População sofre com falta de médicos e remédios em Centros de Saúde na capital

08/08/2017 18h37
Por Bruna Aidar

Edição 2195

Jornal Opção visitou duas unidades, no São Judas Tadeus e no Parque Atheneu, e registrou várias pessoas tentando conseguir atendimento e vacinas sem sucesso

A recepcionista do Centro de Saúde da Família (CSF) do Bairro São Judas Tadeu é categórica ao responder os questionamentos sobre a situação da unidade na tarde desta terça-feira (8/8): não faltam médicos, vacinas ou medicamentos e o atendimento está normalizado. Na porta do centro, no entanto, a população diz outra coisa.

Em alguns minutos, a reportagem viu duas pessoas entrarem e saírem em poucos minutos da unidade, sem conseguir atendimento. A aposentada Silvanei Paiva foi com duas netas para tentar vacinar a mais nova e, pela quarta vez, voltou pra casa frustrada.

“Por duas vezes, não tinha vacina. Na outra, ela estava vacinando uma menina e, como já eram quase quatro horas, não quis atender dizendo que já estava encerrando o horário. E hoje disseram que a prefeitura recolheu a vacina ontem”, contou ela. A recomendação foi pra que ela procurasse o Cais do Guanabara para tentar vacinar a criança, mas só no dia seguinte, já que, lá, a sala de vacinação também fecha às 16 horas.

Ela também reclama da marcação de consultas, que considera muito complicada. Segundo Silvanei, é preciso ir bem cedo à unidade para tentar agendar um horário com o médico, ou seja, a população não pode fazer isso em qualquer momento do dia ou pelo telefone. Depois, é preciso voltar para realizar a consulta propriamente dita.

Com um bebê de colo, Erica Araújo também vem enfrentando este problema. Desde a última semana, ela tenta marcar horário para uma consulta de rotina da filha, mas a resposta é sempre a mesma: não há médicos.

Em outro ponto da cidade, no Parque Atheneu, a mesma situação. No PSF do bairro falta médicos e vários medicamentos e, como no São Judas Tadeu, o atendimento com um clínico geral – não há especialistas – é feito apenas com hora marcada.

A dona de casa Rayanne Oliveira buscava uma consulta para conseguir receita para comprar remédio controlado para a mãe, que está em tratamento de depressão. A orientação dos atendentes foi para que ela procurasse marcar pelo 0800 da prefeitura o que, conta ela, não é um processo simples.

“É complicado e demora para atender, precisei de um alergista para minha filha, por exemplo, e não consegui. Agora, tem que tentar pra ver se consegue marcar o da minha mãe. Então vamos de unidade em unidade para conseguir a receita”, declarou.

A jovem, aliás, já tem como estratégia buscar o medicamento antes que ele acabe porque, garante, é sempre a mesma coisa. “Não sei se tem quatro ou cinco meses que trocou de médico e ele já saiu de novo.”

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