Preço dos alimentos completa quatro meses de queda e segura a inflação

por Marcelo Loureiro
06/09/2017 10:10

O IPCA de agosto ficou em 0,19%, bem abaixo da estimativa, que girava em torno de 0,35%. A boa notícia foi garantida pela deflação dos alimentos, grupo que registra taxas negativas há quatro meses. No acumulado em um ano, a inflação caiu de novo e agora marca 2,46%, mais distante do piso da meta de 3%. Esse desempenho pode influenciar o tom do comunicado que o BC divulgará nesta quarta-feira, ao anunciar o esperado corte de um ponto percentual na Selic.

A taxa do grupo Alimentação e Bebidas ficou em -1,07%. A queda anulou completamente a alta dos combustíveis. O recuo nos preços é notado principalmente na alimentação dentro de casa. Como os gastos com comida são parte relevante das despesas das famílias, o efeito na atividade é direto. Sobra mais dinheiro no bolso do consumidor, que gasta mais em outros tipos de produtos. Inflação baixa ajuda no crescimento da economia.

A previsão é que o IPCA de setembro ficará em torno de 0,10%, conta o professor Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio. O preço da gasolina continua subindo neste mês, mas os alimentos devem ajudar de novo. Pela cotação no atacado, a tendência é de novo resultado surpreendente.

Confirmada a expectativa, o acumulado em um ano continuaria na casa dos 2,40%. Isso pode influenciar o comportamento do Banco Central. Se o IPCA terminar 2017 abaixo do piso, o BC terá que se justificar ao ministro da Fazenda e explicar o que será feito para cumprir a meta. Por isso as projeções para os juros ao final do ano continuam caindo. Já há investidores estimando a Selic abaixo de 7%; a taxa atualmente está em 9,25%.

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