Produtores de cacau querem polo capixaba de chocolate
Proposta do setor é aumentar a qualidade do produto para ganhar mercado. Acal prevê criação de polo de chocolate no estado em 10 anos.
Por Patrik Camporez, A Gazeta
15/09/2017 10h03
Depois de ter passado por altos e baixos na última década, a atividade de produção de cacau no Espírito Santo busca se reinventar. A proposta do setor é aumentar a qualidade do produto para, num futuro próximo, fugir dos atravessadores e ganhar o mercado externo. A Associação dos Cacauicultores de Linhares (Acal), estima que em 10 anos sejá possível criar um polo turístico de chocolate no estado.
Atualmente, menos de 5% do cacau capixaba é processado em terras capixabas, ou seja, as amêndoas saem daqui para virar pasta de chocolate em outros estados, como a Bahia e São Paulo.
“O produtor sempre foi o elo fraco da cadeira. Sabe produzir bem, mas não sabe comercializar bem. Queremos mudar isso. A mudança ocorre melhorando a qualidade e abrindo caminho no exterior”, avaliou o presidente da Associação dos Cacauicultores de Linhares (Acal), Maurício Buffon.
No município do Norte do estado, encontra-se um dos melhores cacaueiros da América Latina. Tanto que as fazendas São José e Ceará, localizadas às margens do Rio Doce, garantiram o segundo lugar no Salão do Chocolate em Paris, a maior vitrine gastronômica da linha gourmet.
No entanto, cerca de 40 municípios capixabas já estão produzindo cacau, sendo que Linhares, o maior produtor estadual abriga sozinho 600 propriedades. No município, alguns agricultores já produzem o próprio chocolate, e tem buscado divulgar seus produtos em feiras nacionais e internacionais.
“O cenário é promissor. Se o clima se normalizar, a gente muda a história do cacau aqui no estado, atingindo um volume de até 8 mil toneladas por ano até 2020”, frisou Buffon.
Plano
Para fugir da dependência dos atravessadores e das multinacionais do chocolate, o setor traçou um plano que se divide em três etapas. O primeiro passo é oferecer capacitação aos produtores, alinhar os arranjos produtivos e criar uma identidade para o cacau capixaba.
Num segundo momento, a aposta será na verticalização da produção, que vai possibilitar que as amêndoas sejam transformadas em massa de chocolate sem precisar sair do estado.
“De R$ 10 o quilo, o preço vai passar para R$ 50 com esse processo. Aí vamos estimular os produtores a usar parte do cacau na produção de chocolate. Na medida que a propriedade ganha musculatura, monta-se a produção de chocolate”, explicou Buffon.
Para facilitar o trabalho dos pequenos produtores, a Acal briga pela construção de uma unidade coletiva de processamento. O local vai servir para transformar as amêndoas em massa de cacau. Dados esses dois primeiros passos, a associação estima que em dez anos será possível criar um polo turístico de chocolate no estado.
"Já temos a Indicação Geográfica (um selo que certifica a origem do produto). É uma ‘Ferrari’ que a gente tem guardada, mas nunca usou”, completa Buffon.
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