Amigos criam cooperativa e querem instalar fábrica de cerveja artesanal no Acre

Projeto deve ser lançado no segundo semestre e fábrica deve estar em produção em 2018.

Por Caio Fulgêncio, G1 AC, Rio Branco

05/05/2017 09h10

O paranaense Vilmar Boufleuer, de 38 anos, tem uma relação antiga com a cerveja. De uma família com descendência alemã, desde cedo, o funcionário público acompanhou a produção da bebida de forma rudimentar e aprendeu o processo. Ao mudar-se para o Acre, há sete anos, conheceu outros apaixonados e, juntos, querem instalar uma fábrica artesanal no estado.

Ainda sem comercializar, Boufleuer criou a própria marca – a Brau-Blume – pensada com base no brasão da família. Com a crescente no consumo de cervejas artesanais nos bares de Rio Branco surgiu a ideia de montar uma cooperativa e, consequentemente, um local apropriado para fabricação em grande escala.

“A onda de valorização da cerveja artesanal acaba sendo um catalisador dessa cultura que nunca deixou de existir. De uns tempos para cá parece que está havendo um resgate. Então, estamos formando uma associação de cervejeiros. Já fizemos reuniões, trocamos degustações, estamos organizados informalmente”, diz.

Com a ideia, o grupo então passou a desenvolver o projeto específico, segundo o funcionário público Caio Pinheiro, de 26 anos, que também fabrica cerveja como hobby. A organização enquanto cooperativa deve ser finalizada no segundo semestre e a pretensão é que a cervejaria esteja em produção no início do próximo ano.

“É um projeto a partir de uma ideia de pessoas que têm uma vivência no meio cervejeiro, mas que entendem a necessidade de propagar e não individualizar. Por isso, decidimos criar uma cooperativa em vez de uma fábrica. É algo coletivo que trabalha para o fortalecimento da cultura cervejeira”, fala. Ao todo, sete pessoas estão envolvidas diretamente no trabalho.

Pinheiro afirma que – conforme um estudo de mercado encomendado pelo grupo – foram consumidos em torno de R$ 26 milhões no ano passado com cerveja somente em Rio Branco. Além disso, segundo ele, outros atrativos são o clima quente, propício para o consumo de bebidas geladas, e a grande circulação de pessoas em bares.

“Queremos introduzir uma cultura nova na sociedade. Nossa ideia é que os pratos locais – como a baixaria, por exemplo – tenham uma cerveja também local para harmonizar. Estamos visando esse mercado que está crescendo e também explorar a fronteira. A principal política é produzir cervejas com características regionais, mas também seguir a linha tradicional”, salienta Pinheiro.

Entraves

Apesar do apoio do governo e prefeitura, os amigos explicam que um dos principais dificultadores no processo é a falta de legislação específica no estado sobre a fabricação de bebidas alcoólicas e sobre o setor cervejeiro. Até mesmo no âmbito nacional, de acordo com eles, o governo está em fase de adequação para o tipo de negócio, a “microcervejaria”.

“Não havia legislação porque não tinha demanda, mas os órgãos públicos estão trabalhando positivamente. Com a cooperativa, além de atender as nossas expectativas, que era de montar uma fábrica, vamos atender os outros cervejeiros. Vamos também trabalhar com qualificação e formação de novos”, finaliza.

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