Produtores investem em reserva alimentar

Métodos como a silagem e o feno são alguns dos investimentos para garantir a produção no segundo semestre

Iguatu. Diante do quadro de escassez de chuvas e dificuldades para alimentar o rebanho no segundo semestre, os criadores, no sertão cearense, passaram a investir em reserva alimentar. Existe a necessidade de se criar estratégias e adotar alternativas já conhecidas e viáveis: a produção de feno e de silagem. A partir do incentivo de empresas privadas e de instituições públicas como a Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) houve um crescimento significativo nos últimos anos de produção de silagem. O feno ainda ocupa pouco espaço e é uma novidade na região Centro-Sul.

Capim de diversas variedades irrigado ou nativo, milho e sorgo forrageiro são as principais culturas utilizadas na fenação e silagem, no Centro-Sul do Ceará. Recentemente, foi realizado um dia especial de campo na Fazenda Cedrinho, zona rural de Iguatu, para demonstração de silagem de pasto nativo a um grupo de produtores de gado leiteiro e técnicos do setor agropecuário.

Participaram do evento dezenas de técnicos e produtores rurais de vários municípios da região. A iniciativa foi da empresa de laticínios Betânia, líder no mercado de leite longa vida no Nordeste. O consultor Zuza Oliveira, da Betânia, destacou a importância da reserva alimentar. "Não podemos viver presos ao passado. Temos de nos organizar, produzir alimento agora, de qualidade, para ser dado ao rebanho no período de estiagem".

A Fazenda Cedrinho tornou-se uma ampla sala de aula. Durante o dia de campo, foram repassadas instruções técnicas sobre silagem de pasto nativo para a pecuária de leite. "Esperamos sensibilizar os criadores a incluírem esta prática nas atividades rurais durante o inverno, aproveitando o máximo possível o pasto nativo, verde, para fazer silagem a baixo custo para o segundo semestre", reforçou o diretor técnico da Ematerce, Itamar Lemos. "Depois de seco, ocorrem perdas significativas em qualidade e quantidade".

A silagem é o alimento conservado para os animais. São plantas fermentadas e armazenadas em silos, em um processo conhecido por ensilagem. Quando bem feito, o valor nutritivo é semelhante ao da forragem verde.

O evento contou com o apoio da Secretaria de Agricultura e Pecuária de Iguatu, do campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) em Limoeiro do Norte, das empresas Nutron e Matsuda, da Unidade de Pecuária Iguatuense (Upeci) e das Fazendas Cedrinho e Floresta.

Com cinco unidades industriais no Ceará, Pernambuco, Paraíba e Sergipe, a Betânia tem auxiliado no desenvolvimento dessas regiões, mobilizando 3,5 mil fazendeiros em cerca de 300 municípios, que produzem mais de 600 mil litros de leite por dia, além de contar com 1.800 funcionários diretos e mais de 20 mil estabelecimentos comerciais.

Incentivo

O gerente regional da Ematerce, em Iguatu, Joaquim Virgulino Neto, disse que, nos últimos dez anos, houve uma tomada de consciência entre os criadores da necessidade de armazenar alimento para o gado. "Aprendemos com a seca, mediante a necessidade", disse. "Quem percorre as fazendas de gado leiteiro já observa que há muitos silos".

No sítio Baixas, em Orós, José Enéas Pedro aproveitou a safra de sorgo forrageiro e fez a silagem com a cultura verde. "Ainda tenho um pouco de silagem do ano passado. Se a gente não guardar o alimento, o gado vai passar fome no verão e fica inviável comprar ração, soja e o volumoso (capim) de irrigação".

Enéas Pedro mantém um rebanho de 111 cabeças de gado e produz cerca de 90 litros de leite por dia. O veterinário da Ematerce Mauro Nogueira disse que os criadores já têm consciência da necessidade de manter reserva alimentar de qualidade. "A Ematerce incentiva a silagem", disse. "Essa é uma boa alternativa para a manutenção do rebanho no Interior, principalmente nesse período que se sucede de chuvas irregulares, abaixo da média".

Novidade

No ano passado, produtores rurais começaram a produzir feno a partir do plantio de capim irrigado no sertão cearense. O processo vem despertando a atenção dos agropecuaristas. Nos últimos dez anos, os criadores dedicaram-se a armazenar forragem em silos de superfície e de trincheiras. Poucos produzem feno.

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