Sindicato de propagandistas pede investigação do MPT

ENTIDADE que representa 1,8 mil profissionais no Estado afirmou que categoria não compactua com práticas agressivas reveladas por ZH

Após a série de reportagens de Zero Hora sobre irregularidades na indústria farmacêutica, o Sindicato dos Propagandistas do Rio Grande do Sul (Sinprovergs) encaminhou, ontem, representação para o Ministério Público do Trabalho (MPT) pedindo a abertura de inquérito “para a punição das empresas e das pessoas envolvidas nos fatos relatados”.

Nesta semana, Zero Hora publicou reportagens mostrando que laboratórios utilizam dados sigilosos das receitas para pressionar médicos, que recebem brindes, amostras grátis e até inscrições em congressos, em troca de prescrições. A reportagem também participou de um curso que descreve ambiente de machismo e pressões para entrar e fazer carreira no setor.

O Sinprovergs, que representa 1,8 mil profissionais no Estado, informou, em nota, que a categoria não compactua com irregularidades e que o trabalho de ZH demonstra “a prática agressiva e antiética de determinadas indústrias farmacêuticas na consecução dos seus objetivos comerciais e, principalmente, demonstra a falta de respeito em relação aos direitos dos trabalhadores à intimidade, à liberdade de credo, ao respeito a sua integridade pessoal”.

– São situações que a gente sabe que ocorrem. Não dá para negar, mas isso é muito pequeno. O representante, quando faz, é porque é pressionado. Faz para preservar o emprego. O propagandista estuda e se prepara muito para visitar o médico e levar informações técnicas e científicas. A escolha (do medicamento) é soberana do médico – afirmou o presidente do Sinprovergs, Silvio Luiz Nassur Ferreira.

Segundo ele, a entidade trabalha “incessantemente” para coibir práticas ilegais no meio, porém, sem êxito: “quando recebemos denúncias contra algumas empresas, estas não atendem os nossos pedidos de esclarecimento e de cessação das condutas ilegais, adotando as estratégias de negar e omitir tais práticas”, explicou o sindicato, também em nota.

Nelson Mussolini, presidente do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas do Estado de São Paulo (Sindusfarma), que representa 95% do mercado de medicamentos no Brasil, afirmou, em nota, que “a atualização profissional é fundamental em qualquer atividade e mais ainda na área médica e farmacêutica”. O texto ainda destaca que, “no caso da prescrição de medicamentos, é o acesso a informações científicas fidedignas que valida, do ponto de vista clínico, a escolha deste ou daquele produto para o tratamento de enfermidades. É nessa perspectiva que devem ser entendidos os contatos dos propagandistas dos laboratórios com médicos e profissionais da saúde”.

CREMERS COGITA ABRIR SINDICÂNCIA

Presidente do Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers), Fernando Matos disse que a categoria vê “uma batalha grande dos laboratórios”, que tentam convencer os médicos a prescreverem seus produtos. Matos afirmou que denúncias podem ser encaminhadas à entidade, que pode abrir sindicância para apurar eventuais desvios na relação entre médicos e propagandistas.

cleidi.pereira@zerohora.com.br
CLEIDI PEREIRA

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