Pneumonia poderá ser tratada com vacina em vez de antibióticos
Redação do Diário da Saúde
Essa descoberta promete mudar completamente a abordagem terapêutica para a pneumonia.
Pneumonia bacteriana
Por mais que a pneumonia incomode a humanidade há tanto tempo, a verdade é que a ciência ainda não tem totalmente claro como essa doença respiratória se desenvolve.
Por isso, até hoje a infecção é tratada com antibióticos. Por exemplo, sabe-se que as bactérias Mycoplasma são uma das causas mais comuns de pneumonia bacteriana em crianças.
Mas esta não parece ser a história completa.
Pesquisadores da Universidade de Zurique (Suíça) acabam de descobrir que existem células imunológicas específicas – as chamadas células B – que são cruciais para que um paciente se recupere da infecção. Diferentemente da hipótese mais aceita pelos cientistas até agora, de que o tratamento consiste em destruir as bactérias por meio de antibióticos, o que ocorre é que são os anticorpos produzidos por essas células B que eliminam o micoplasma nos pulmões – basta ver que as bactérias persistem no trato respiratório superior, onde esses anticorpos não atuam, afirmam Patrick Meyer Sauteur e seus colegas.
"Este dado é a primeira prova de que a resposta de anticorpos é crucial para limpar as infecções pulmonares causadas pelo micoplasma," afirmou o pesquisador.
Vacina para pneumonia
Essa descoberta promete mudar completamente a abordagem terapêutica para a pneumonia.
Se a infecção é combatida e debelada por células imunes do próprio corpo, pode ser possível desenvolver vacinas específicas que provoquem respostas de anticorpos para proteger da infecção tão logo as bactérias apareçam.
"Nosso trabalho abre o caminho para o desenvolvimento de vacinas contra o micoplasma. Os grupos-alvo para tais vacinas incluirão crianças pequenas sem alternativas de tratamento como resultado da resistência emergente a antibióticos contra o micoplasma em certos países," disse Sauteur.
Sistema imunológico contra bactérias
A equipe suíça cultivou a bactéria micoplasma com um corante fluorescente, o que permitiu, pela primeira vez, acompanhar visualmente o patógeno no pulmão e no trato respiratório superior durante uma infecção.
O que se verificou é que há diferenças significativas entre o pulmão e o trato respiratório superior na resposta imune após a infecção. Os anticorpos IgM e IgG apareceram em número significativamente maior no pulmão, onde há ainda um aumento e ativação das células B em linfonodos locais – por isso os patógenos puderam ser eliminados dentro de algumas semanas.
Por outro lado, no trato respiratório superior o que se detectou foram os anticorpos IgA, que não ativaram as células B, o que resultou na persistência observada da infecção bacteriana neste local.
Experimentos realizados com camundongos geneticamente modificados para não apresentarem as células B comprovaram que, quando esses animais recebiam uma injeção dessas células imunes, a bactéria era efetivamente eliminada do pulmão, mas não do trato respiratório superior.
A equipe agora pretende iniciar os primeiros experimentos para o desenvolvimento de uma vacina contra a pneumonia.
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