Opa Sucos tenta fusão com grupo da Del Valle, que nega negociação

Anunciada há um ano, compra de fábrica em Americana por empresa de suco de Santa Bárbara continua no papel

Na manhã do dia 21 de setembro de 2016, causou espanto e euforia o anúncio de um homem em um dos auditórios da Prefeitura de Americana. Trajando uma vestimenta religiosa e acompanhado de uma espécie de conselheiro espiritual, o comerciante Cristiano Alexandre da Silva dizia negociar a compra da planta da Del Valle, fabricante de sucos que meses antes havia encerrado a produção em Americana e demitido cerca de 300 pessoas.

Cristiano é o criador da Opa Sucos, produtora de Santa Bárbara d’Oeste que começou com um projeto caseiro. Quando anunciou a compra, a Opa Sucos possuía um capital social de R$ 20 mil. Bem pouco diante dos R$ 40 milhões estimados para aquisição da planta da Del Valle.

A expectativa de Cristiano era de que a negociação fosse finalizada ainda no ano passado, mas, um ano depois, o negócio se mostra difícil de sair do papel ou depender da vontade do comerciante.

Na quarta-feira, Cristiano disse ao LIBERAL que a Opa Sucos negociava com a Leão a “fusão” da marca com o grupo da Coca-Cola. Com isso, afirmou, seria possível reativar a produção de sucos da Opa na planta da Del Valle, no bairro Nova Americana, e fazer contratações.

Questionada pelo LIBERAL na quinta-feira, a Leão negou, em nota, que mantenha qualquer negociação com a Opa Sucos. E revelou que trabalha na transferência do setor administrativo de seu centro de distribuição em Americana para as instalações da fábrica fechada.

MISTÉRIO. A forma como a pequena empresa de sucos concretizaria uma compra como a anunciada nunca ficou muito clara. Em entrevista ao LIBERAL no ano passado, Cristiano, questionado sobre de onde tiraria os milhões para bancar a aquisição da fábrica, foi enigmático. “As melhores coisas estão no final”, afirmou.

O comerciante tratava o crescimento da Opa Sucos de uma maneira mística. Atribuía a Deus a “direção” para negociar a compra da Del Valle. Mas na mesa de negociação, parece não ter surtido efeito ainda.

Nesta semana, questionado sobre se não considerava precipitado o anúncio feito no ano passado, Cristiano negou. “Foi uma estratégia que eu utilizei para agilizar o processo do grupo. Como é o grupo Coca-Cola, é muita burocracia”, afirmou. E continuou fazendo promessas. “Garanto que até o próximo mês vocês terão uma notícia boa”, declarou, sempre alegando sigilo para não entrar em detalhes com a reportagem.

VAGAS. O anúncio da Opa veio acompanhado da notícia de que centenas de vagas de emprego seriam abertas. A expectativa de emprego mobilizou até uma força-tarefa do PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador), da prefeitura. Depois, os currículos foram recolhidos pela empresa Expert Consultoria em RH, em Americana.

Segundo a assessora comercial da Expert, Aline Silva, houve um processo seletivo que escolheu profissionais para cerca de 20 vagas, que dariam o start na nova operação da Opa. Mas, com o tempo e a indefinição, a própria consultoria decidiu cancelar a seleção e encaminhar os candidatos para outras vagas. “As pessoas se antecipam demais. Não tinha sido nada afirmado ainda, nada finalizado”, disse Cristiano, nesta quarta-feira.

ELEIÇÕES. Cristiano atribuiu o uso da estrutura da Prefeitura de Americana para o anúncio a um pedido do prefeito Omar Najar (PMDB), que, na época, era candidato à reeleição e não participou da coletiva com jornalistas, já que a legislação eleitoral o impedia.

“Na verdade, essa coletiva quem pediu foi o próprio prefeito. Isso foi de uma grande estratégia tanto pra mim quanto pra ele também”, declarou Cristiano. Omar nega e diz que a iniciativa foi do empresário.

“Assim como faria com qualquer empresa que tenha interesse em se instalar no município, a prefeitura recebeu, mediou e colocou o aparelho público à disposição do empresário”, afirmou a gestão Omar por meio de nota.

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