Seis laboratórios atestam L-Asparaginase adquirida pelo Ministério da Saúde

Sobre a liminar da Justiça Federal relacionada a restrição de compra e distribuição do medicamento Leuginase (princípio ativo L-Asparatinase), o Ministério da Saúde informa que recorrerá da decisão, pois o produto adquirido pela pasta contém o princípio ativo L –asparaginase, com atividade enzimática (ação esperada) comprovada por seis diferentes laboratórios (LNbio, INCQS/Fiocruz, MS bioworks, Bioduro, USP e Butantan).

Entre as análises, cabe destacar que houve validação pelo INCQS (Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde). Os testes também reforçam que não foram encontrados contaminantes que podem causar danos ao usuário.

O Ministério da Saúde participou de audiência pública sobre o uso do medicamento no Congresso Nacional, além de reuniões com especialistas da área. Como resultado, a Sobope (Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica) emitiu nota que não contraindica o uso da Leuginase.

Todas as etapas da compra do produto respeitam a legislação vigente. A concorrência de preços internacional permitiu uma economia de R$ 25 milhões.

Cabe destacar que a compra e fornecimento de medicamentos oncológicos é obrigatoriedade dos hospitais que atendem no SUS. O valor já é contemplado pelos repasses de acordo com os procedimentos realizados. Mesmo assim, desde 2013, a pasta vem importando o medicamento de forma centralizada para auxiliar instituições que têm dificuldade na aquisição do produto essencial para o tratamento de leucemia aguda.

Atualmente nenhuma L-asparaginase possui registro no Brasil.

Judicialização, financiamento e planos de saúde serão temas do 5º Congresso Brasileiro Médico e Jurídico

A judicialização da saúde é um dos temas principais que estarão em pauta na programação do 5º Congresso Brasileiro Médico e Jurídico, que será realizado de 27 a 29 deste mês, no Centro de Convenções de Vitória. O procurador regional da República Maurício Gerum, integrante da Operação Lava Jato, vai abordar na palestra de abertura as consequências da corrupção nas políticas públicas do setor.

O secretário de Estado da Saúde, Ricardo de Oliveira, será um dos expositores do congresso. Ele ressalta que o quantitativo de processos judiciais anuais e o volume de recursos financeiros para atender às demandas judiciais já comprometem a execução da política pública de saúde. “Os números são impressionantes: já gastamos, apenas com recursos estaduais, o equivalente ao custo para manter um hospital como o São Lucas, ou seja, cerca de R$ 81 milhões no ano de 2016”, disse.

Entre os anos de 2001 e 2016, o número de processos judiciais contra a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) cresceu 347%. Saiu de 2.443 para 10.969. Há que se considerar que, nesse mesmo período, o crescimento da oferta de serviços foi muito além do aumento populacional, em torno de 12%. As consultas especializadas cresceram 54,1%, os exames 30,4%, os leitos de UTI 58,3% e os medicamentos dispensados 198,4%.

O desembargador João Pedro Gebran Neto, relator da Lava Jato, fará a abertura do congresso junto com o presidente do Hospital Metropolitano, Remegildo Gava Milanez. Agentes públicos, juristas, magistrados, gestores envolvidos com a defesa do direito à saúde e a manutenção dos serviços públicos de qualidade vão debater temas como desafios e desvios na gestão, liberação de novos medicamentos e exames, regulamentação de planos de saúde, destinação de remédios vencidos, crise dos serviços filantrópicos e contratação de serviços pelo setor público, entre outros.

Para Milanez, presidente regional do congresso, é preciso coerência e cuidado com os excessos. Ele lembra que somente este ano, até o mês de maio, o custo para o Ministério da Saúde com a judicialização do setor foi de R$ 715 milhões. A previsão é de que até o final do ano essa despesa chegue à cifra de R$ 7 bilhões, incluindo estados e municípios. “Durante o congresso, haverá troca de informações importantes que ajudarão a dar uma luz para essa discussão”, observou.

Experiências internacionais

Durante o 5º Congresso Brasileiro Médico e Jurídico vai ser realizado o painel do Direito Internacional à Saúde, que será uma discussão em que juristas e médicos trocarão experiências bem-sucedidas nesse campo.

O descarte de medicamentos e a logística reversa também farão parte do debate. Conforme afirma a coordenadora-executiva do congresso e vice-presidente da Comissão de Direito Médico da OAB-ES, Clenir Sani Avanza, não existe no país nenhuma legislação sobre a destinação adequada de remédios vencidos.

“Na maioria das vezes, as pessoas fazem o descarte em casa mesmo, pela rede de esgoto ou no lixo doméstico, o que se torna um problema de saúde para a população, pois pode contaminar os lençóis freáticos e também a água que bebemos”, disse.

Serão ainda abordados durante o congresso o financiamento e o orçamento da saúde; a prestação do serviço de saúde complementar e suplementar e a proposta dos planos de saúde populares diante da crise de mercado dos hospitais privados e filantrópicos.

5º Congresso Brasileiro Médico e Jurídico
Data: 27 a 29 de setembro
Local: Centro de Convenções de Vitória
Programação: http://congressomedicoejuridico.com.br

Assessoria de Imprensa do 5º Congresso Brasileiro Médico e Jurídico
Vera Caser Comunicação
Contato disponível para jornalistas e produtores de conteúdo obterem informações sobre credenciamento e outros assuntos relacionados ao evento:
Karine Nobre
(27) 9 8112 2496
congresso@veracomunicacao.com.br

Central Farmacêutica faz campanha de arrecadação de remédios para doação

26/9/2017

Umuarama – A Divisão de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Saúde de Umuarama vem realizando uma campanha para arrecadação de medicamentos destinados a doação. Iniciada no último dia 22, a ação segue até a próxima sexta-feira, 29. E na próxima quarta, 27, das 7h30 às 13h, quem passar pela Central poderá fazer a verificação de glicemia capilar e pressão arterial.
O farmacêutico Jader Caldas Ferraz, chefe da Divisão, informa que também haverá distribuição de panfletos informativos. “O material traz dicas sobre o uso racional dos medicamentos, bem como informações sobre a importância do controle da pressão arterial, do Aedes aegypti – mosquito transmissor da dengue – e também como evitar o risco de escorpiões”, reforçou.
A população em geral está convidada a participar. A Divisão de Assistência Farmacêutica – que integra o Fundo Municipal de Saúde de Umuarama – fica na Avenida Brasil, 3678, e pode fornecer maiores informações pelo fone (44) 3906-1192.

ONU firma parceria para ampliar oferta de tratamento do HIV em mais de 90 países

Publicado em 25/09/2017 Atualizado em 25/09/2017

Uma parceria entre países e agências internacionais, incluindo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), ampliará o acesso ao primeiro tratamento genérico do HIV contendo o composto Dolutegravir. Iniciativa levará terapia para mais de 90 países de média e baixa renda com um preço reduzido — 75 dólares por paciente ao ano. Medicamentos serão disponibilizados em regime de pílula única, a ser administrada uma vez ao dia.

Articulação entre entidades da área de saúde visa aumentar a parcela da população mundial com acesso aos remédios antirretrovirais. Atualmente, 36,7 milhões de pessoas vivem com HIV. Em 2016, apenas pouco mais da metade — 19,5 milhões de indivíduos — desse contingente podia adquirir os medicamentos para tratar a infecção pelo vírus.

O DTG é amplamente utilizado em países ricos e é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um regime alternativo de primeira linha para o HIV. No Brasil, desde janeiro de 2017, a substância é utilizada para pacientes iniciantes no tratamento do vírus.

Além de melhorar a qualidade e a adesão ao tratamento, o uso generalizado do DTG pode diminuir os custos da terapia de primeira linha para HIV, segundo o UNAIDS. Os medicamentos de primeira linha são as primeiras opções feitas por médicos para lidar com o vírus. De acordo com o programa das Nações Unidas, a adoção do Dolutegravir poderia ainda reduzir a necessidade de recorrer aos regimes de tratamento de segunda e terceira linhas, mais caros.

O programa para expandir a cobertura da terapia anti-HIV é fruto de uma cooperação entre o UNAIDS, os governos da África do Sul e do Quênia, o Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para o Alívio da AIDS (PEPFAR), a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), as empresas Mylan Laboratories Limited e Aurobindo Pharma, a Fundação Bill & Melinda Gates, o Departamento de Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID), a UNITAID, a Iniciativa Clinton de Acesso a Saúde (CHAID) e o Fundo Global de Combate à AIDS, Tuberculose e Malária.

“Este acordo irá melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas vivendo com o HIV”, avaliou o diretor-executivo do UNAIDS, Michel Sidibé. “Para alcançar as metas de tratamento 90-90-90, novas opções de tratamento mais acessíveis e eficazes devem estar disponíveis, de Baltimore a Bamako, sem nenhuma demora.”

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, afirmou que “a OMS celebra este acordo que permitirá alcançar milhões de pessoas com medicamentos melhores, mais acessíveis e duradouros para o HIV”. “Isso salvará vidas para os mais vulneráveis, aproximando o mundo da eliminação do HIV.”
Inovação em um único comprimido

O regime genérico oferece, em um única pílula diária, uma combinação de dose fixa dos compostos tenofovir disoproxil fumarato, lamivudina e dolutegravir. O tratamento foi desenvolvido pelas companhias Mylan e Aurobindo por meio de acordos de licenciamento com a ViiV Healthcare, a desenvolvedora original do DTG. Recentemente, as duas empresas receberam uma aprovação provisória da agência de vigilância dos EUA para o uso de sus produtos no âmbito do PEPFAR.

Estudos clínicos demonstraram que as fórmulas de tratamento que usam o DTG levam a uma supressão mais rápida da carga viral, resultam em menos efeitos colaterais e têm índices melhores contra a resistência aos fármacos do que os regimes atuais usados ??em países de renda média e baixa.

“As consideráveis ??reduções de preços podem nos render economias de até 900 milhões de dólares nos próximos seis anos, o que significa que podemos iniciar mais pacientes no tratamento com a mesma quantidade de recursos”, afirmou o ministro da Saúde da África do Sul, Aaron Motsoaledi.

A Fundação Bill e Melinda Gates concluiu recentemente acordos de preços com a Mylan e a Aurobindo. Objetivo das negociações era acelerar a disponibilidade da nova combinação para o setor público em mais de 90 países de renda média e baixa, com preços reduzidos.

Algumas estimativas apontam para uma expectativa de economia de mais de 1 bilhão de dólares para o setor estatal nos próximos seis anos, em função desses compromissos que estabelecem um teto para o preço do Dolutegravir.

“Esta parceria inédita, a maior desse tipo já vista na saúde global, vai transformar milhões de vidas, tornando o medicamento altamente eficaz mais acessível para países com o maior número de pessoas vivendo com HIV”, explicou a diretora-executiva da Fundação, Sue Desmond-Hellmann.

Noventa e dois países estão cobertos pelos acordos de licenciamento e redução de custos das farmacêuticas parceiras. O conjunto dessas nações responde por mais de 90% de toda a população vivendo com HIV em países de média e baixa renda.

Para familiarizar profissionais de saúde com o medicamento em situações onde os recursos são limitados, a UNITAID, começou, ao final de 2016, a disponibilizar comprimidos genéricos com DTG em três países pioneiros na adoção do medicamento — Quênia, Nigéria e Uganda. Iniciativa contou com o apoio da Iniciativa Clinton de Acesso a Saúde.

Consulta pública sobre medicamentos vai até 30 de setembro

Por Redação VitóriaNews
25 de Setembro de 2017 às 09h43

Continua aberta no portal oficial da Prefeitura de Vila Velha na internet, a consulta pública número 008/2017, para a revisão da padronização de medicamentos no município. Se você é profissional da saúde da PMVV, pode contribuir com a sua opinião. O profissional pode acessar o formulário clicando aqui, ler as orientações e registrar a sua opinião.

Esta consulta pública vai recolher contribuições dos profissionais da rede municipal de Saúde de Vila Velha, dos prescritores e das demais pessoas da administração local que lidam com produtos farmacêuticos, para a revisão da padronização de medicamentos no município.

Orientações

Para que esses profissionais participem e contribuam, o “Formulário de solicitação de revisão da REMUME”, que segue em anexo, deverá ser preenchido com todas as informações solicitadas, sem deixar de citar as referências bibliográficas que embasaram a solicitação de inclusão e/ou exclusão do(s) medicamento(s), e encaminhados, até 30 de setembro corrente, à Coordenação de Assistência Farmacêutica – CMFT, pelo e-mail caf.saude@vilavelha.es.gov.br.

Dessa forma, as solicitações de revisão da padronização de medicamentos serão avaliadas pela CMFT e, se preciso, discutidas nos encontros com as equipes de cada setor.

Em caso de dúvida, os profissionais poderão contatar a Coordenação de Assistência Farmacêutica Municipal por meio do e-mail acima citado e/ou pelo telefone (27) 3239-1510.

É importante ressaltar que a avaliação das solicitações de revisão, pela CMFT, seguirá os critérios que caracterizam a seleção de medicamentos, ou seja, critérios epidemiológicos, técnicos e econômicos, visando assegurar a aquisição de medicamentos seguros, eficazes e de custo-efetivo, com a finalidade de racionalizar seu uso, harmonizar condutas terapêuticas, direcionar o processo de aquisição e as políticas farmacêuticas praticadas pelo serviço da saúde do município.

Latam Cargo Brasil faz parceria com rede Pague Menos em serviço de entrega rápida

Estadão Conteúdo
25.09.17 – 13h02

A Latam Cargo Brasil fechou uma parceria com a Pague Menos para oferecer, nas farmácias da rede, o serviço Ajato, voltado ao transporte expresso de mercadorias de pequeno porte (até 15 quilos).

A parceria terá início no Rio Grande do Norte. Haverá pontos de venda do produto Ajato em quatro lojas da Pague Menos no Estado, localizadas na capital, nos bairros de Petrópolis e Ponta Negra, e nas cidades de Mossoró e Currais Novos.

Em nota, a empresa afirmou que a escolha do Rio Grande do Norte ocorreu com base na “boa capilaridade” e “logística terrestre eficiente” do L’auto Cargo, operador que atende a Pague Menos no local. Também foram levadas em conta a expertise, reputação e distribuição da rede de farmácias no Estado, onde dispõe de 40 lojas.

A Latam Cargo informou ainda que a participação de mercado da empresa em cargas originadas em Natal cresceu 2,2 pontos porcentuais no primeiro semestre de 2017 em comparação com igual período de 2016, passando de 46% a 48% de participação de mercado.

No Brasil, a Latam Cargo é líder no mercado de transporte aéreo de cargas, com market share de 43,6%.

Setenta tipos de medicamentos distribuídos pela Farmácia de Minas estão em falta, diz superintendência

De abril de 2016 até agosto deste ano, o MGTV fez nove reportagens mostrando o drama de quem precisa dos remédios. E o problema parece estar longe do fim.

Por MGTV, Belo Horizonte

22/09/2017 14h22

Setenta tipos de medicamentos estão em falta na Farmácia de Minas, em Belo Horizonte

Pelo menos 70 tipos de medicamentos distribuídos pelo programa Farmácia de Minas estão em falta no estado. Alguns não são encontrados há mais de sete meses, segundo os pacientes. A falta de informação e a longa espera causam indignação em quem depende desses remédios.

Todos os meses, o marceneiro Maurício Machado Silva vai até a Farmácia de Minas para pegar medicamentos para a mulher dele, que tem artrite. Mas, dessa vez, ele voltou para casa sem um dos principais remédios para combater as dores.

A gerente comercial Lucilene Ferreira estava em busca do mesmo medicamento e saiu preocupada. Segundo ela, o remédio é caro e, sem a distribuição, a situação dos pacientes fica difícil.

No caso da dona de casa Maria José Duarte, a preocupação é com a saúde da mãe que tem Alzheimer. Ela também foi informada que não há previsão de quando o medicamento deve chegar, e a compra não estava prevista no orçamento. Sem o medicamento, ela teme que a doença avance mais rápido.

As reclamações por causa da falta de medicamentos são antigas. De abril de 2016 até agosto deste ano, o MGTV fez nove reportagens mostrando o drama de quem precisa dos remédios distribuídos de graça pela Farmácia de Minas. E o problema parece estar longe do fim.

Todos os dias, a dona de casa Daniela dos Santos liga antes para saber se o medicamento anticonvulsivo da filha, de 16 anos, está disponível. São necessárias cinco caixas de por mês. Para não prejudicar a saúde da filha, ela tem que gastar, com a ajuda da família, R$ 400. A situação causa revolta.

De acordo com a Superintendência de Assistência Farmacêutica, dos 70 tipos de medicamentos que estão em falta, cerca de trinta deles devem voltar a ser fornecidos, a partir do mês que vem.

“Temos alguns itens em falta, que parte deles, é de aquisição por parte do Ministério da Saúde. Então, é uma dificuldade que eles estão encontrando, mas já está sendo resolvida. A outra parte são medicamentos que a gente está com pendência financeira com fornecedor, diante da dificuldade financeira que o estado vem passando. Mas a gente também já está trabalhando junto aos fornecedores para regularizar o abastecimento”, disse a superintendente de Assistência Farmacêutica, Daniela Aguiar.

Ela explicou ainda a situação dos medicamentos que não foram encontrados pelos pacientes mostrados na reportagem.

“O golimumabe, a gente recebeu ontem [quinta-feira] pelo Ministério da Saúde, foi entregue ontem. E, hoje [ sexta-feira] já vamos proceder a distribuição para as farmácias regionais. A donepezila não está em falta, ela está abastecida, nós atendemos 100% dos pedidos solicitados. E a lamotrigina é um dos casos de pendência financeira com o fornecedor. Estamos atuando junto a ele para resolver”, disse.

Questionada sobre a falta da donepezila, ela informou que ele pode ter sido procurado no momento do intervalo de abastecimento da farmácia.

Judicialização da Saúde: seminário discute parâmetros para a concessão judicial de medicamentos

Publicado por Justiça Federal do Estado de Alagoas

O Seminário “A Judicialização da Saúde no Brasil”, promovido, na terça (19) e quinta-feira (20), no Tribunal Regional Federal da 5ª Região – TRF5, trouxe ao debate temas como os parâmetros para a concessão judicial de medicamentos. Quais os critérios que devem ser adotados na hora do magistrado decidir? O evento, que reuniu membros das carreiras jurídicas, magistrados, procuradores, defensores públicos e servidores federais, foi realizado pela Escola de Magistratura Federal da 5ª Região (Esmafe), em parceria com a Escola da Advocacia-Geral da União.

O desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), Renato Dresch, informou que naquele estado foi necessário tomar medidas de aperfeiçoamento para enfrentar o aumento no número de demandas da área de saúde que chegam ao Judiciário. De dezembro de 2016 a agosto deste ano, houve um aumento de 10,73% no número de novas ações no TJMG, referentes a demandas na área de saúde pública, o que representa 3.116 processos. Entre as medidas adotadas, segundo o desembargador, foi firmado um Termo de Cooperação Técnica entre o TJMG e o Comitê de Saúde para instituir câmaras de conciliação e de apoio técnico em todo o estado. Além disso, o TJMG mantém um banco de dados com informações acessíveis para o público interessado, como pareceres, notas e respostas técnicas.

O segundo palestrante da manhã de hoje, o diretor da Esmafe, desembargador federal Edilson Nobre, ressaltou sua preocupação com o controle judicial em áreas técnicas, a exemplo da medicina. “Eu acho que o juiz deve saber aplicar a lei com sabedoria. Sou um crítico da judicialização em diversas áreas. Nós temos que deixar que a administração execute a política pública. Precisamos repensar a atuação do Judiciário. O Governo precisa estabelecer políticas públicas para garantir saúde à sociedade”, enfatizou. Para a representante do Ministério da Saúde, a médica Maria Inez Gadelha, que trouxe dados sobre tratamentos oncológicos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), há uma judicialização excessiva por conta da falta de informações técnicas. A médica afirmou que 1/3 dos casos de câncer, por exemplo, não é curável.

Em seguida, o desembargador federal Rubens Canuto (TRF5) falou sobre as dificuldades no momento de decidir demandas na área de saúde. “O juiz, assim como os operadores do Direito, de um modo geral, não estão preparados para decidir questões de ordem técnica. Nós, no processo judicial, somos, praticamente, reféns do que nos dizem os especialistas na área, seja o Ministério da Saúde, ao dar subsídios para a defesa a ser apresentada pela União em Juízo, sejam os peritos judiciais ou os médicos assistentes das partes, que emitem laudos e atestados para subsidiar seus pleitos judiciais ou administrativos. É muito difícil para qualquer profissional do Direito – que não tem conhecimento e não precisa ter, para isso existe o perito – deliberar contra atestados, requisições ou laudos médicos que sinalizam para a adequação e eficácia de determinado tratamento médico”, destacou Canuto.

Rubens Canuto salientou, ainda, que cada caso é um caso, a ser analisado individualmente. “Eu me preocupo em analisar cada caso concreto, porque cada demanda de fornecimento de medicamento é um caso diferente e merece análise específica. Em cada um deles eu faço uma análise ponderada dos bens jurídicos em disputa e, constatando que, naquele caso concreto deve prevalecer o direito à vida e há uma determinação de fornecimento de medicamento não constante na relação do SUS, eu concedo”.

A advogada da União Flávia Lima falou dos riscos da intervenção judicial nas políticas públicas. Ela apresentou dados que indicam que o Ministério da Saúde gastou, nos últimos sete anos, mais de R4$ 4 bilhões para cumprir determinações judiciais, como compra de medicamentos, realização de tratamentos, entre outros. E, finalizando o seminário, a procuradora do Estado de Pernambuco, Catarina Ribeiro, citou números referentes aos gastos do Estado com a saúde. “Só em 2015, o estado de Pernambuco gastou R$ 120 milhões com a judicialização, enquanto o investimento na assistência farmacêutica atingiu o valor de R$ 39 milhões”, concluiu, sugerindo que é preciso observar a razoabilidade nas decisões.

Autor: Divisão de Comunicação Social do TRF5

Hospitais continuam desabastecidos

Publicação: 2017-09-22

Superlotação, falta de insumos, medicamentos, alimentação e fechamento de unidades de UTI são cenas que se repetem dia a dia na maior parte dos hospitais da rede Estadual do Rio Grande do Norte. Passados 90 dias da publicação do decretou calamidade pública no Estado pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN), o cenário permanece crítico – quase inalterado – nos maiores hospitais administrados pela pasta. No Hospital Dr. José Pedro Bezerra, também conhecido como Santa Catarina, na zona Norte de Natal, a situação não era diferente na manhã de ontem (21).

Hospital Santa Catarina atendeu, de 1º de janeiro até a manhã de ontem, 24.750 pessoas, dos quais 10.750 vieram do interior do RN

Nos corredores do hospital, que atende pacientes da zona Norte e do interior do RN, os corredores do setor de obstetrícia e clínica médica eram ocupados com macas de pacientes que deveriam estar internados em leitos. A unidade de saúde tem capacidade para abrigar 200 leitos, mas na manhã de ontem cerca de 250 pessoas estavam internadas. “Temos que acabar com a cultura de que corredor é lugar de internação”, reclamou o diretor administrativo e financeiro do hospital, Antônio Alves.

Segundo o gestor, os fatores que levam à falta de alimentos, insumos e medicamentos são a constante superlotação do hospital e trâmites burocráticos para licitações e compras. “O hospital está lotado e o paciente não espera. Não tem medicação, nem alimento que chegue. É uma luta diária para fazer mágica com o que temos”, frisou Antônio Alves.

Desde 1º de janeiro deste ano até a manhã de ontem, o hospital atendeu 24.750 pessoas, destes 14 mil eram de Natal, outros 10.750 restantes vieram do interior do RN, ou em ambulâncias municipais ou em veículos particulares. Os municípios que mais enviaram pacientes foram São Gonçalo do Amarante, com 2 mil pacientes, Ceará-Mirim, que levou 1.323 pessoas e Macaíba com 939. “A porta é regulada, para cá deveriam vir os pacientes mais graves. Mas as pessoas chegam, muitas vezes do interior, e temos que receber”, avaliou Alves.

Os problemas não se restringem à falta de estrutura física no Hospital Santa Catarina. A carência de medicamentos e insumos é um problema constante, sentido pelos pacientes mas também pelos profissionais que trabalham no local. O chefe da Clínica Médica, Reinaldo Carlos, disse que não é incomum ver pacientes comprando a própria medicação. “Eles sentem e a gente sente também. É uma luta diária fazer muito com o pouco que temos. A superlotação acaba afetando a saúde dos médicos, que ficam sobrecarregados”, lamentou o médico. Ele disse que medicações como “Monocordil”, usado para insuficiência cardíaca estava em falta ontem. “Já solicitamos, mas isso leva um tempo para sair”, disse.

Chefe da Clínica Médica do Hospital Santa Catarina, Reinaldo Carlos problemas causados pela falta de insumos

O coordenador geral do Sindicato dos Servidores da Saúde do RN (SindSaúde), Manoel Egídio, reclamou da demora para aplicação dos R$ 56 milhões recebidos pela Sesap, por parte do Ministério da Saúde, após o decreto de calamidade. “A nossa percepção é que esse dinheiro não trouxe nenhuma melhoria efetiva no serviço. Não estamos vendo na prática as melhorias que esse decreto deveria trazer”, refletiu Manoel Egídio”, disse ele.

Os problemas de superlotação e falta de medicamentos e alimentação para pacientes, funcionários e acompanhantes são vistos em todos os hospitais da rede estadual, de acordo com o coordenador do Sindsaúde. “As unidades ainda trabalham com déficit, não houve um efetivo abastecimento que trouxesse melhoria. As UTIs que estavam desativadas, continuam do mesmo jeito. O feijão está faltando há seis meses, e vão vemos reposição”, afirmou.

Calamidade
O decreto de calamidade publicado em 6 de junho pelo Governo do RN teve objetivo de recolocar a Saúde pública nos trilhos até o final do ano. O RN recebeu em julho o primeiro repasse do Ministério da Saúde, de R$ 56 milhões, para sanar os problemas prioritários da saúde pública. O valor total é de R$ 150 milhões, mas o Governo Federal dividiu o pagamento em três parcelas.

Cerca de 30% da dívida acumulada pela Sesap desde 2016, cerca de R$ 15 milhões, é referente a débitos com fornecedores de insumos e medicamentos – os R$ 35 milhões restantes irão quitar serviços terceirizados prestados nas unidades e gastos com manutenção de veículos. O Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, é uma das unidades que espera aporte de R$ 5 milhões.

A curto prazo, a Sesap elencou as seguintes prioridades: instalação imediata de 30 leitos de UTIs (20 em Natal e 10 em Mossoró); aquisição de insumos de uso hospitalar; abastecimento da Unidade Central de Agentes Terapêuticos (Unicat); troca de parte da frota de ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e realização de mutirão para zerar a fila de espera por cirurgias eletivas.

Pedido de entrevista
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE tentou, ontem, entrevistar o secretário estadual de Saúde, George Antunes, para que comentasse a situação de calamidade e o que já tinha sido feito com os R$ 56 milhões, mas foi informada através da assessoria de imprensa que “tinha muitos compromissos, e terá que levantar algumas informações para poder dar a entrevista. A reportagem também ofereceu a possibilidade da Sesap responder aos questionamentos através de coordenadores de hospitais, o que também não foi viabilizado pela Assessoria.

Plano de saúde não terá de ressarcir cliente por gastos com medicamento importado sem registro na Anvisa

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reafirmou o entendimento, já consagrado na jurisprudência, sobre a impossibilidade de se obrigar uma operadora de plano de saúde privado a custear medicamentos importados sem registro nacional.

Ao analisar mais um recurso sobre o tema, os ministros deram parcial provimento ao pedido da operadora para afastar da condenação a indenização por danos morais pelo não fornecimento do fármaco e o ressarcimento dos valores gastos pelo paciente até a data do registro do medicamento na Anvisa.

No caso, o paciente necessitou do Avastin, que só teve o registro nacional deferido pela Anvisa em maio de 2005. Na visão do relator, ministro Villas Bôas Cueva, não era possível obrigar a operadora a custear um medicamento importado sem registro na Anvisa, situação que perdurou do início do tratamento, em 2004, até o deferimento do registro.

“Assim, após o registro, a operadora de plano de saúde não poderia recusar o tratamento com o fármaco indicado pelo médico assistente. Todavia, em data anterior ao ato registral, não era obrigada a custeá-lo”, explicou o ministro.

A obrigação de ressarcir as despesas do paciente foi mantida para o período compreendido entre o registro do medicamento e o final do tratamento. Segundo o ministro, não é possível negar o fornecimento de fármaco com registro nacional que seja considerado pelo médico responsável essencial ao tratamento, pois isso equivaleria a “negar a própria essência do tratamento, desvirtuando a finalidade do contrato de assistência à saúde”.

Regras sanitárias

Villas Bôas Cueva lembrou que a Lei dos Planos de Saúde excepciona o pagamento de medicamentos importados não nacionalizados, como era o Avastin. O ministro destacou que eventual fornecimento no período pré-registro seria uma infração sanitária.

“A exclusão da assistência farmacêutica para o medicamento importado sem registro na Anvisa encontra também fundamento nas normas de controle sanitário. Isso porque a importação de medicamentos e outras drogas, para fins industriais ou comerciais, sem a prévia e expressa manifestação favorável do Ministério da Saúde constitui infração de natureza sanitária, não podendo a operadora de plano de saúde ser obrigada a custeá-los em afronta à lei”, disse.

Segundo o magistrado, o Código de Defesa do Consumidor não justificaria o fornecimento ou ressarcimento neste caso, já que devido aos critérios de especialidade e cronologia da legislação, “há evidente prevalência da lei especial nova” – no caso, a Lei dos Planos de Saúde, que prevê a exceção.

Dano moral

Quanto à condenação por danos morais, o ministro salientou que não são todas as situações de negativa de cobertura que geram dano indenizável, pois em muitos casos não há certeza acerca da obrigação do prestador de serviço com o cliente.

“Há situações em que existe dúvida jurídica razoável na interpretação de cláusula contratual, de forma que a conduta da operadora, ao optar pela restrição da cobertura sem ofender os deveres anexos do contrato – como a boa-fé –, não pode ser reputada ilegítima ou injusta, violadora de direitos imateriais, o que afasta qualquer pretensão de compensação por danos morais”, concluiu o relator.
Leia o acórdão.

Esta notícia refere-se ao(s) processo(s): REsp 1632752

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