Pesquisa da UFMG revela uso indiscriminado de medicamentos psicoestimulantes por estudantes
Ritalina, um dos medicamentos estudados na pesquisa, é um remédio controlado e paciente precisa ter orientação médica.
Por MGTV, Belo Horizonte
12/05/2017 12h42
Pesquisa da UFMG revela uso indiscriminado de medicamento psicoestimulante por estudantes
Uma pesquisa da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostrou o uso indiscriminado e perigoso, por estudantes, de substâncias psicoestimulantes. O remédio desse tipo mais conhecido é a ritalina. Esses medicamentos aumentam a concentração e têm a venda controlada. Sem a orientação de um médico, podem ter efeitos colaterais graves.
Lisdexanfetamina e metilfenidato. Dois psicoestimulantes que melhoram a atenção e a concentração. Por isso, eles podem ajudar muito quem tem baixo rendimento na escola e no trabalho. Só que o uso é controlado – tem horário certo para tomar e um médico precisa calcular a dose.
Pesquisas mostram que estudantes universitários que não têm nenhuma indicação médica para tomar esses estimulantes estão usando esse tipo de medicamento. Eles têm o desejo de ter melhor desempenho, de tirar notas boas.
Na Inglaterra, 35% dos universitários já declararam que usam psicoestimulantes. Na UFMG, a autora da pesquisa e farmacêutica Raíssa Carolina Cândido, também fez uma pesquisa, com 378 alunos – quase 6% admitiram que mesmo não tendo problemas de atenção detectados por médicos, tomam esses comprimidos. “No ambiente acadêmico existe pressão por resultados, metas, desejo de sair à frente, se dar melhor na concorrência”, disse Raíssa.
“A utilização para neuroaprimoramento é um doping e todo doping tem um preço”, falou o orientador da pesquisa, Edson Perini.
O psiquiatra José Belizário explica a diferença: para crianças, adolescentes, que têm déficit de atenção, os psicoestimulantes podem ser muito eficientes – porque a família e um médico controlam o uso. Mas quando um jovem usa por conta própria, em época de prova, está correndo muito risco. Pior ainda se o remédio for tomadopra ficar acordado e estudar por mais tempo.
“Funciona muito bem, desde que use corretamente. Uma criança tem menos efeitos com dose certa do que adultos. O uso correto é muito importante nesse grupo, mas fazem uso de forma abusiva, em horários equivocados. Durante a noite, a memória fica pior, guarda menos, exposto a depressão, ansiedade, pânico e mais grave, risco de suicídio”, disse Belizário.
Ele aconselha que se a pessoa não tenha déficit de atenção diagnosticado, o melhor caminho para melhorar o desempenho na escola e no trabalho, é dormir antes das dez da noite e fazer exercício físico com regularidade. O efeito do psicoestimulante para essas pessoas pode ser uma ilusão. “Em vez da pessoa se organizar, vai usar o remédio. E não é que ele aprende mais, ele foca mais, ele não aumenta capacidade cognitiva”, afirmou o psiquiatra.
O laboratório fabricante da ritalina foi procurado para comentar a pesquisa. A empresa afirmou que apenas produz o medicamento e não tem responsabilidade sobre a forma como ele é consumido.
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