SUS passará a oferecer trastuzumab para câncer de mama metastático
Medicamento é considerado o melhor para casos de metástase e chega ao SUS com um atraso de 17 anos em relação à rede particular
Carolina Samorano
03/08/2017 18:55, atualizado em 03/08/2017 19:56
Médicos e pacientes de câncer de mama metastático acordaram com uma boa notícia nesta quinta-feira (3/8). Foi publicado no Diário Oficial da União a decisão do Ministério da Saúde de oferecer no SUS o trastuzumab como tratamento para mulheres com câncer de mama HER2 positivo metastático. O medicamento, considerado o melhor atualmente, é usado na rede privada desde 1999 e, segundo estudos, pode prolongar, em média, dois anos o tempo de vida dessas pacientes. O governo tem um prazo de seis meses para efetivar a oferta.
“Para se ter uma ideia, a literatura sobre a recomendação desse medicamento já tem duas décadas. Há 17 anos ele é usado na rede particular. Tentamos há muito tempo colocar isso às pacientes do SUS e, depois de três respostas negativas, conseguimos. Ficamos chateados porque gostaríamos que isso tivesse acontecido antes, mas essa é a boa notícia do dia”, comemorou o oncologista Gustavo Fernandes, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
De acordo com o especialista, além dos estudos que comprovam os benefícios do tratamento nos cânceres metastáticos, a Roche, farmacêutica que produz o medicamento, concedeu ao governo um desconto de 80% nas doses para viabilizar a oferta. “Não é uma inverdade dizer que uma parte do problema é também o alto custo da medicação”, comentou. Sem o desconto, um tratamento de seis meses com a droga pode ultrapassar os R$ 60 mil.
Atualmente, o câncer de mama é responsável por cerca de 15 mil mortes no Brasil todos os anos — 20% delas são decorrentes da forma metastática da doença. A primeira paciente a usar o tratamento, ainda em fase experimental, há duas décadas, está viva até hoje.
Desde 2012 o SUS usa o trastuzumab para pacientes com câncer de mama, mas apenas para tratamento adjuvante, ou seja, para evitar a metástase, em vez de tratá-la. A publicação no Diário Oficial da União desta quinta-feira (3) amplia seu uso a pacientes que já apresentam metástase estabelecida.
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