Sem atendimento psiquiátrico, crianças ficam sem remédios em Ferraz de Vasconcelos
Médico pediu exoneração em maio deste ano e desde então, dezenas de pacientes estão sem acompanhamento psiquiátrico e acesso à medicações.
Por Diário TV
26/06/2017 19h09
Crianças estão sem tratamento psiquiátrico em Ferraz de Vasconcelos, dizem pais
Em Ferraz de Vasconcelos, a situação é difícil para as famílias que precisam de atendimento psiquiátrico para as crianças. Desde que o médico do ambulatório de saúde mental pediu exoneração, em maio, quem estava em tratamento e não pode pagar uma consulta particular, ficou até sem remédios, já que não dá para comprar sem a receita médica.
A aflição dos pais é grande porque a cada dia que as crianças passam sem os medicamentos, o progresso conquistado com sacrifício vai ficando pra trás. No mês passado, o Diário TV mostrou o caso da Yasmin, que é hiperativa e tem dificuldade de atenção. Ela passava por consultas no Ambulatório de Saúde Mental, na Vila Santo Antônio, em Ferraz de Vasconcelos, que ficou sem psiquiatra infantil de uma hora para outra.
Sem o profissional para dar uma nova receita e com os remédios da filha acabando, Andressa da Silva Rodrigues, mãe da Yasmin, estava sem saber o que fazer. “Eu procurei três vezes a Secretaria de Saúde, o secretário não recebe a gente e no Pronto-Socorro não querem atender porque estão sem o prontuário médico que fala do problema dela”, disse.
O que ela tinha medo, aconteceu. Todas as caixas de remédio estão vazias. “Ela está agressiva, tanto em casa quanto com as demais crianças na escola. Não consegue fazer lição. Tem dor de cabeça, nauseas, dores de cabeça”
O suco de maracujá nem sempre funciona para acalmar a filha nessa fase. Andressa quer a receita médica pra comprar os remédios logo, mas está desanimada desde que fez a última ligação no ambulatório. “O pedido já está na Prefeituras e precisam de autorização e não tem previsão.”
Depois que a primeira reportagem sobre a reclamação das mães de Ferraz de Vasconcelos foi ar no mês passado, a Secretaria Municipal de Saúde informou que o psiquiatra para o atendimento infantil pediu exoneração do cargo.
De lá pra cá, a produção do Diário TV tentou por diversas vezes saber em quanto tempo a vaga do profissional seria preenchida e por que ainda não foi dada nenhuma alternativa para as crianças que passavam por tratamento no ambulatório de saúde mental. Mas a administração municipal não deu as respostas.
Chama atenção o fato de a assessoria de imprensa da Prefeitura até ter agendado uma entrevista com um porta voz nesse mês, que foi desmarcada de última da hora. Depois disso, a produção tentou remarcar outra data, mas a assessoria informou que o porta voz não gravaria mais entrevista.
Vânia Fidalgo é neurologista e neurocirurgiã. Ela explica que remédios não curam casos como o de Yasmin, mas são fundamentais para o bem-estar de pacientes como ela, que sempre vão precisar de acompanhamento psiquiátrico.
Sem o profissional e a possível falta de medicação, tudo o que estava sendo conquistado no tratamento é perdido. “Se a criança estava começando a falar ou ter um contato melhor com o meio, ou estava mais calma para ter melhor atenção, isto é interrompido bruscamente e leva a uma regressão praticamente total. É um tratamento que depende de uma boa sequência para manter o foco da criança, a rotina ”
Para a profissional, um município que não investe na saúde mental de quem precisa pode pagar caro por isso no futuro. “Essas crianças vão crescer, serão totalmente dependentes. Não vão ter os pais a vida inteira e é a obrigação do Estado cuidar de pessoas que não possuem quem cuidar. Provavelmente podem precisar de internações futuras, auxílios, hospitais próprios para atendê-los. Tem que se cuidar na hora certa, porque se torna um ônus maior na sociedade”, explicou a médica.
A Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos mandou uma nota pra redação. Ela diz que enviou para a Secretaria da Administração, um pedido de abertura de processo seletivo para contratação de outro psiquiatra. O pedido ainda está em fase de análise. A nota explica, ainda, que o secretário de Saúde não pôde gravar entrevista por causa de compromissos já agendados.
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