Estimativa da empresa fabricante é que teste rápido para HIV entre no mercado ainda este mês no restante do País
Por Folha Web Em 10/06/2017 às 00:45
O primeiro teste de HIV para venda em farmácia foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Assim como os testes de glicose para diabéticos, o produto funciona com a coleta de gotas de sangue. A empresa Orangelife, responsável pela fabricação, estima que ele devará entrar no mercado ainda em junho no Brasil, a um preço entre R$ 40 e R$ 60, com o nome de Action. No entanto, em Roraima, segundo o presidente do Sindicato do Comércio da Indústria Farmacêutica do Estado (Sindifarma), Edimar Lima, não há previsão para comercialização do teste.
O exame detecta a presença do anticorpo do vírus HIV a partir da coleta de gotas de sangue e o resultado demora de 15 a 20 minutos para sair. O teste de HIV vem com um líquido reagente, uma lanceta específica para furar o dedo, um sachê de álcool e um capilar (tubinho para coletar o sangue). O resultado aparece na forma de linhas que indicam se há ou não presença do anticorpo do HIV. A empresa afirma que o produto demonstra 99,9% de sensibilidade e efetividade, mas só poderá indicar a presença do vírus 30 dias depois da situação de exposição.
A novidade pode parecer atrativa para muitos segmentos, mas, para o presidente do Sindifarma, o teste ainda é uma realidade complexa. “Nada foi discutido com as farmácias em Roraima e não recebemos nenhum comunicado da Anvisa. Não há uma previsão para a chegada desse teste no Estado. Eu ainda acho uma situação complicada, porque, psicologicamente, nem todos podem estar preparados para lidar com aquele resultado na hora. Se até para fazer o exame em hospital, já existem alguns critérios e cuidados, imagine para alguém que vá fazer o teste em casa? É algo que me deixa preocupado”, afirmou.
O fundador da Associação Roraimense pela Diversidade Sexual, Sebastião Diniz, pensa diferente. Para ele, o teste rápido é uma evolução, além de evitar possíveis constrangimentos. Em entrevista à Folha, Diniz aconselhou as pessoas a estarem preparadas para realizar o teste quando disponível no mercado.
“O diagnóstico rápido e discreto pode ajudar a aumentar o número de pacientes em tratamento. Essa possibilidade é um avanço e vem para agregar aos métodos e formas de prevenção. Facilita a buscativa de pessoas que estão infectadas e não sabem. É importante que essa pessoa esteja bem consigo mesmo, mantendo o equilíbrio emocional e psicológico. Caso esse resultado seja positivo, procurar imediatamente uma UBS [Unidade básica de Saúde] para dar início ao tratamento”, disse Diniz, acrescentando ainda que a prevenção continua sendo o melhor remédio e que todas as UBS de Boa Vista disponibilizam preservativos.
REGISTRO – A ideia do registro do teste de HIV vinha sendo estudada desde 2015, ano em que a Anvisa havia regulado o registro de produtos para diagnóstico in vitro do HIV. Dois anos se passaram e no mês passado, a Agência divulgou que registrou o primeiro autoteste para detectar exposição ao vírus da Aids que começará a ser vendido em farmácias e drogarias do Brasil.
No momento, segundo Marco Colovatti, presidente da Orangelife, estão sendo feitas as negociações com as redes de farmácias para distribuir o produto. Ele acredita que o produto estará disponível para o consumidor em até 30 dias. O fabricante não tem como informar o preço final ao consumidor, que depende dos intermediários. A fábrica da Orangelife, no estado do Rio de Janeiro, tem capacidade para fabricar 100 mil testes por mês. (C.C)
Neste ano, 128 novos casos de Aids já foram identificados em Roraima
Atualmente, mais de 2,6 mil pessoas fazem acompanhamento no Serviço de Assistência Especializada (SAE), único serviço em Roraima que realiza atendimento integral aos portadores da Aids. No entanto, este quantitativo não significa um total absoluto, visto que, de acordo com Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), “não há como afirmar quantas pessoas vivem com vírus, considerando que muitas podem estar infectadas sem saber”.
De acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan Net), em 2015, 196 novos casos foram identificados no público masculino e 81 no público feminino. Em 2016, foram 281 entre os homens e 81 entre as mulheres. Este ano, o número de novos casos já está em 88 e 40, respectivamente. A faixa etária que lidera o número de novos casos é entre 20 a 29 anos.
Por mês, o SAE realiza cerca de 300 atendimentos, recebendo pessoas de todo o Estado, o que inclui comunidades indígenas, além de países vizinhos, como a Venezuela. No ano passado, foram registrados 37 pacientes venezuelanos na unidade. O local conta com uma equipe formada por médicos infectologistas e clínicos, pediatra, dermatologista, assistentes sociais, psicólogos, enfermeiro, farmacêutico, bioquímicos, técnicos de enfermagem, além de assistentes administrativos e a coordenação geral do Serviço.
Todos os pacientes têm acesso a estes atendimentos, que funcionam de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h, sem intervalo para o almoço. Os medicamentos antirretrovirais são todos fornecidos pelo Governo Federal e distribuídos pela farmácia do SAE, após atendimento médico.
“É muito importante que a população realize o teste de HIV/Aids, que pode ser feito no Centro de Testagem e Aconselhamento [CTA], localizado na Avenida Ville Roy, 215, Centro, ou nos postos de saúde. Ele pode ser feito de forma anônima e é gratuito. Inicialmente é realizado um teste rápido. Se o resultado for positivo, a pessoa faz um teste de confirmação e se for mantido o resultado, é feito encaminhamento imediato para acompanhamento no SAE”, recomendou a Sesau.
Ao ser encaminhado para o SAE, o paciente recebe acompanhamento médico e realiza exames mais aprofundados. Em seguida, passa a ser acompanhado mensalmente, recebendo encaminhamento para outros exames específicos e medicação antirretroviral de acordo com a necessidade. (C.C)