Treze estados declaram estar com algum problema relativo ao estoque de medicamentos contra o HIV

Mariana Martins

Oito estados brasileiros declararam estar com problemas no abastecimento de medicamentos para pacientes de HIV/Aids. Desses oito, três estados – Pará, Bahia e Rio Grande do Norte – afirmaram estar com falta de um ou mais medicamentos do coquetel de tratamento.

Outros cinco estados – Paraíba, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Mato Grosso – declararam estar com atraso no recebimento, com estoques reduzidos ou precisando fazer remanejamentos para garantir a distribuição.

O presidente do Conselho Federal de Medicina, Carlos Vital, disse, na semana passada, que, pela primeira vez em 12 anos, está faltando medicamento para o paciente com HIV/Aids e também para outras DSTs.

Sonora: “Faltam medicamentos para as hepatites B, C e até o medicamento contra a aids. Pela primeira vez, depois de 12 anos de uma política bem-sucedida. Falta, nessa gestão, o medicamento para aids.”

O Ministério da Saúde, por nota, nega o problema e afirma que não há nenhuma questão de ordem financeira para a compra desses medicamentos.

Ainda segundo o ministério, cabe aos estados estabelecer um fluxo de distribuição para as unidades de saúde dos municípios que, por sua vez, são responsáveis por abastecer as Unidades Dispensadoras de Medicamentos.

A professora da Universidade de Pernambuco e pesquisadora da Fiocruz no estado, Ana Brito, alerta para os problemas que podem ser causados pela falta dos remédios.

Sonora: “É um medicamento que tem que ser usado cronicamente e diariamente. A interrupção do tratamento causará uma volta da carga viral, que vai fazer com que essas pessoas desenvolvam infecções oportunistas e de reações indesejadas. Isso vai resultar em uma deterioração física do indivíduo.”

Outro efeito indesejável da interrupção do tratamento é o aumento da resistência do vírus, que implica na exigência de medicamentos cada vez mais caros e mais difíceis. Ana Brito alerta ainda para perda de controle da epidemia, visto que o paciente que deixa de tomar o coquetel tem maior chance de transmitir o vírus para outras pessoas.

Segundo o relatório da Unaids, órgão das Nações Unidas para lidar com a epidemia no mundo, os números de casos absolutos de aids no país aumentou em 3% de 2010 a 2016. No mundo, contudo, a tendência foi de queda, visto que houve uma redução de 11% no número de casos da doença.

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