Falta de remédio gera improviso no tratamento do HIV/Aids em Bauru
Pacientes estão sem o 3 em 1 há dias e a saída foi distribuir remédios separados
Marcele Tonelli
Pacientes com HIV/Aids em Bauru estão, há aproximadamente dez dias, recebendo tratamento improvisado por falta da medicação conhecida como 3 em 1, composto de Tenofovir, Lamivudina e Efavirenz. Ao invés de entregar o remédio com pílula única, o Centro de Referência em Moléstias Infecciosas (CRMI), localizado na quadra 1 da rua Silvério São João, no Centro, que atende os pacientes, vem distribuindo outras três pílulas dos tais compostos para chegar à dosagem correta.
O Estado confirma a situação e aponta que houve atraso na entrega do medicamento por parte do Ministério da Saúde, prometendo normalizar o abastecimento nesta semana.
"Eu fui até lá e não tinha o 3×1, que é o comprimido diário que eu tomo. Nunca havia acontecido isso. Então, eles tiveram que improvisar e montar a dose diária com três comprimidos diferentes. E os funcionários disseram que nem sequer havia previsão de chegada do medicamento", relata um paciente, de 31 anos que pediu para não ser identificado.
O fato tem gerado temor, segundo ele, porque alguns organismos não aceitariam o uso dos três comprimidos "soltos".
"Isso que eu tenho medo. Minha sorte é que tenho médico na semana que vem e vou ver isso. Mas e outras pessoas? Como elas ficam?", questiona.
IMPROVISO
A Secretaria Municipal de Saúde confirma a falta e diz que a equipe médica tem distribuído comprimidos de forma separada "para não deixar os pacientes desassistidos". A pasta, no entanto, afirma que não tem entregado três pílulas, mas sim duas, uma com 300 miligramas de Tenofovir e Lamivudina e outra com 600 miligramas de Efavirenz.
A secretaria nega qualquer alteração na fórmula e que o comprimido solto possa causar reações adversas nos pacientes. "Os médicos do CRMI estão disponíveis para tirar dúvidas, inclusive", reforça a pasta.
ESTADO
A Secretaria de Estado da Saúde, por sua vez, que abastece a medicação no CRMI, confirma as informações e diz que o Ministério da Saúde, que é o responsável por adquirir a medicação, atrasou a entrega.
"A situação deverá se normalizar nesta semana. Vale ressaltar que nenhum paciente ficou sem tratamento. Foram distribuídos os medicamentos Tenofovir Lamivudina e Efavirenz, que são os mesmos medicamentos do 3 em 1, porém, divididos em dois comprimidos. A eficácia do tratamento é a mesma", pontua o Estado, em nota.
UNIÃO
O Ministério da Saúde não confirma que atrasou a entrega. Diz apenas que o processo logístico da distribuição de antirretrovirais é compartilhado entre União, estados e municípios.
Em nota, o Ministério afirma que entregou, na semana passada, um total de 22 milhões de comprimidos do medicamento 3 em 1 para todo o País, sendo 6,2 milhões apenas para o Estado de São Paulo.
"O quantitativo atenderá 230 mil pacientes pelos próximos cinco meses", diz.
O órgão informa ainda que, para as unidades que apresentaram estoque reduzido do 3 em 1, emitiu nota técnica orientando a substituição pela associação de Tenofovir 300mg Lamivudina 300mg (2 em 1) e Efavirenz (EFZ) 600mg. "A substituição não prejudica o tratamento das pessoas", frisa o Ministério da Saúde.
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