Polo Cervejeiro nasce para organizar setor e ampliar cultura da cerveja artesanal na região de Campinas
Estima-se que haja 15 microcervejarias na RMC, e união dos produtores visa fortalecer mercado em expansão.
Por Paula Ribeiro, G1 Campinas e região
01/08/2017 10h00
Ter um canal único de comunicação com o poder público, a iniciativa privada e a imprensa. Este é o principal objetivo do Polo Cervejeiro da Região Metropolitana de Campinas (RMC), formado por 10 microcervejarias e cujo lançamento está previsto para o mês de agosto.
“O mundo das microcervejarias começou a se organizar de cima para baixo. Já temos alguns dados nacionais e estaduais, mas ainda não locais. Por isso, estamos criando o polo, para poder nos organizar. Atualmente o que vemos são iniciativas isoladas em um setor pequeno. A ideia é unificar as informações e o diálogo, além de ajudar quem está sozinho ou pretendendo começar”, explica Samuel Mendonça, presidente do Polo.
Estima-se que na RMC haja 15 cervejarias com plantas, ou seja, com um local fixo para a produção de cerveja. Mas há muitas marcas conhecidas como “ciganas”, que existem, são registradas, pagam impostos, mas produzem sua cerveja na capacidade ociosa das cervejarias maiores.
Há ainda as que não possuem nomenclatura de tão inovadoras: as que compram seus insumos, possuem equipamentos, arrendam cervejarias e produzem e vendem a própria cerveja. Entre essas, as ciganas e as com plantas ainda não se sabe o número exato na RMC.
Para Ladir Almada Neto, sócio-proprietário de uma microcervejaria de Campinas, uma das grandes vantagens do polo é ter um selo que mostra a região onde a cerveja é produzida. “Como a ideia da cerveja artesanal é se manter na sua área, talvez o consumidor se interesse em prezar a sua região na hora de escolher o produto entre outros da prateleira”, afirma.
No Brasil já são 450 as microcervejarias, ou seja, as que produzem cerveja artesanal. Elas representam entre 0,7% e 0,9% do mercado. Os outros 99% estão nas mãos das cervejas industrializadas. Para se ter ideia, nos Estados Unidos, onde a cerveja artesanal já possui uma cultura consolidada, a fatia das micro é de 15%.
No Estado de São Paulo são 64 microcervejarias com ou sem plantas. “Nossa ideia como polo não é ser contra as grandes, mas sim apoiar as pequenas”, ressalta Samuel.
Carga tributária
Uma luta já vencida pela Associação Brasileira das Microcervejarias (Abracerva) é a questão da carga tributária onde as micro poderão, a partir de 2018, declarar seu imposto de renda pelo Simples Nacional, o que deve diminuir para até 40% a carga tributária que hoje chega a 60%. Poderão usar o Simples Nacional, as microcervejarias que faturarem até R$ 4,8 milhões anuais (antes era R$ 3,6 milhões).
A medida deve aquecer ainda mais o mercado, que teve um "boom" nos últimos cinco anos e cresceu 40% em 2016 com a criação de 50 novas plantas de microcervejarias, de acordo com a Abracerva.
Para o consumidor que se animou acreditando que esse benefício possa baratear o preço final do produto, uma má notícia: é bem difícil que isso aconteça. “A cadeia pode absorver esse lucro no meio do caminho ou a própria cervejaria pode optar por não repassar e reinvestir nela mesma. O que faz o preço baixar é o livre comércio e a concorrência”, aponta Samuel.
As 10 microcervejarias envolvidas na criação do Polo Cervejeiro da RMC:
Landel
Nuremberg
Toca da Mangava
CampinasTabuas
DaoravidaCrazy
RockerKalango (Americana)
Berggren (Nova Odessa)
Mafiosa (Valinhos)