribuídos pela farmácia do Estado, mas ela diz que os medicamentos estão em falta há cinco meses.
“Nós estamos nos preocupando porque está muito demorado. Cada dia fica mais difícil porque a criança não pode passar um dia sem a medicação. E como falta há mais de cinco meses, como fica a situação pra gente? Nós não podemos comprar, é muito caro”, desabafa.
Para combater a doença, um dos remédios é o Creon. Uma caixa custa R$ 120. O alfadornase, para portadores da fibrose cística, é vendido por quase R$ 1.400. Cada paciente precisa de cinco caixas por mês, o que dá um total de R$ 7 mil.
Além dos já mencionados, outro remédio fundamental para o tratamento é o antibiótico Tobramicina – que não está sendo fornecido pela Farmex há um ano, segundo familiares. Uma caixa com 28 comprimidos custa quase R$ 8 mil.
Cansados de esperar, os pais estão recorrendo à Defensoria Pública em busca de soluções. O coordenador de loja Cícero do Nascimento fez isso por sua filha de 19 anos, que sofre com os sintomas da doença.
“A falta vem causando uma crise. Se ela não tomar o medicamento, os alimentos que ela come não servem. É o mesmo que não estar comendo”, conta Cícero.
A pediatra Amanda Katielly diz que a carência do medicamento tem aumentado o número de pacientes no hospital em que trabalha.
“A gente tem recebido uma quantidade muito maior de pacientes para internar por intercorrência infecciosa, como pneumonias graves e internações que duram mais de 30 dias. Usando antibióticos de amplo espectro. Inclusive, um paciente nosso recentemente foi para a UTI e nós atribuímos isso também a falta de medicamento. Se isso persistir, eles acabam evoluindo com mais processos infecciosos que podem levar até ao óbito”, explica.
Recorrência
Desde o começo deste ano, a TV Gazeta vem mostrando várias reportagens com muitos pacientes denunciando atraso na distribuição de remédio para tratamento de diabetes, reposição de hormônios, falta de ar e doenças renais.
A dona de casa Francisca Oliveira vive com a renda de um salário mínimo. Ela conseguiu receber o remédio para o tratamento de asma após quatro meses.
“Agora, vou ficar dois meses sem receber. O médico disse que o exame está vencido e que vou ter que fazer outro”, relata.
Já a dona de casa Marileide Santana estava sem esperança, mas recebeu o remédio que a mãe dela precisa para tratar a bronquite e ficou emocionada. “É muito importante pra minha mãe. Fiquei muito feliz”, conta.
Sesau
A Secretaria Estadual de Saúde de Alagoas (Sesau) informou que o medicamento para doenças renais está em trâmite para aquisição.
Quanto a somatropina, o hormônio de crescimento e as insulinas para diabéticos, até a próxima sexta-feira (25) os medicamentos estarão disponíveis nos postos de saúde do estado.
Os processos de compras dos medicamentos citados para fibrose cística estão sendo finalizados e a previsão é até o final do mês de setembro para regularizar o abastecimento.
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