Varejo baiano recua 0,6% em maio

Conjuntura / 13 Julho 2017

O volume de negócios registrado no mês de maio pelo comércio varejista baiano registrou queda de 0,6% na comparação com igual mês do ano de 2016. No varejo nacional as vendas cresceram em 2,4%, em relação à mesma base de comparação. Na análise sazonal, a taxa do comércio varejista no estado baiano registrou variação negativa de 2,1%. Os dados foram apurados pela Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em âmbito nacional, e analisados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).

A conjuntura adversa da atividade econômica ainda continua influenciando o comportamento do setor. Na Bahia, o segmento de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo ditou fortemente o ritmo. Apesar da intensa contribuição positiva exercida pelo segmento de móveis e eletrodomésticos nesse mês em que se comemora o Dia das Mães. De acordo com os dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Índice de Confiança do Comércio (ICOM) recuou 0,5 pontos percentuais, entre abril e maio, após cinco altas consecutivas. Muito provavelmente em função de um agravamento da crise política que resulta numa acirramento das incertezas quanto ao comportamento da economia nos próximos meses.

Por atividade, os dados do comércio varejista do estado da Bahia, quando comparados a maio de 2016, revelam que cinco dos oito segmentos que compõem o Indicador do Volume de Vendas registraram comportamento positivo. Listados pelo grau de magnitude das taxas em ordem decrescente, têm-se: livros, jornais, revistas e papelaria (38,3%), móveis e eletrodomésticos (27,7%); equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (14,4%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (6,9%); tecidos, vestuário e calçados (6,2%). Os segmentos de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-2,9%); combustíveis e lubrificantes (-3,0%); e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-12,9%) apresentaram variações negativas. No que diz respeito aos subgrupos, verifica-se que registraram variação negativa: hipermercados e supermercados (-12,9%). O subgrupo de móveis e eletrodomésticos registraram variação positivas de 9,9% e 34,3%, respectivamente.

Quanto aos segmentos que mais influenciaram o comportamento negativo das vendas na Bahia, por ordem decrescente têm-se, pelo quarto mês consecutivo: hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; e combustíveis e lubrificantes.

Em maio, o comportamento de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, segmento de maior peso para o Indicador de Volume de Vendas do Comércio Varejista foi determinante para a queda nas vendas do setor, contrariando a sua contribuição no cenário nacional que se manteve estável. Na Bahia, o declínio registrado por esse segmento se repete pelo vigésimo quinto mês consecutivo.

Combustíveis e lubrificantes exerceu, na Bahia, o segundo maior peso para a queda verificada nas vendas. Esse comportamento continua sendo atribuído a alguns fatores como o menor ritmo da atividade econômica e à nova política de preços dos combustíveis, adotada em 2017, a qual os consumidores ainda estão se adaptando.

Contrapondo o comportamento registrado por esses segmentos, tem-se o segmento de móveis e eletrodomésticos que exerceu maior contribuição para amenizar o ritmo de queda nas vendas baianas, sendo o subgrupo de eletrodomésticos o de maior destaque. A razão para o desempenho contraditório pode ser atribuída à liberação para o saque nas contas inativas do FGTS, à redução da taxa de juros às pessoas físicas e a recomposição da massa de rendimentos reais habitualmente recebidos.

O comércio varejista ampliado, que inclui o varejo e mais as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, registrou, em maio, crescimento nas vendas de 3,1%, em relação a igual mês do ano anterior. Nos últimos 12 meses, a retração no volume de negócios foi de 7,3%.

O segmento de veículos, motos, partes e peças registrou acréscimo nas vendas (13,5%) em relação a igual mês do ano anterior. Apresentando um recuo de 4,9% nas vendas do segmento nos últimos meses. Em relação ao segmento material de construção, as vendas no mês de maio foram positivas em 2,8%, comparado ao mesmo mês do ano de 2016. O resultado desse mês para ambos segmentos reflete a melhora das expectativas do consumidor com relação à situação financeira das famílias, dado a inflação mais baixa e juros nominais em queda.

Para o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Alencar Burti, "numa visão geral, os dados de maio do varejo brasileieo são bons, mas o cenário é nebuloso. Precisamos aguardar os números dos próximos meses para sabermos se realmente a economia se descolou da política. Diante do cenário atual, em que se assiste ao desenrolar das reformas e ao agravamento da crise político-institucional, não é possível projetar com segurança um futuro econômico".

Para ele, em comparação com maio de 2016, o crescimento de 4,5% do varejo ampliado em maio deste ano "aponta que as quedas da Selic e a liberação do FGTS podem ter estimulado vendas parceladas de produtos de maior valor, mais dependentes de crédito, como veículos, móveis, eletrodomésticos e material de construção". O presidente da ACSP lembra que o varejo também foi beneficiado pelo dia útil a mais em maio de 2017.

Já a variação negativa de 0,7% na passagem de abril para maio de 2017 "pode ser indício de que a confiança do consumidor está sendo afetada pelas incertezas que a turbulência política gera", comenta Burti. O destaque positivo de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,4%) reforça que "são itens de primeira necessidade para o consumidor e, portanto, não têm suas vendas afetadas diretamente pela instabilidade política".

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