A venda de antidepressivos genéricos cresceu 21% no País

Fabricia Albuquerque

25 de setembro de 2017

Visto como um mercado resiliente, que costuma sentir menos os efeitos da crise, o setor de medicamentos continua registrando alta de vendas ano a ano. Mas a combinação de recessão e o aumento do estresse colocou em destaque o crescimento da demanda por antidepressivos e ansiolíticos nas versões genérica e similar, mais baratas que os medicamentos de referência, os “de marca”.

Um levantamento feito pela PróGenéricos (Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos), segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, mostra que as vendas de genéricos para tratamento de depressão cresceram 21% em unidades no primeiro semestre deste ano, em relação a igual período do ano passado. Os similares, cópias aproximadas dos medicamentos de referência, apresentaram alta de 6,23%, e os de referência, de 4,22%.

O mesmo movimento se repetiu com a categoria de ansiolíticos. Enquanto as vendas em unidades dos genéricos para esta classe terapêutica cresceram 8,47%, no caso dos similares, houve retração de 2,42%. O desempenho também foi negativo para os de referência, com queda de 3,59%.

De acordo com a presidente da PróGenéricos, Telma Salles, em cenário de recessão há maior busca por produtos genéricos e similares. “E o fator crise em si deixa as pessoas mais estressadas, o que aumenta também o uso de medicamentos das categorias de antidepressivo e ansiolíticos.”

De acordo com Carlos Aguiar, diretor da Medley, do grupo francês Sanofi, a migração de um produto de referência para um genérico ou similar é um movimento natural, uma vez que essas versões são, no mínimo, 30% mais baratas. “As doenças relacionadas ao sistema nervoso central crescem no mundo todo”, ressalta, lembrando que há uma maior assertividade da classe médica nos diagnósticos. “Mas é inegável que períodos de problemas econômicos, como o que estamos passando, geram mudanças de comportamento”, disse.

O mercado de antidepressivo e ansiolíticos movimenta por ano R$ 2,6 bilhões, segundo dados da Pró-Genéricos, compilados pela consultoria IMS (dezembro do ano passado). Do total, os antidepressivos respondem por R$ 2,05 bilhões e os ansiolíticos por R$ 534 milhões.

Mercado geral

Mesmo com a crise econômica no País, a venda de medicamentos em todas as categorias não caiu – o que houve foi uma desaceleração. No primeiros seis meses do ano, a venda totais de remédios em unidades cresceu 3,9%, em relação ao ano passado. Somente o segmento de sistema nervoso central – onde antidepressivos e ansiolíticos estão inseridos – cresce cerca de 20% ao ano.

No mesmo período, a venda total de medicamentos genéricos em todas as categorias de tratamento registrou crescimento de 11,07% em volume no primeiro semestre, com a comercialização de 609,4 milhões de unidades. Com este resultado, os genéricos alcançaram o patamar de 31,74% de participação de mercado no País.

Estresse

Para Guilherme Barsaglini, diretor de marketing e inteligência de mercado da Sandoz (do grupo Novartis), o maior acesso da população aos medicamentos impulsiona a venda das versões genérica e similar e a crise é um fator de estresse, de modo geral.

Líder em medicamentos genéricos voltados para SNC (sistema nervoso central), a Eurofarma vê um crescimento robusto na categoria de medicamentos voltados para depressão e ansiolíticos. Segundo a companhia, o segmento de SNC é a principal classe terapêutica para unidade de genéricos da Eurofarma e representa 28% da receita líquida, que ficou em R$ 2,8 bilhões em 2016. Para unidade de prescrição também é a primeira, representando 24% do faturamento.

Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que a depressão afeta 4,4% da população mundial – no Brasil, atinge 5,8% dos brasileiros (maior prevalência da América Latina). O País tem a maior prevalência de ansiedade do mundo, com 9,3% da população afetada.

Setenta tipos de medicamentos distribuídos pela Farmácia de Minas estão em falta, diz superintendência

De abril de 2016 até agosto deste ano, o MGTV fez nove reportagens mostrando o drama de quem precisa dos remédios. E o problema parece estar longe do fim.

Por MGTV, Belo Horizonte

22/09/2017 14h22

Setenta tipos de medicamentos estão em falta na Farmácia de Minas, em Belo Horizonte

Pelo menos 70 tipos de medicamentos distribuídos pelo programa Farmácia de Minas estão em falta no estado. Alguns não são encontrados há mais de sete meses, segundo os pacientes. A falta de informação e a longa espera causam indignação em quem depende desses remédios.

Todos os meses, o marceneiro Maurício Machado Silva vai até a Farmácia de Minas para pegar medicamentos para a mulher dele, que tem artrite. Mas, dessa vez, ele voltou para casa sem um dos principais remédios para combater as dores.

A gerente comercial Lucilene Ferreira estava em busca do mesmo medicamento e saiu preocupada. Segundo ela, o remédio é caro e, sem a distribuição, a situação dos pacientes fica difícil.

No caso da dona de casa Maria José Duarte, a preocupação é com a saúde da mãe que tem Alzheimer. Ela também foi informada que não há previsão de quando o medicamento deve chegar, e a compra não estava prevista no orçamento. Sem o medicamento, ela teme que a doença avance mais rápido.

As reclamações por causa da falta de medicamentos são antigas. De abril de 2016 até agosto deste ano, o MGTV fez nove reportagens mostrando o drama de quem precisa dos remédios distribuídos de graça pela Farmácia de Minas. E o problema parece estar longe do fim.

Todos os dias, a dona de casa Daniela dos Santos liga antes para saber se o medicamento anticonvulsivo da filha, de 16 anos, está disponível. São necessárias cinco caixas de por mês. Para não prejudicar a saúde da filha, ela tem que gastar, com a ajuda da família, R$ 400. A situação causa revolta.

De acordo com a Superintendência de Assistência Farmacêutica, dos 70 tipos de medicamentos que estão em falta, cerca de trinta deles devem voltar a ser fornecidos, a partir do mês que vem.

“Temos alguns itens em falta, que parte deles, é de aquisição por parte do Ministério da Saúde. Então, é uma dificuldade que eles estão encontrando, mas já está sendo resolvida. A outra parte são medicamentos que a gente está com pendência financeira com fornecedor, diante da dificuldade financeira que o estado vem passando. Mas a gente também já está trabalhando junto aos fornecedores para regularizar o abastecimento”, disse a superintendente de Assistência Farmacêutica, Daniela Aguiar.

Ela explicou ainda a situação dos medicamentos que não foram encontrados pelos pacientes mostrados na reportagem.

“O golimumabe, a gente recebeu ontem [quinta-feira] pelo Ministério da Saúde, foi entregue ontem. E, hoje [ sexta-feira] já vamos proceder a distribuição para as farmácias regionais. A donepezila não está em falta, ela está abastecida, nós atendemos 100% dos pedidos solicitados. E a lamotrigina é um dos casos de pendência financeira com o fornecedor. Estamos atuando junto a ele para resolver”, disse.

Questionada sobre a falta da donepezila, ela informou que ele pode ter sido procurado no momento do intervalo de abastecimento da farmácia.

Encontros FAPERJ discutem a inovação em Fármacos

…a burocracia ainda é um dos principais gargalos para uma efetiva aproximação entre a inovação produzida na universidade e a indústria

A rica biodiversidade brasileira pode ser considerada uma vantagem competitiva para o desenvolvimento da indústria farmacêutica nacional, que possui um verdadeiro patrimônio genético para produzir novos medicamentos. Estima-se que o País tenha cerca de 20% das espécies conhecidas no planeta, segundo o Ministério do Meio Ambiente. No entanto, a aplicação dessa matéria-prima para o desenvolvimento de fármacos depende de políticas públicas bem delineadas na área de inovação científica e tecnológica. Para discutir essa e outras questões relacionadas ao tema “Inovação em Fármacos”, como a necessidade de promover a aproximação do conhecimento produzido nas universidades com a indústria, a Fundação realizou a 20ª edição do seminário Encontros FAPERJ, na tarde da última sexta-feira, 15 de setembro.

Dessa vez, a palestrante foi Gabriela Barreiro, que é gerente de Desenvolvimento Pré-Clínico da Eurofarma. Graduada em Farmácia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – quando foi bolsista de Iniciação Científica da FAPERJ, em 1996 e 1997 –, ela traz no currículo títulos de mestrado e doutorado em Química pela mesma instituição, além de pós-doutorados na Universidade de Wesleyan, de Yale e na Universidade da Califórnia, em São Francisco.

Ela contou que a empresa, considerada uma das maiores farmacêuticas do País e detentora de um capital 100% nacional, está em busca de laços mais estreitos com a pesquisa acadêmica. Gabriela é responsável pela área de “inovação radical” – que busca novos fármacos, especialmente na área de anti-infecciosos. “A Eurofarma é uma empresa voltada para a produção de genéricos e similares, que também está sofrendo com a crise que afeta a indústria nacional. Por isso, investir na inovação em fármacos, com o desenvolvimento de moléculas próprias, é fundamental. Ou a indústria farmacêutica de genéricos investe em inovação, ou corre o risco de desaparecer”, disse.

Nesse contexto, ela destacou a necessidade de criar uma cultura de atração de mão de obra qualificada, de jovens com nível de pós-doutorado, para trabalhar na indústria farmacêutica, e não apenas nas tradicionais carreiras acadêmicas. “A ciência não é feita dentro da indústria brasileira. No Brasil, 70% dos pesquisadores estão dentro da academia. Em países como Estados Unidos e Japão, mais da metade trabalha na indústria. É preciso criar parcerias entre a indústria e a universidade, incorporando na indústria pós-doutorandos para o desenvolvimento de fármacos, e mudar a cultura dos investimentos em inovação, que nem sempre geram retorno no curto prazo, mas devem ser sólidos e constantes”, ponderou.

Gabriela destacou que a burocracia ainda é um dos principais gargalos para uma efetiva aproximação entre a inovação produzida na universidade e a indústria. “Na minha experiência, a maior dificuldade são os entraves burocráticos que ainda devem ser simplificados nas agências de inovação das universidades. A formalização dessas colaborações tem que ser mais rápida. A indústria não pode esperar um ano para assinar um termo de colaboração científica com a universidade para testar uma molécula, por exemplo”, apontou. Outros entraves citados pela gestora são os longos processos burocráticos da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Instituto Nacional de Marcas e Patentes (INPI).

O pesquisador Eliezer Barreiro, coordenador científico do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Fármacos e Medicamentos (INCT-Inofar) e professor titular do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, foi o mediador do encontro. Ele ressaltou que é importante identificar parcerias, para que o estado do Rio de Janeiro possa atrair o apoio das empresas que fazem inovação. “Uma das coisas que fazem com que a indústria se torne competitiva no mercado farmacêutico é a inovação e, para que a indústria do estado do Rio de Janeiro possa inovar, é necessário que tenha muito rapidamente acesso aos resultados das pesquisas nas universidades. Precisamos superar esse obstáculo para beneficiar não só a indústria, mas também para valorizar a pesquisa na academia e criar novos conhecimentos para a sociedade.”

Por sua vez, a diretora de Tecnologia da FAPERJ, Eliete Bouskela, que também é médica e professora titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), destacou a importância da realização periódica do Encontros FAPERJ, no atual cenário econômico fluminense. “Existem produções nevrálgicas, muito importantes, na pesquisa estadual, mas precisamos realmente fazer uma aproximação entre as universidades e as empresas. No exterior, as agências de fomento, além de investir recursos financeiros, costumam prover um ambiente de networking entre os diversos agentes da inovação. Vamos trabalhar para que essa aproximação ocorra”, disse.

Estiveram presentes diversos representantes de universidades, centros de pesquisa e dos setores acadêmico e empresarial – como o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich; a coordenadora do Núcleo de Inovação Tecnológica de Farmanguinhos, Wanise Barroso e a pesquisadora da área de Síntese de Drogas, também de Farmanguinhos, Nubia Boechat; o gerente do departamento de Saúde e Química da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Rodrigo Secioso de Sá; a diretora da Agência de Inovação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Shirley Coutinho; o vice-presidente da Abifina, Reinaldo Guimarães; o pesquisador de Desenvolvimento de Fármacos do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, Roberto Takashi Sudo; o diretor da agência de inovação Agir, da Universidade Federal Fluminense (UFF), Ricardo Leal; e o diretor da Microbiológica, Jaime Rabi, entre outros participantes.

A iniciativa de promover o Encontros FAPERJ passou a ser coordenada, a partir dessa 20ª edição, pela Diretoria de Tecnologia da Fundação e a curadoria do evento continua sob a responsabilidade do professor José Manoel Carvalho de Mello, assessor da Diretoria de Tecnologia da FAPERJ.

Citada em delação por compra de MPs, Hypermarcas volta a buscar sócio

Dona da 2ª maior fabricante de genéricos do País, companhia, segundo fontes, manteve conversas com rivais como Eurofarma, Biolab e EMS, mas acordo esbarra em preço alto e em questões jurídicas

Mônica Scaramuzzo e Fernando Scheller, O Estado de S.Paulo

25 Setembro 2017 | 05h00

Citada na recente delação do doleiro Lúcio Funaro por suposto pagamento de propina de R$ 5 milhões ao ex-deputado Eduardo Cunha para compra de medidas provisórias, a Hypermarcas voltou a procurar um sócio nas últimas semanas, segundo apurou o Estado. Assessores financeiros da companhia, que pertence ao empresário João Alves de Queiroz Filho, o Júnior, tiveram conversas reservadas nas últimas semanas com as principais farmacêuticas brasileiras, incluindo Biolab, Eurofarma e EMS, de acordo com fontes próximas às empresas. A Hypermarcas chegou perto de um acordo com a americana Pfizer.

As negociações, no entanto, têm enfrentado entraves. No caminho da busca de um sócio, está a situação legal da empresa, considerada delicada por eventuais compradores. Além da recente citação de Funaro, Nelson Mello, ex-executivo de relações institucionais da Hypermarcas, havia dito em 2016 que propinas pagas pela empresa a políticos do PMDB somariam cerca de R$ 30 milhões.

Há receio de que as investigações cheguem ao controlador do negócio, embora, à época, a empresa tenha afirmado em nota que Júnior não teve participação ou anuência nos atos praticados por Mello. Segundo fontes próximas às negociações, esse aspecto legal teria posto fim às conversas com a Pfizer, que não sentiu segurança para seguir com a compra.

Pesa ainda o porte da companhia, que exigiria um alto desembolso. O valor de mercado da Hypermarcas na B3 (nova denominação da Bolsa paulista) é de cerca de R$ 21 bilhões. Hoje, a NeoQuímica, principal negócio da empresa, é o segundo maior laboratório de medicamentos genéricos do País. Segundo uma fonte, o comprador natural para a Hypermarcas seria a EMS, do empresário Carlos Sanchez, que já é líder do segmento e poderia, com a NeoQuímica, ampliar essa dianteira.

Outro problema levantado pelos compradores, segundo apurou o Estado, seria o fato de que Júnior teria a intenção de continuar sócio do negócio.

Uma fonte do setor diz que, do ponto de vista jurídico, com a saída do fundador, um contrato poderia proteger um possível comprador. E cita o caso do grupo J&F, dono da JBS, que conseguiu vender participações em negócios relevantes – como Alpargatas (dona da Havaianas), Eldorado (de papel e celulose) e Vigor (laticínios) – em meio ao processo de delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

Mesmo com os empresários presos, o grupo já anunciou a conclusão da venda da Alpargatas, e a expectativa é que os outros dois negócios sejam finalizados ainda nesta semana.

Ações. Apesar de a delação de Funaro, revelada no último dia 13, citar a Hypermarcas, o desempenho dos papéis na B3 tem sido positivo. A empresa atingiu na última semana sua máxima histórica – na sexta-feira, a ação fechou acima de R$ 33.

No segundo trimestre, o lucro líquido foi de R$ 194,9 milhões, alta de 10,5% em relação ao mesmo período do ano passado. A receita líquida, na mesma comparação, teve crescimento de 5,6% e ficou em R$ 852,3 milhões entre abril e junho deste ano.

O humor do mercado com a companhia melhorou desde que a empresa desistiu de ser uma “Unilever brasileira” – com marcas de higiene, beleza e limpeza – para focar na NeoQuímica, seu negócio mais rentável. Só em 2015 e 2016, a empresa arrecadou mais de R$ 5 bilhões com venda de ativos, reduzindo seu endividamento (ler mais ao lado).

Em relatório relativo aos resultados do segundo trimestre, o analista Guilherme Assis, do banco Brasil Plural, reafirmou a recomendação de compra da ação da Hypermarcas, embora tenha ressalvado que a empresa tem pela frente o desafio de criar novas marcas e produtos para continuar a apresentar ganhos de fatia de mercado. Assis disse ainda que, apesar de alguns dados do balanço terem vindo abaixo do esperado pelo banco, a empresa conseguiu compensar esse efeito com controle de custos. Outro ponto positivo da Hypermarcas para 2017 é a expectativa de pagamento de dividendos aos acionistas.

Outro lado. Em comunicado enviado ao Estado, a Hypermarcas nega veementemente quaisquer negociações em andamento sobre a venda da companhia ou de partes de seu portfólio.

Procuradas, as empresas Biolab, Eurofarma, EMS e Pfizer não quiseram comentar o tema. Mas, em nota, a Pfizer disse que tem como meta “a expansão do alcance de seu portfólio e está sempre avaliando oportunidades para expansão do acesso da população a medicamentos de qualidade”.

Casca do Ipê é o primeiro remédio vegetal contra picada de cobra

Na ‘farmácia do mato’ do Pantanal, plantas são remédios naturais.
O que o Ipê usa para se proteger, também pode ajudar a curar pessoas.

Um grande desafio dos cientistas é encontrar nas plantas os compostos químicos que podem ser usados na fabricação de remédios e cosméticos. Na base da UFMS, um grupo de biólogos e farmacêuticos trabalha assim: caçando tesouros naturais.

No Pantanal já foram descritas mais de 2 mil plantas. A estimativa é que esse número seja muito maior, pelo menos 8 mil. A região é um imenso laboratório a céu aberto, a ser estudado.

A equipe do Globo Repórter encontra um pomar nativo no meio do mato. Os frutos caem maduros na época do calor, antes da cheia. A cor alaranjada é o betacaroteno, um protetor de células.

Na semente e na polpa da canjiqueira tem o piceatannol. Esse composto inibe o acúmulo de gordura nas células e é um anti-inflamatório.

“No carocinho é onde mais tem esse composto, que também serve pra fazer sorvetes, geleia, um monte de coisas”, explica o doutor em Ciências Farmacêuticas da UFMS, Carlos Alexandre Carollo.

A farmácia da Dona Maria está a poucos passos de casa. A pantaneira de nascimento conhece bem o potencial de cura das plantas. Intuitivamente, Dona Maria encontra a dose e o jeito certos de preparar o remédio.

O Ipê é um mestre na sobrevivência, e a espécie ‘Paratudo’ só nasce no Cerrado e no Pantanal. Os pesquisadores descobriram no tronco da árvore uma substância que é um santo remédio pra tratar picada de cobra. O que o Ipê usa para se proteger, também pode curar as pessoas.

O remédio feito com o ‘Paratudo’ é o primeiro a base de plantas para tratar as sequelas de picadas de cobra, mas não substitui o soro antiofídico. No laboratório de bioquímica da Universidade Federal de Mato Grosso, os resultados confirmam as teses do conhecimento popular. Na biodiversidade pode estar a cura para muitas doenças.

No maior refúgio de vida silvestre das américas, cada espécie tem a sua preferência. Os campos mais secos são endereço de tamanduá. Ao amanhecer, os pesquisadores saem em busca do maior de todos eles: o bandeira. O gigante solitário só existe na América Latina. Diferente de tudo.

Existem quatro espécies do animal no mundo, três são encontradas no Brasil. Os estudos indicaram que os mais antigos surgiram no Cerrado e depois se espalharam por outras regiões do país. Mas com a perda de habitat, os tamanduás bandeira já desapareceram do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Esse bicho sofre por causa de crendices populares. A fama de azarado quase levou o tamanduá à extinção. Luis Fabiano mudou o jeito de pensar, depois de virar assistente de campo dos pesquisadores. Outro perigo são os atropelamentos que acabam acontecendo nas rodovias no Pantanal e no Cerrado.

Grupo japonês busca comprador para o laboratório nacional Multilab

Estadão Conteúdo
22.09.17 – 09h08

O grupo japonês Takeda deve seguir um movimento já feito pela americana Pfizer no País e se desfazer de um laboratório nacional que comprou durante a época de pujança da economia. Em 2012, a Takeda adquiriu o laboratório Multilab, por R$ 500 milhões. Agora, com o ativo à venda, deve recuperar só um quinto do investimento, já que fontes estimam que a saída do negócio deverá se dar por R$ 100 milhões.

O Estado apurou que a companhia deverá receber até hoje as propostas para a compra da empresa, produtora de medicamentos similares, que tentam se aproximar dos princípios ativos dos remédios de marca. Fontes afirmam que fundos de investimento e empresas nacionais têm interesse no negócio.

Um dos problemas que reduziriam o valor do ativo, explicam fontes, é uma questão regulatória referente ao Multigrip, principal rótulo da Multilab. Além disso, a companhia estaria com lucro operacional negativo – por isso, os japoneses teriam pressa em se desfazer da fabricante o quanto antes.

Caso a venda se concretize, a Takeda vai seguir os passos da Pfizer, que se desfez de sua fatia no laboratório nacional Teuto, por valor inferior ao originalmente investido. A Pfizer havia comprado 40% da companhia, em 2010, por R$ 400 milhões, mas teve dificuldades de relacionamento com os sócios locais. Além disso, tomou a decisão global de sair do segmento de medicamentos genéricos.

Gigante

Maior companhia farmacêutica do Japão, a Takeda entrou no Brasil em 2011 ao adquirir, por US$ 14 bilhões, a operação global da suíça Nycomed, que já tinha presença relevante no Brasil e era dona de marcas como Neosaldina. A aquisição da Multilab marcou a entrada do grupo japonês em produção de medicamentos no País.

O Brasil era o principal alvo da expansão da japonesa em territórios emergentes, por causa do aumento no consumo de similares e genéricos. Apesar de ser mais resistente a crises, o cenário econômico afetou o setor de medicamentos, que sofreu uma desaceleração nas vendas.
Procurada, a Takeda não quis comentar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Faculdade Fucapi promove discussões sobre bioprocessos aplicados à indústria farmacêutica

JHCP 22 de setembro de 2017

A tônica da 2ª edição do Seminário de Engenharia de Bioprocessos discutirá, nos próximos dias 18 e 19/10,a relação dessa área com a indústria farmacêutica. O evento será realizado no campus educacional da Faculdade Fucapi (Av. Danilo Areosa, 381, Distrito Industrial), das 18h30 às 22h10. As inscrições podem ser feitas por meio do site: goo.gl/SnMTvC.

A cada ano um tema diferente é discutido e neste ano serão discutidos os Bioprocessos aplicados à indústria farmacêutica. “Podemos verificar a atuação de Engenheiros de Bioprocessos no desenvolvimento e aplicação de diversas tecnologias na indústria farmacêutica. Cabe citar a produção de fitofármacos, fitofármacos, fitoterápicos, soros e vacinas, hormônios, extratos, entre outros bioprodutos”, ressaltou a professora e coordenadora do evento, Priscila Pauly Ribas.

O Seminário contribuirá com a formação dos futuros engenheiros, pois discutirá temas importantes e relativos à área com um viés na aplicação das tecnologias, complementando o que é visto em sala de aula. O evento tem como objetivo promover uma discussão no âmbito acadêmico sobre a importância desta engenharia na indústria farmacêutica realçando a atuação do engenheiro de bioprocessos nesta área. O seminário garante horas de atividades complementares que variam de 10 h participantes no evento como ouvinte; 30h para organizadores do evento e; 25h para os voluntários.
Sobre o tema

Ribas explicou que a indústria farmacêutica envolve a fabricação de substâncias químicas farmacologicamente ativas, obtidas por síntese química, utilizadas na preparação de medicamentos.

“A importância da atuação da Engenharia de Bioprocessos na indústria farmacêutica é reconhecida por seu caráter sistêmico, que envolve a geração de inovações em produtos e em processos utilizados. Podemos verificar a atuação de Engenheiros de Bioprocessos no desenvolvimento e aplicação de diversas tecnologias na indústria farmacêutica”, explicou ela.

Rhamile de Castro Muniz- Estagiária de Jornalismo
Cristiane Barbosa – edição – Agência Fucapi

Cientistas norte-americanos criaram anticorpos capazes de atacar 99% dos tipos de HIV, o vírus da aids

Marcello Campos 22 de setembro de 201722 de setembro de 20170

Uma parceria entre a empresa farmacêutica Sanofi e o NIH (Instituto Nacional de Saúde, na sigla em inglês) dos Estados Unidos resultou na criação um anticorpo que ataca 99% das cepas de HIV (o vírus da aids) e pode prevenir a sua infecção em primatas. Segundo a entidade, que classificou a pesquisa como “um avanço emocionante”, os testes com humanos para tentar prevenir ou tratar a doença devem começar já no ano que vem.

O corpo humano enfrenta uma difícil luta contra o HIV devido à incrível habilidade do vírus de sofrer mutações e alterar a sua aparência. Essas variações – ou cepas – em um único paciente são comparáveis â€<â€<às do vírus influenza durante um surto de gripe mundial. Assim, o sistema imunológico se vê lutando contra um número imensurável de cepas de HIV. O anticorpo desenvolvido pelos cientistas ataca três partes críticas do vírus, gerando um “triplo anticorpo específico” ainda mais poderoso e que torna mais difícil a sua resistência.

De acordo com o estudo, publicado na renomada revista científica Science, após anos de infecção, um pequeno número de pacientes desenvolve armas poderosas chamadas “anticorpos de ampla neutralização”, que atacam algo fundamental para o HIV e podem matar grandes extensões de cepas do vírus. Diante disso, os pesquisadores têm tentado utilizar anticorpos de ampla neutralização como forma de tratar o HIV ou prevenir a infecção.

“Eles são mais potentes e têm uma amplitude maior do que qualquer anticorpo natural que tenha sido descoberto”, declarou à imprensa britânica diretor científico da Sanofi, Gary Nabel, um dos autores do estudo. “Estamos conseguindo cobertura de 99% e com concentrações muito baixas do anticorpo.”

O experimento, já realizado em 24 macacos-cobaias, mostrou que nenhum dos animais que recebeu o triplo anticorpo específico desenvolveu a infecção quando o vírus foi posteriormente injetado. “Foi um grau impressionante de proteção”, relatou Nabel. O trabalho incluiu cientistas da Escola Médica de Harvard, do Instituto de Pesquisas The Scripps e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos.

“Emocionante”

Diante da perspectiva de que os estudos clínicos para testar o anticorpo em pessoas começarão no ano que vem, a professora Linda-Gail Bekker, presidente da Sociedade Internacional de Aids, saudou o avanço. “Esses anticorpos superdesenvolvidos parecem ir além do natural e podem ter mais aplicações do que imaginamos até agora”, frisou. “Ainda é cedo, mas como cientista eu espero que os primeiros ensaios sejam iniciados, de fato, em 2018. Atuei como médica na África e sinto a urgência de confirmar essas descobertas em humanos o mais rápido possível.”

O diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, Anthony Fauci, também elogiou a pesquisa. “Trata-se de uma abordagem intrigante”, definiu durante um evento científico no país. “As combinações de anticorpos que atacam uma parte distinta do HIV podem superar as defesas do vírus na tentativa de conseguir um tratamento e prevenção efetivos baseados”, finalizou.

Novos fármacos

Há, no momento, uma corrente de pessoas que acha que se o medicamento já está aprovado em um grande centro, como os EUA ou Europa, não há porque não ser automaticamente aprovado no Brasil

O Brasil não vive os seus melhores momentos, mas precisamos defender nosso desenvolvimento. Há, no momento, uma corrente de pessoas que acha que se o medicamento já está aprovado em um grande centro, como os EUA ou Europa, não há porque não ser automaticamente aprovado no Brasil. Pensa-se que os brasileiros perdem a oportunidade de aproveitar de medicamentos “modernos”, seja lá o que isso for.

Evidentemente, não se questiona a capacidade tecnológica e científica dos países centrais, porém, no que se refere a medicamentos, a prudência vale a pena. A FDA americana, órgão regulador e fiscalizador de produtos para a saúde, emitiu um alerta no dia 21/09/17 referente a um medicamento autorizado em maio de 2016, ácido obeticólico. Esse medicamento é indicado para uma doença rara, com incidência estimada em 200 casos para cada milhão de habitantes europeus, que ataca o sistema hepático.

Provavelmente seja uma doença autoimune, desencadeada por possível infecção viral que compromete o ducto biliar, estrutura hepática que conduz a bile para o intestino. É uma doença silenciosa que demora anos para expressar os primeiros sintomas como prurido cutâneo. Na progressão, a fadiga acontece na maioria dos acometidos, evoluindo para perda de peso e outras complicações mais graves e raras como cegueira.

O tratamento da doença se faz com medicamentos lançados há mais de vinte anos e que deixa cerca de 40% dos doentes sem respostas satisfatórias. Depois de 20 anos do lançamento do tratamento clássico da doença, nenhuma novidade havia surgido até o ano de 2016, com ácido obeticólico. A aprovação do medicamento foi acelerada pela FDA.

Porém, após a 11 meses de comercialização surgiram relatos de mortes (19), sendo que sete deles tiveram a confirmação de que o uso do medicamento foi efetivamente a causa da morte. Além da morte, 11 casos de sério comprometimento hepático também foram constatados. A FDA investigou os casos e concluiu que os pacientes estavam tomando os medicamentos em dose superior ao recomendado. No alerta da FDA, o órgão recomenda que o usuário do medicamento seja monitorado em relação a eventual problema hepático.

De todo modo, a questão posta é que mesmo que um medicamento aprovado em um grande centro, por um órgão de competência reconhecida como o FDA, não significa que cada país precisa analisar a relação de risco e benefício. Pode ser que, se ajustar a dose, as reações adversas se mantenham sob controle. Por isso, o Brasil e todos os países precisam manter a regulamentação de medicamentos sob estrito controle, para resguardar a vida e a saúde de seus cidadãos. Nem sempre o “moderno” é tão bom assim.

Se ainda tiver dúvidas, encaminhe para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail cim@unisantos.br ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.

Testes indicam que vacina contra zika pode prevenir a transmissão na gravidez

22/09/2017 13h07 Da Agência Brasil

A vacina contra zika desenvolvida pelo Instituto Evandro Chagas (IEC) apresentou resultado positivo nos testes em camundongos e macacos. A aplicação de uma única dose da vacina preveniu a transmissão da doença nos animais e, durante a gestação, o contágio dos filhotes.

“É um dos mais avançados estudos para a oferta de uma futura vacina contra a doença para proteger mulheres e crianças da microcefalia e outras alterações neurológicas causadas pelo vírus”, informou o Ministério da Saúde.

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (22) pela revista Nature Communications, segundo a pasta.

Os testes pré-clínicos foram realizados simultaneamente no Instituto Nacional de Saúde (NIH), Universidade do Texas e Universidade Washington, dos Estados Unidos, todos parceiros da pesquisa.

Os testes obtiveram sucesso em seu objetivo, que é impedir que o vírus zika cause microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central tanto nos camundongos quanto nos macacos. Já os testes em humanos devem ser realizados, a partir de 2019, na Fiocruz/Biomanginhos, no Rio de Janeiro.

Do grupo controle que não tomou a vacina, as fêmeas de camundongos tiveram aborto por conta da transmissão do vírus zika ou seus filhotes nasceram com microcefalia e outras alterações neurológicas.

Esterilidade em machos

Além dos testes em fêmeas, foram feitos testes em camundongos machos. Um dos achados científicos inéditos é que o vírus Zika pode ser capaz de causar esterilidade. A infecção nos animais reduziu consideravelmente a quantidade de espermatozoides, a mobilidade deles (ficaram praticamente imóveis) e o tamanho dos testículos (atrofia). Esses testes não foram realizados nos macacos.

No entanto, segundo o ministério, não é possível afirmar que o efeito também se aplique aos seres humanos e são necessários mais estudos para entender a dimensão deste problema. Os testes da vacina, entretanto, também tiveram sucesso na proteção dos camundongos machos.

A pesquisa ainda não chegou a testar a capacidade dos animais de engravidarem fêmeas após os danos constatados nos testículos, por isso, ainda não é possível apontar o impacto de esterilização nesses animais.

“O que se sabe é que há uma grande quantidade de vírus na excreção do esperma, que significa que o vírus tem bastante capacidade de se replicar, causando a destruição das células que resulta em diminuição dos testículos e, consequentemente, a esterilidade”, disse o diretor do IEC, Pedro Vasconcelos, em nota.

A parceria entre o IEC e os institutos norte-americanos para a pesquisa foi firmada em fevereiro de 2016, a partir de acordo internacional para o desenvolvimento de vacina contra o vírus Zika.

O Ministério da Saúde vai destinar um total de R$ 7 milhões até 2021 para o desenvolvimento e produção da vacina. O imunobiológico em desenvolvimento utiliza a tecnologia de vírus vivo atenuado de apenas uma dose, capaz de estimular o sistema imunológico e proteger o organismo da infecção.
Edição: Maria Claudia