Remédios são comercializados em feiras livres de Fortaleza

Sem receitas e a preços mais baixos, fármacos são vendidos de forma ilícita nos bairros Pici e Canindezinho

01:00 · 31.07.2017 por Vanessa Madeira – Repórter

Espalhados pelos balcões, em meio a óculos de sol, aparelhos eletrônicos e peças de roupa, cartelas de comprimidos e caixas de medicamentos, alguns de uso restrito, são comercializados todos os dias abertamente nas feiras livres de Fortaleza. Sem necessidade de receitas médicas e a preços mais baixos que os encontrados nas farmácias, remédios obtidos de formas ilícitas são repassados aos consumidores por vendedores que atuam sem medo da fiscalização, uma vez que a responsabilidade pelo controle da prática, antiga na Capital, é incerta.

A equipe do Diário do Nordeste percorreu duas feiras de Fortaleza, nos bairros Pici e Canindezinho, para verificar o esquema de comercialização ilegal de medicamentos nesses espaços. Na última citada, foram identificados ao menos seis quiosques que comercializavam de maneira livre fármacos, em sua grande maioria, analgésicos, antitérmicos e anti-inflamatórios.

Nas barracas, os remédios se misturam a produtos de natureza diversa e ficam dispostos diretamente nos balcões ou dentro de caixas, onde são vasculhados e remexidos por qualquer cliente que passe defronte ao local. Muitos vendem o produto em cartelas ou em caixas sem lacre.

Ilegalidade

Um dos vendedores, que preferiu não se identificar, ressalta que os feirantes não costumam vender remédios controlados, do tipo "tarja-preta", e que se limitam a comercializar drogas que "já são conhecidos pela população". No entanto, conforme a Lei federal Nº 5.991/73, a revenda de qualquer tipo de medicamento é privativa de farmácias, necessitando da presença de um farmacêutico. Já o artigo 282 do Código Penal Brasileiro tipifica como crime o exercício ilegal da farmácia, com pena de seis meses a dois anos.

Paciente do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), Emanoela (nome fictício), compra medicamentos com facilidade em várias feiras da Capital. Um dos remédios que adquire é uma medicação antipsicótica com alto nível de restrição. A justificativa para buscar o produto fora das farmácias é o preço. Enquanto nos estabelecimentos formais uma caixa do medicamento custa R$ 380,00, nas feiras a cartela é vendida por R$ 15,00.

A diretora do Conselho Regional de Farmácia do Ceará (CRF-CE), Luciana Irineu, ressalta os perigos da prática para quem faz uso da medicação. "Não se sabe de que forma esses medicamentos estão sendo acondicionados, se estão em temperatura adequada e sem exposição ao sol. Também não se sabe se estão dentro do prazo de validade", afirma.

A fiscalização frouxa permite que a comercialização ilegal, já disseminada, não encontre barreiras para continuar. Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a atuação da Vigilância Sanitária do Município se restringe às farmácias e o controle do comércio de medicamentos em feiras, por se tratar de um crime, é de responsabilidade policial. Já a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) afirmou, em nota, que a competência para a fiscalização é da Vigilância Sanitária e que a Polícia Civil age a partir de denúncias. (Colaborou Fabrício Paiva)

RD Raia Drogasil espera ampliação de margens de lucro nos próximos trimestres

Rede de varejo farmacêutico está implementando uma estratégia de diluição de custos e redução nos alugueis de lojas

SÃO PAULO – A rede de varejo farmacêutico RD Raia Drogasil prevê ampliar margens de lucro nos próximos trimestres conforme vai implementando estratégia de diluição de custos e vê redução na pressão de alugueis de lojas.

Em teleconferência com analistas após resultado do segundo trimestre apresentado na noite da véspera, o presidente da companhia, Marcílio Pousada, afirmou que "temos chance de ficarmos parecido com a margem (Ebitda) do ano passado…no quarto trimestre e daí para frente estamos prontos para diluição de despesa e seguirmos ampliando margem".

Em 2016, a RD Raia Drogasil teve margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 8,4 por cento, crescimento de 0,5 ponto percentual. A companhia encerrou o segundo trimestre com margem Ebitda de 8,9 por cento.

Reuters

Treze estados declaram estar com algum problema relativo ao estoque de medicamentos contra o HIV

Mariana Martins

Oito estados brasileiros declararam estar com problemas no abastecimento de medicamentos para pacientes de HIV/Aids. Desses oito, três estados – Pará, Bahia e Rio Grande do Norte – afirmaram estar com falta de um ou mais medicamentos do coquetel de tratamento.

Outros cinco estados – Paraíba, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Mato Grosso – declararam estar com atraso no recebimento, com estoques reduzidos ou precisando fazer remanejamentos para garantir a distribuição.

O presidente do Conselho Federal de Medicina, Carlos Vital, disse, na semana passada, que, pela primeira vez em 12 anos, está faltando medicamento para o paciente com HIV/Aids e também para outras DSTs.

Sonora: “Faltam medicamentos para as hepatites B, C e até o medicamento contra a aids. Pela primeira vez, depois de 12 anos de uma política bem-sucedida. Falta, nessa gestão, o medicamento para aids.”

O Ministério da Saúde, por nota, nega o problema e afirma que não há nenhuma questão de ordem financeira para a compra desses medicamentos.

Ainda segundo o ministério, cabe aos estados estabelecer um fluxo de distribuição para as unidades de saúde dos municípios que, por sua vez, são responsáveis por abastecer as Unidades Dispensadoras de Medicamentos.

A professora da Universidade de Pernambuco e pesquisadora da Fiocruz no estado, Ana Brito, alerta para os problemas que podem ser causados pela falta dos remédios.

Sonora: “É um medicamento que tem que ser usado cronicamente e diariamente. A interrupção do tratamento causará uma volta da carga viral, que vai fazer com que essas pessoas desenvolvam infecções oportunistas e de reações indesejadas. Isso vai resultar em uma deterioração física do indivíduo.”

Outro efeito indesejável da interrupção do tratamento é o aumento da resistência do vírus, que implica na exigência de medicamentos cada vez mais caros e mais difíceis. Ana Brito alerta ainda para perda de controle da epidemia, visto que o paciente que deixa de tomar o coquetel tem maior chance de transmitir o vírus para outras pessoas.

Segundo o relatório da Unaids, órgão das Nações Unidas para lidar com a epidemia no mundo, os números de casos absolutos de aids no país aumentou em 3% de 2010 a 2016. No mundo, contudo, a tendência foi de queda, visto que houve uma redução de 11% no número de casos da doença.

Antibiótico Benzetacil é suspenso para ‘validação’

Laboratório interrompeu produção da droga para novos testes. Fabricação deve ser retomada em outubro.

Por G1

28/07/2017 11h56

O antibiótico conhecido como Benzetacil terá sua produção interrompida pela Eurofarma, empresa que detém o nome comercial da droga. A indústria informou que está “implantando testes de desafios adicionais de validação”, mas não especificou o porquê da validação do composto ser necessária.

G1 aguarda um retorno da empresa. A Eurofarma informou, no entanto, que os produtos à venda podem ser consumidos normalmente até a data de validade da embalagem.

A Benzetacil é aplicada por meio de injeção e é conhecida por ter uma dor local característica. O composto também pode ser comprado por seu princípio ativo, a penicilina benzatina.

A droga é usada pra o tratamento de infecções – que vão desde problemas moderados, como respiratórios, a DSTs como a sífilis. No Brasil, uma crise de abastecimento do composto já preocupou especialistas.

A reportagem também aguarda um retorno da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) sobre a suspensão.

Movimento luta para baratear tratamento de Hepatite C no Brasil

por Daniel Brunet
27/07/2017 09:15

O Fórum Social para Enfrentamento de Doenças Infecciosas e Negligenciadas está lançando campanha pela redução do preço do tratamento mínimo de Hepatite C, que hoje custa uns US$ 6 mil para o SUS. O movimento pede que o valor caia para menos de US$ 300. Amanhã, às 16h, será realizado um evento, na Cinelândia, para chamar atenção para a causa.

Segundo os organizadores do movimento, "por conta do alto preço do tratamento, apesar de o Brasil já usar a última geração de medicamentos, o SUS só tratou 60 mil pessoas". E, hoja, há um universo de 1,6 milhões de prováveis infectados.

Para a turma, o caminho para se conseguir a universalização do tratamento é a não aceitação da patente que a multinacional tentaregistrar aqui, no INPI.

No ato de amanhã, que terá participação da Orquestra Villa-Lobinhos, haverá panfletagem e o prédio do Centro Cultural da Justiça Federal será iluminado de amarelo (assim como o da Fiocruz). Amanhã, como se sabe, é Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais.

Biomarcadores mostram novas terapias para mal de Alzheimer

Técnica monitora progressão da doença e auxilia diagnósticos

por O Globo
29/07/2017 4:30

RIO — Um estudo da Universidade Estadual de Ohio identificou uma nova maneira potencial de diagnosticar o mal de Alzheimer e elaborar um atendimento personalizado aos pacientes. A equipe de pesquisadores descobriu biomarcadores que contribuiriam para a identificação de mudanças nas proteínas encontradas no fluido espinhal e no sangue dos doentes. À medida que a gravidade do Alzheimer aumentou, as proteínas tornaram-se mais longas, rígidas e agrupadas.

Depois de encontrar estes sinais, que dariam pistas sobre a presença da enfermidade, os cientistas inseriram informações sobre os biomarcadores e outros fatores — incluindo as avaliações cognitivas de pacientes — em um algoritmo projetado para avaliar a gravidade da doença.

IDENTIFICAÇÃO DE MUDANÇAS

Os pesquisadores descobriram que a equação poderia mostrar os estágios da doença e sua progressão.

— Com esta ferramenta, conseguiríamos prever o ritmo assumido pela doença no organismo, o que atualmente não é possível. Só sabemos que cada caso é diferente — disse Mingjun Zhang, professor de engenharia biomédica em Ohio e autor principal do estudo, publicado na revista “Science Advances”. — Ao observar os múltiplos indicadores da doença, aumentamos nossa confiança em traçar um diagnóstico e os prognósticos.

O levantamento foi realizado a partir da análise de um banco de dados de informações médicas — além de amostras de fluido espinhal e sangue — de pacientes vistos pelo coautor do estudo, Douglas Scharre, professor de neurologia clínica e psiquiatria de Ohio.

De acordo com Scharre, as ferramentas experimentais ainda não estão prontas para uso clínico, mas podem auxiliar de diversas maneiras a melhorar os tratamentos já disponíveis:

— Com esses biomarcadores, observamos facilmente as mudanças entre o envelhecimento normal e os diferentes estágios do mal de Alzheimer.

Hoje, os medicamentos disponíveis tratam apenas de sintomas da doença e funcionam melhor com um diagnóstico precoce. As ferramentas de diagnóstico aprimoradas podem ajudar os médicos a identificar mais rapidamente quais pacientes sofrem com a enfermidade e quais estão sofrendo declínio cognitivo por outros motivos.

Os exames realizados pela equipe de Zhang indicam que as novas ferramentas funcionariam melhor se fossem aplicadas nos estágios iniciais da doença.

A expectativa é que os biomarcadores e algoritmos acelerem a descoberta de novos tratamentos que melhorem as perspectivas dos pacientes que estão em estágios posteriores do mal de Alzheimer. Segundo Scharre, a presença de um biomarcador facilmente observável, e que muda rapidamente ao longo do tempo, seria uma ferramenta poderosa para monitorar o impacto dos tratamentos experimentais.

— Seria muito útil ter um biomarcador que mostrasse em três meses, ou mesmo em três semanas, que uma droga não está diminuindo a doença — considera Scharre. — Isso nos ajudaria a não perder tempo e a procurar tratamentos melhores.

Zhang pondera que os médicos já tentam coletar uma série de dados sobre pacientes com mal de Alzheimer. Desta forma, tentam estimar o estágio da doença e prever a rapidez com que ela se moverá.

— Usamos os métodos que eles desenvolveram e convertemos em um modelo computacional com diferentes pesos para diferentes fatores — revela Zhang. — Estamos usando técnicas de engenharia para analisar o processo dinâmico assumido por uma doença humana.

A identificação de mudanças físicas nas proteínas é uma área que desperta o interesse dos cientistas que procuram biomarcadores de doenças. Os autores do levantamento sublinham que ainda é cedo para estimar o custo dessas ferramentas, caso elas fossem aplicadas rotineiramente. O uso de um exame de sangue — em vez de outro que dependa de fluido espinhal — seria fundamental para minimizar os riscos.

Coautor do estudo e professor de química e farmacologia, Jeff Kuret destaca que esse tipo de teste é especialmente promissor para o mal de Alzheimer porque trata-se de uma doença de movimentação relativamente baixa. Outro objetivo é que ele não seja “tão caro”:

— Ser capaz de acompanhar pacientes individuais em todos os estágios da progressão de Alzheimer seria incrivelmente útil — ressalta.

Remédios para sintomas de infecção urinária, como Cystex e Pyridium, oferecem riscos?

Os analgésicos são usados para aliviar dores e desconfortos causados pela cistite. Se usados sem orientação, podem agravar essa e outras infecções
RAFAEL CISCATI
28/07/2017 – 11h19 – Atualizado 28/07/2017 11h56

A dúvida

É verdade que medicamentos para infecção urinária, tipo Cystex e Pyridium, podem piorar a infecção?
Lúcia Assis, de Campo Largo, PR

As infecções do trato urinário – no plural, porque podem afetar a uretra, a bexiga, caso da cistite, ou, em alguns casos, até os rins – estão entre os problemas de saúde mais comuns entre as mulheres. Estima-se que 50% delas vão enfrentá-las ao menos uma vez na vida. E que, dessas, 25% terão infecções recorrentes, mais de três vezes ao ano. “Mas elas não são nenhum bicho de sete cabeças”, diz Jorge Haddad, chefe do setor de uroginecologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).

As diretrizes da Associação Médica Brasileira (AMB) recomendam que o tratamento desses problemas seja feito com antibiótico, receitado pelo médico. É ele que vai solucionar a infecção, combatendo a bactéria invasora – geralmente, a E. coli, um microrganismo que habita o intestino humano, mas que é prejudicial em outros contextos.  É comum também os médicos receitarem analgésicos para o trato urinário. Eles amenizam os sintomas típicos dessas infecções – como ardor ao urinar, o desejo constante de ir ao banheiro e as dores abdominais.  E são usados junto com o antibiótico por tempo limitado. A recomendação é de que não sejam consumidos por mais que dois dias.

Os analgésicos para trato urinário mais comuns são os compostos baseados em metenamina e fenazopiridina – os princípios ativos que compõem o Cystex e o Pyridium, respectivamente, os remédios de que a Lúcia falou. Apesar de largamente utilizados, eles não têm função na cura da doença: “Apenas aliviam os sintomas”, diz Haddad. “Depois de 48 horas, quando os antibióticos começam a fazer efeito, deixam de ser necessários.”

A metenamina e a fenazopiridina acompanham o tratamento das infecções urinárias desde a primeira metade do século XX. A fenazopiridina chegou ao mercado em 1914, antes da descoberta dos antibióticos. E por muito tempo pensou-se que era capaz de resolver, sozinha, o problema. A comunidade científica começou a duvidar dessa capacidade por volta da década de 1930 – mas poucos trabalhos foram feitos para analisar a ação da fenazopiridina no organismo humano. Um dos primeiros estudos a questionar a eficiência do composto foi feito em 1975, por pesquisadores da Universidade de Dusseldorf, na Alemanha. Os cientistas recrutaram 392 pacientes – homens e mulheres – que sofriam com infecções urinárias. Ministraram um tratamento com fenazopiridina a 193 deles. Aos outros 199, deram um antibiótico – o flavoxato. O antibiótico se provou mais eficiente.

No caso da metenamina, há sinais de que além de funcionar como analgésico, ela também é eficaz quando usada em terapias destinadas a prevenir a infecção urinária recorrente. A conclusão é de um time do Hospital Príncipe de Gales, na Austrália. Em 2012, os pesquisadores analisaram 13 estudos a respeito desse uso específico da substância. Eles, no entanto, fazem algumas ressalvas – individualmente, os estudos envolviam número pequeno de participantes, o que pode ter comprometido a qualidade dos resultados [Continua depois da imagem].

De todo jeito, nenhum desses dois compostos se mostrou eficaz para o tratamento das infecções urinárias. Nem todos os pacientes sabem disso. Nos Estados Unidos, uma pesquisa da Universidade da Califórnia em San Diego e em Los Angeles entrevistou 434 mulheres que haviam adquirido fenazopiridina entre 2000 e 2001. O objetivo era avaliar o conhecimento dessas pessoas acerca da droga. Quase metade delas (47%) disse achar que a substância tinha propriedades bactericidas, e que podia curar. Esse equívoco é um problema de saúde em potencial. 

No Brasil, nos Estados Unidos e em outras partes do mundo, essas duas drogas podem ser adquiridas sem receita médica. Quando compra a droga por conta própria, e sente os sintomas amenizar, há quem postergue a visita ao médico: “A pessoa pensa que o problema foi resolvido”, diz Haddad. Não foi – e a demora pode fazer com que se agrave. O mais comum é que a infecção urinária afete a uretra e a bexiga. Se há demora no tratamento, diz Haddad, aumentam as chances de os rins serem afetados: “É um quadro mais grave”.

E o que eu faço?

Essas duas drogas são recomendadas apenas como acompanhamento ao tratamento com antibióticos, porque aliviam as dores associadas às infecções urinárias.  Elas disfarçam os sintomas, mas não tratam as causas da infecção. Por isso, há um risco importante de ela se agravar se um médico não for consultado para fazer o diagnóstico correto e prescrever o medicamento mais adequado para combatê-la. 

Pesquisadores estudam vacina contra a chikungunya

Médicos que participaram da última edição de 2017 do O POVO Quer Saber tiraram dúvidas sobre a chikungunya e dialogaram sobre a vacina

01:30 | 29/07/2017

Estudos são realizados para a elaboração da vacina contra a chikungunya. A pesquisa, do Instituto Americano de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid, na sigla em inglês), estuda em Iowa, Geórgia e Texas a virose transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. A doença foi, na manhã de ontem, tema do último programa da série 2017 do O POVO Quer Saber.

Conhecida temporariamente como MV-ChickV, a vacina teve a primeira fase elaborada na Áustria e foi considerada segura e realmente imunogênica (induz resposta imunológica). Diretor do Niaid, Anthony Fauci destacou à revista médica Jama que a vacina pode trazer “benefício à população de pelo menos 60 países onde a transmissão de chikungunya ocorreu, assim como aos que viajam a esses países”.

Agora, o órgão financia a fase dois da vacina, usando partículas de proteínas virais no lugar de vírus vivos para induzir a resposta. São envolvidos 180 adultos de 18 a 45 anos, nos Estados Unidos.

A notícia foi compartilhada no programa por Eyorand Andrade, médico reumatologista. Ele esclareceu, a partir de perguntas do público, os mitos populares no tratamento da chikungunya. “Cloreto de magnésio não vai ter ação alguma, nem vitamina B1, suco de inhame ou própolis.

Não há nenhum fundamento científico. O que deve ser feito é combater o processo inflamatório articular de cada caso a partir da análise clínica”.

O vírus provoca intensas reações inflamatórias, principalmente nas articulações. O repouso e a manutenção de dieta saudável foram destacados por Anastácio Queiroz, infectologista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC). “O apelo a diversas terapias mostra a dificuldade de tratamento. O uso desses remédios pode ter efeitos colaterais”, advertiu.

Casos

No Ceará, são 64.236 casos e 51 óbitos confirmados, até ontem, de chikungunya. “Tem cidades no Interior onde pelo menos a metade adoeceu. A epidemia é de difícil controle e temos que combater o agente, o mosquito. A impressão que passa é que a doença não vai embora, com casos de até três anos de sintomas. Mas é verdade que obesos, hipertensos e idosos sofrem mais”, indicou Anastácio Queiroz.

Além de explicar o processo de evolução da doença e abordar o senso comum envolvido, foi aprofundada a discussão sobre as manifestações da febre, por vezes incomum. Mais da metade dos recém-nascidos pode ser infectada pela chikungunya caso a mãe a contraia perto do parto, mesmo que o vírus não seja transmitido pelo leite materno. “O bebê, então, pode ter quadro grave após o quarto dia de vida”, alertaram os médicos.

LUCAS BRAGA

‘Ciência psicodélica’ ganha espaço

Pesquisadores investigam como drogas ajudam a tratar dependência química e problemas psiquiátricos; experimentos crescem no País

Fábio de Castro, O Estado de S.Paulo

30 Julho 2017 | 05h00

SÃO PAULO – Associadas até hoje à contracultura da década de 1960, as drogas psicodélicas cada vez mais ganham espaço nos laboratórios de pesquisas. Diversos grupos de cientistas em todo o mundo têm feito estudos e experimentos com essas substâncias a fim de desenvolver terapias para dependência química e problemas psiquiátricos. Segundo especialistas ouvidos pelo Estado, nunca houve tanto interesse no que eles chamam de “ciência psicodélica”.

O neurocientista Dráulio Araújo, do Instituto do Cérebro, ligado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), coordena um estudo sobre a ayahuasca (bebida produzida com base em plantas e cipós), voltado para o tratamento de depressão. O interesse científico na área, diz, não para de crescer. Ele menciona, como indicador, o último congresso da Associação Multidisciplinar de Estudos Psicodélicos (Maps, na sigla em inglês) – ONG americana pioneira em pesquisas na área. “O congresso anterior reuniu 800 pessoas, há quatro anos. A última edição, em abril, atraiu 3,2 mil, de 40 países.”

Além do grupo da UFRN, há estudos sobre substâncias psicodélicas em instituições como a Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universidade de Brasília (UnB).

Segundo Araújo, a evolução da ciência psicodélica foi contida, por muitos anos, pela proibição e estigmatização de grande parte dessas substâncias. “Apesar dos preconceitos, alguns grupos de pesquisa têm conseguido quebrar barreiras e fazer pesquisas com bons resultados. A ciência brasileira tem uma participação muito importante nesse movimento”, diz Araújo.

Os estudos em estágio mais avançado estão sendo realizados pelo Maps, que usará o MDMA (metilenodioximetanfetamina, o princípio ativo do ecstasy, uma droga sintética), para o tratamento de estresse pós-traumático.

Os primeiros testes foram nos Estados Unidos, Canadá e Suíça. Mais de cem pacientes fizeram psicoterapia semanal por cerca de quatro meses, recebendo MDMA em até três das sessões. Após o processo, dois terços superaram o trauma. A última fase dos ensaios clínicos, que inclui testes no Brasil, já está sendo preparada. Se os resultados forem bons, o pedido de aprovação da primeira terapia psicodélica será feito às agências regulatórias em 2021.

“Pessoas com estresse pós-traumático têm extrema dificuldade para falar sobre o trauma, o que bloqueia avanços da psicoterapia. O MDMA ajuda o paciente a construir empatia com o terapeuta, enquanto a sensação de bem-estar causada pela substância permite que ele suporte a lembrança do trauma. Com isso, a terapia tem ótimos resultados”, disse ao Estado o psiquiatra britânico, Ben Sessa, do Imperial College London, cujo grupo trabalha em colaboração com os americanos.

Considerado um dos principais nomes da ciência psicodélica no Reino Unido, Sessa anunciou no início de julho a preparação dos primeiros testes clínicos do mundo para o uso de MDMA no tratamento de alcoolismo severo. “O MDMA mostrou ótimos resultados contra o estresse pós-traumático e muitos dos meus pacientes alcoólicos sofreram, no passado, traumas que têm ligação com a dependência”, afirmou o britânico.

“Depois de cem anos de psiquiatria moderna, temos tratamentos muito pobres para alcoolismo. As chances de recaída dessas pessoas são de 90%. Precisamos urgentemente de novas terapias”, acrescentou.

Mente aberta. O psiquiatra Dartiu Xavier, da Unifesp, faz pesquisas com cannabis (princípio ativo da maconha) e ayahuasca. Ele afirma que, apesar dos efeitos diversos, o ponto comum entre todas as drogas psicodélicas é a alteração do estado de consciência.

“O estado de consciência induzido por essas drogas dá ao psiquiatra e ao próprio paciente um acesso à mente que normalmente não é alcançado”, explica Xavier. “Isso permite que o terapeuta observe coisas que antes ficariam ocultas.”

Jarbas Barbosa fala sobre SNCM à Comissão Tripartite

O diretor-presidente da Anvisa apresentou um histórico da legislação/regulamentação que veio a originar a RDC n° 157/2013.

Por: Ascom/Anvisa
Publicado: 28/07/2017 11:14
Última Modificação: 28/07/2017 11:27

O diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa, participou nesta quinta (27/7), da 7ª reunião ordinária da Comissão Intergestores Tripartite em 2017, em Brasília. Na ocasião, ele apresentou aos integrantes da CIT, entre eles o ministro da Saúde, Ricardo Barros, detalhes sobre o Sistema Nacional de Controle de Medicamentos (SNCM), cuja implantação, coordenação e definição das categorias de medicamentos sujeitos a este sistema são de responsabilidade da Anvisa.

Para a plateia, Jarbas Barbosa colocou um histórico da legislação/regulamentação que veio a originar a RDC nº 157/2013, aprovada em 25 de abril deste ano, e que dispõe sobre a implantação do SNCM e os mecanismos e procedimentos para a rastreabilidade dos medicamentos.

Confira aqui a apresentação, que inclui o cronograma geral do SNCM: fase de regulamentação, fase experimental, avaliação da fase experimental e, finalmente, a fase de implementação.