Países em desenvolvimento têm 10% de seus remédios falsos ou ruins, diz OMS

28/11/2017 18h10 Da Agência EFE

A entrada no mercado de remédios falsificados e de qualidade inferior está em alta, sobretudo em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, onde um em cada dez produtos médicos está fora dos padrões ou é falsificado. É o que diz o primeiro relatório do Sistema Mundial de Vigilância e Monitoramento de Produtos Médicos de qualidade "subpadrão" e falsificados (GSMS), criado em 2013 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A informação é da EFE.

O documento, publicado nesta terça-feira (28), afirma que "este problema está aumentando" e abrange um negócio que representa cerca de US$ 30 bilhões. Os remédios abaixo do padrão são produtos autorizados pelas autoridades reguladoras mas que não se enquadram nos níveis de qualidade ou nas especificações nacionais e internacionais, ou as duas coisas.

Os especialistas da OMS atribuem o aumento da presença de produtos de qualidade inferior à exigida em parte à globalização e ao surgimento do comércio eletrônico, que "aumentaram a complexidade da rede de fornecimento de remédios, ao proporcionar vários pontos de entrada para produtos médicos fabricados de maneira imoral e ilegal".

Nos quatro primeiros anos de funcionamento do GSMS, que tem como objeto incentivar os Estados-membros a comunicar os incidentes relacionados com este tipo de produtos de maneira estruturada e sistemática para poder avaliar de forma mais precisa e válida a magnitude e o alcance do problema e os danos que causam, os países informaram sobre 1.500 produtos alterados.

No caso de alguns remédios, a OMS recebeu múltiplas denúncias, e no caso de outros, algumas poucas, mas para os analistas do GSMS está claro que "estes casos só representam uma fração do problema real”, levando em conta que o sistema de monitoramento ainda é muito novo.

Remédios da moda

Durante os últimos anos, foi dada muita atenção aos remédios falsos comprados na internet e especialmente aos produtos da moda, que vendem um estilo de vida, como comprimidos para emagrecer e tratamentos contra a impotência.

No entanto, nos últimos quatro anos, a OMS recebeu informações sobre produtos médicos abaixo do padrão ou falsificados "em todas as categorias terapêuticas", desde remédios contra o câncer, anticoncepcionais, antibióticos e vacinas.

Os dois mais denunciados na OMS foram remédios contra a malária (286 casos) e antibióticos (244), seguidos de analgésicos (126), produtos que promovem um determinado estilo de vida (124) e remédios contra o câncer (100). A maioria das denúncias chega da África subsaariana (42%) e 21% da América e da Europa.

"Remédios 'subpadrão' ou falsificados não só têm um impacto trágico em pacientes e suas famílias, mas também são uma ameaça para a resistência antimicrobiana", afirmou a diretora-geral adjunta para o Acesso de Remédios, Vacinas e Produtos Farmacêuticos da OMS, a brasileira Mariângela Simão.

De acordo com o relatório da GSMS, 10,5% dos produtos médicos utilizados nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento são remédios abaixo do padrão ou falsificados.

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