Falta de medicamento no AP impede que paciente continue tratamento contra câncer

Fluorouracila é utilizada nas sessões de quimioterapia. Secretaria de Saúde diz que produção do remédio foi cancelada pelos laboratórios; médicos da Unacon deverão prescrever outra fórmula.

Por Jéssica Alves, G1 AP, Macapá

17/07/2017 07h45

Sem dar continuidade ao tratamento há três meses, a vendedora Janilda dos Santos enfrenta aos 27 anos a batalha contra um câncer nos ovários e intestino. A doença foi descoberta em dezembro e ela depende de uma medicação específica para fazer as sessões de quimioterapia. O remédio está em falta na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) do Hospital de Clínicas Alberto Lima (HCAL), em Macapá.

De acordo com o pai da paciente, Elias Nogueira, de 56 anos, Janilda precisa de pelo menos seis doses, por sessão, de um medicamento chamado fluorouracila, que inibe o crescimento de células cancerígenas. Ele diz que desde abril vai quase todos os dias a Unacom em busca do remédio, mas sem sucesso.

“A administração do hospital sempre informa que vai conseguir os medicamentos, mas chego lá e não consigo. Ela iniciou a quimioterapia em janeiro. Mas com a falta do remédio, o tratamento foi interrompido”, disse Nogueira.

Sobre a falta do medicamento, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) disse, em nota, que "orienta aos pacientes que retornem ao médico para substituição da prescrição do medicamento sem que haja prejuízo com relação ao tratamento".

A Sesa explicou ainda que os laboratórios responsáveis pela produção do medicamento encaminharam à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o cancelamento definitivo e/ou temporário, sem previsão de retorno".

A paciente fez uma cirurgia, em janeiro, para retirar um tumor, mas não houve melhora, de acordo com a família. A vendedora está afastada do trabalho desde dezembro, devido à dores no intestino e dificuldades para se alimentar.

“Não tenho condições de comprar os medicamentos porque eles custam muito caro. Até pedi encaminhamento para que ela fosse transferida para outra cidade, mas o hospital diz ter o tratamento no estado. Mas onde estão os medicamentos e porque não são fornecidos a quem precisa?”, questionou.

O que fazer quando um medicamento some das farmácias

Fabricantes devem avisar a Anvisa sempre que houver risco de desabastecimento

por O Globo
17/07/2017 13:00 / Atualizado 17/07/2017 13:46

RIO – Quantas vezes um paciente vai atrás de um medicamento e, após correr por várias redes de farmácia, não o encontra? Uma dor de cabeça a mais, com certeza. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Brasil tem cerca de 25 mil medicamentos registrados, sendo que desses pelo menos 12 mil foram comercializados em 2016. Isso sem contar os homeopáticos, fitoterápicos, odontológicos, polivitamínicos e produtos notificados. Mas, mesmo com tantos registros no mercado, em alguns momentos, pacientes e usuários de medicamentos podem ter dificuldade para encontrar o produto que precisam.

De acordo com a agência reguladora, Isso pode acontecer por alguns motivos. Mas, sempre que o consumidor perceber que um medicamento sumiu do mercado, é importante procurar a empresa fabricante para saber o motivo do desabastecimento. Se a resposta não for satisfatória, a orientação é procurar a Anvisa para se informar sobre o caso ou fazer uma denúncia.

O que fazer quando um medicamento some das farmácias

A Anvisa não pode obrigar um fabricante a manter um produto no mercado, mas os laboratórios são obrigados a informar sempre que houver risco de um produto sair das prateleiras e deixar pacientes sem tratamento. Esse aviso deve ser feito com, pelo menos, 12 meses de antecedência, quando houver risco de desabastecimento. É o caso de medicamentos únicos no mercado ou que representam uma fatia importante do abastecimento. Neste caso, a empresa deve manter o abastecimento durante os 12 meses. Quando a interrupção for por motivo não previsível, este aviso deve ser feito em até 72 horas depois do fato que prejudica o fornecimento.

O que fazer quando não encontrar um medicamento

Caso não encontre o medicamento que procura, o consumidor deve entrar em contato com Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) do laboratório para saber onde o medicamento pode ser encontrado na sua cidade e se está ocorrendo algum problema. Consulte a lista de Descontinuação de Medicamentos. Pela lista, é possível saber se o laboratório informou que o produto terá interrupção na sua produção e quando isso aconteceu. Se o consumidor suspeitar que o laboratório não informou corretamente sobre a falta do produto ou que não está ocorrendo o abastecendo adequado da sua região, ou mesmo que a empresa não está cumprindo o prazo de seis meses, acione a Anvisa pelo Fale Conosco

Como fica o tratamento do consumidor?

A maior parte dos medicamentos do mercado possui genéricos ou similares. Se o consumidor tiver uma receita médica com o nome genérico do produto, ele pode procurar o farmacêutico para que ele dê orientações sobre algum produto intercambiável. POde também procurar seu médico para ter orientações sobre a substituição do medicamento. No caso daqueles que são únicos no mercado, pode ser necessário a avaliação profissional para alterar o tratamento.

Motivos para que o medicamento não seja encontrado

São vários os motivos pelos quais um medicamento não seja encontrado no mercado, como ainda não existir registro no Brasil ou este ter sido cancelado, diz a Anvisa. Há ainda a possibilidade de o laboratório ter parado de fabricar o produto; haver problemas de distribuição do medicamento em sua cidade; o laboratório ter parado temporariamente de produzir o produto; ou o medicamento ter sido retirado do mercado pela Anvisa por problemas na qualidade.

Nova Mutum: Compra de Medicamentos via consórcio é orientada pelo Tribunal de Contas e Ministério Público

Publicado em 14/07/2017 às 14:22 | ASSESSORIA

A compra centralizada de medicamentos para abastecer o Sistema de Atendimento a Saúde Pública em Mato Grosso é defendida pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT) e o Ministério Público Estadual (MPE). O intuito é acabar com o cartel por parte de empresas que atuam neste segmento e ainda garantir o princípio da economicidade por parte das prefeituras municipais.

A Secretaria de Controle Externo de Auditores Especiais do TCE-MT elaboraram uma minuta com os termos de compra, com base nas orientações técnicas do Consórcio Paraná Saúde, que foi criado há mais de 18 anos e se tornou uma referência para a área de gestão de aquisições e distribuição de medicamentos da farmácia básica para as redes públicas em todo País.

No dia 07 de abril deste ano, uma reunião na Assembleia Legislativa reuniu os presidentes do Tribunal de Contas, o conselheiro Antonio Joaquim do Legislativo Estadual, deputado Estadual Eduardo Botelho, o procurador Geral de Justiça Mauro Curvo, o presidente da AMM, Neurilan Fraga e o assessor Especial da secretaria de Saúde do Estado Vagner Simplício, para debaterem o teor da minuta do Termo de Cooperação que subsidiará a compra de medicamentos via Consórcio.

Diante dessas orientações a Prefeitura de Nova Mutum, integrante do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Teles Pires aderiu a compra de medicamentos via consórcio. Por esse modelo todas as prefeituras que fazem parte do Consórcio efetuam suas compras em conjunto, uma medida inicialmente burocrática, mas com grandes avanços no princípio da economicidadem, uma vez que as compras são feitas em grande escala.

Por se tratar do primeiro consórcio em Mato Grosso a realizar esse procedimento uma série de adequações foram necessárias, para que as prefeituras pudessem aderir ao formato. Em junho todo processo licitatório foi concluído através de pregão eletrônico e as prefeituras já estão efetuando os empenhos para que as empresas vencedoras façam a entrega dos medicamentos.

O farmacêutico Rudney Rodrigues, responsável pela compra de medicamentos para as farmácias municipais, destaca que devido a organização para compra de medicamentos através deste modelo inovador, alguns dos 120 itens distribuídos pelo sistema público ficaram em falta. “Tivemos uma falta sim de alguns medicamentos, principalmente para hipertensos, mas em poucos dias tudo será solucionado, uma vez que já fizemos os pedidos de entrega”, afirma.

De acordo como farmacêutico esse modelo que Nova Mutum aderiu deve ser usado como exemplo pelo TCE-MT, para que as demais prefeituras sigam os mesmos tramites. “Sem dúvida é um modelo que será padrão para as demais prefeituras, as propostas por parte do TCE e Ministério Público é que toda compra de medicamentos das 141 prefeituras sejam feitas por único consórcio”, explica.

Justiça barra fornecimento de remédio não fornecido pelo SUS

16 de julho de 2017, 17h07

A Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Distrito Federal reverteu decisão que obrigava o Sistema Único de Saúde a fornecer medicamento que não consta em seu protocolo clínico e que havia recebido parecer desfavorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS.

A decisão determinava o fornecimento do medicamento Invega 6 mg (palminato de paliperidona), de acordo com a prescrição médica a ser apresentada pelo autor da ação no momento do recebimento da medicação. A Advocacia-Geral da União recorreu da decisão e destacou que a Conitec não recomendou a incorporação do medicamento ao SUS para o tratamento de esquizofrenia.

Os magistrados decidiram que deverá ser privilegiado o tratamento fornecido pelo SUS em detrimento de opção diversa escolhida pelo paciente. A Conitec é responsável por assessorar o Ministério da Saúde na incorporação, exclusão ou alteração de novos medicamentos. Com informações da Assessoria de Imprensa da AGU.

0044529-36.2014.4.01.340

Revista Consultor Jurídico, 16 de julho de 2017, 17h07

Catarinenses terão tratamento com remédio para prevenir HIV a partir de setembro

Projeto será implementado em oito estados e medicação será voltada para homens que fazem sexo com homens e mulheres transsexuais e travestis

Diário Catarinense

Um novo método para reduzir o risco de transmissão do vírus HIV começa a ser implantado no país. Um projeto vai fornecer o medicamento que ajuda na prevenção ao HIV e é indicado para pessoas não infectadas, mas que estejam em situação de vulnerabilidade ao vírus. A partir de setembro, 3 mil pessoas em oito Estados brasileiros, incluindo Santa Catarina, devem começar a receber os antirretrovirais. O projeto Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (ImPrEP) foi desenvolvido pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O Ministério da Saúde vai doar os antirretrovirais para os estados do Amazonas, de Pernambuco, da Bahia, de São Paulo, do Rio de Janeiro, Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

De início, o projeto irá atender 7,5 mil pessoas não infectadas do Brasil, México e Peru. Os remédios antirretrovirais serão administrados todos os dias para evitar a contaminação. Segundo a diretora do INI/Fiocruz, Valdiléia Veloso, o público-alvo da medida são homens que fazem sexo com homens e mulheres transsexuais e travestis.

A duração do projeto será de três anos, com a participação de instituições de ensino e pesquisa dos três países e financiamento de US$ 20 milhões da Unitaid, uma iniciativa global sem fins lucrativos que atua no incentivo de novos métodos para prevenção, diagnóstico e tratamento de HIV/Aids, tuberculose e malária.

A Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive-SC) diz que ainda não tem mais informações sobre como irá funcionar o projeto e quantos catarinenses serão atendidos. Uma reunião está marcada em Brasília, nos dias 22 e 23 de agosto, para abordar a implementação da PrEP no SUS, informa a Dive-SC.

Florianópolis está entre as primeiras cidades a oferecer o PrEP

A estratégia de prevenção ao HIV com medicamentos foi incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) em maio deste ano e estará disponível nos serviços de saúde até o final de 2017, conforme o prazo estabelecido.

Inicialmente, a estratégia será implantada em 12 municípios e, gradativamente, será expandida para todo o país. As primeiras cidades a oferecer o medicamento serão: Porto Alegre; Curitiba; São Paulo; Rio de Janeiro; Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Manaus, Brasília, Florianópolis, Salvador e Ribeirão Preto.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda, desde 2012, a oferta da pré-exposição para casais soro diferentes, gays; homens que fazem sexo com homens; profissionais do sexo e pessoas transgêneros (travestis e transexuais), consideradas populações-chaves.

Estoque de medicamentos regular

Autor: Matheus Moraes

Apesar de atraso no recebimento de remédios para tratamento da aids em outras regiões do Estado, Passo Fundo e municípios próximos estão com estoques garantidos até a próxima remessa do Ministério da Saúde

O atraso no recebimento dos medicamentos para tratamento da doença da aids – transmitida pelo vírus HIV – que ocorre em algumas regiões do Estado não chegou a Passo Fundo, segundo a 6a Coordenadoria Regional de Saúde (CRS). Em outras localidades, sobretudo na região metropolitana, há receio de pacientes pelo não recebimento do remédio, o que retardaria o tratamento, cujo não pode ser interrompido. A Secretaria Municipal de Saúde, que recebe os medicamentos do Estado para repasse, afirma que o Ministério da Saúde reconhece dificuldades de fornecimento, mas nega atraso aos pacientes.

Todos os remédios de tratamento do HIV são recebidos na Unidade de Dispensação de Medicamentos (UDM) de Passo Fundo para abastecimento na cidade. De acordo com a coordenadora regional da DST/Aids, da 6a CRS, Julmara Trindade Cecconello, cada paciente recebe um medicamento específico para o tratamento. Ela explica que o Ministério da Saúde solicita a demanda de cada região para o fornecimento. “Existe uma tabela com cada medicamento específico. Dentro dela, recebemos um número x de frascos que são repassados”, explica. Em Passo Fundo, atualmente, são pelo menos 1,3 mil pacientes que recebem os remédios.

A compra dos medicamentos e seu repasse é realizado a cada quatro meses pelo Ministério da Saúde. Segundo a coordenadora regional da 6a CRS, Julmara Cecconello, a remessa atual está na iminência de seu término. No entanto, ela garante que a medicação está chegando no município, o que fará com que não falte nas próximas semanas. “Está para terminar, mas estão chegando os medicamentos. O que acontece em outras regiões não é o caso da nossa Coordenadoria. Essa falta de medicamentos não chegou na nossa região”, relata. Ela diz, ainda, que a entrega da medicação está dentro do prazo da última remessa.

O secretário municipal de Saúde, Luiz Artur Rosa Filho, entrou em contato com o Ministério da Saúde nessa semana para coletar informações a respeito do assunto. De acordo com ele, o órgão reconheceu dificuldades de fornecimento nos últimos meses, mas deixou claro que não faltará medicamento na região. “O que acontece em alguns municípios do Estado e em alguns Estados do país, de faltar medicamento, não acontece aqui. Não é o caso de Passo Fundo. Nós temos estoque garantido até o fim do mês”, garante. A nova compra e distribuição de remédios deve ser realizada na troca do próximo mês.

Lagoa Vermelha terá UDM

Apenas Passo Fundo e Carazinho possuem Unidade de Dispensação de Medicamentos (UDM) na região. De acordo com Julmara, a DST/Aids recebe a medicação, confere a quantidade de frascos recebidos e repassa para as UDMs da região. Segundo ela, o Estado implanta uma unidade para instalação em Lagoa Vermelha, em razão de que o município já possui mais de 100 pacientes, portanto, está apto para ter unidade própria de dispensação.

Justiça pede recolhimento de remédio oferecido pelo SUS sem eficácia comprovada

O Ministério da Saúde disse que "está à disposição das autoridades para informar sobre o processo de compra, realizado em conformidade com a legislação"
Por Weruska Goeking 13 jul, 2017 11h03

SÃO PAULO – O MPF/SP (Ministério Público Federal de São Paulo) entrou com ação para que a União recolha imediatamente o medicamento LeugiNase, distribuído a hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde) para o tratamento de leucemia linfoide aguda.

Segundo o MPF, a medicação, de origem chinesa, foi adquirida sem licitação embora não haja nenhuma comprovação sobre sua eficácia científica e segurança sanitária. “O LeugiNase foi comprado pelo Ministério da Saúde em substituição ao medicamento japonês/alemão Aginasa, que já era utilizado pelo SUS desde 2013, com resultados positivos de até 90% de cura”, conta o MPF.

Tanto o LeugiNase quanto o Aginasa são nomes comerciais de uma medicação essencial no tratamento da leucemia linfoide aguda – um dos tipos de câncer mais comuns em crianças e adolescentes, com cerca de 4 mil novos casos por ano no Brasil.

O medicamento correto, junto com outras quatro drogas, tem taxas de cura entre 70% e 90%. No entanto, quando um dos componentes da quimioterapia é falho, esse índice cai para menos de 50%, conta o MPF, destacando que a falta de eficácia do LeugiNase ameaça a vida de milhares de crianças.

Segundo testes realizados pelo LNBio (Laboratório Nacional de Biociências) e pelo laboratório norte-americano MSBioworks, o remédio chinês contém grau elevado de impurezas, apresentando 41 proteínas contaminantes contra seis de seu concorrente japonês/alemão.

Também foram identificadas irregularidades na bula do LeugiNase e ausência de literatura técnico-científica sobre ele. Além disso, o medicamento não possui registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

O órgão regulador, apesar de ter autorizado a importação excepcional, afirmou que não dispõe das informações técnicas necessárias para emitir parecer conclusivo sobre o produto. De acordo com o Ministério da Saúde, o remédio chinês possui registro sanitário em Honduras, Peru, Índia, Uruguai e na própria China.

Problemas na licitação
O MPF também afirma que o processo de aquisição dos medicamentos, realizado em 2016, foi marcado por “inúmeras irregularidades”. Na ocasião, o Ministério da Saúde dispensou a licitação, argumentando se tratar de uma compra emergencial.

No entanto, o MPF alega que a pasta tivera 17 meses para normalizar o abastecimento da medicação e foi “negligente ao não realizar procedimento licitatório regular”.

As irregularidades envolvidas na compra do remédio chinês são objeto de inquérito da Polícia Federal, envolvendo a empresa uruguaia Xetley, responsável pela distribuição do produto no Brasil.

Segundo as investigações, a fornecedora não possui estrutura física em Montevidéu e, no Brasil, seu representante está instalado num pequeno e precário escritório de contabilidade em Barueri (SP). Além disso, a empresa não possui funcionários cadastrados. 

Para a procuradora da República Daniela Gozzo de Oliveira, autora da ação, tais constatações reforçam a insegurança relacionada ao medicamento. “Caso ocorram problemas ou danos, como reações adversas e até a morte de pacientes, o consumidor brasileiro não terá a quem recorrer”.

Outro lado
O Ministério da Saúde informou que a orientação para a compra da medicação continua a mesma. “Entre produtos com as mesmas qualificações será adquirido o de menor preço, exatamente como foi feito na oferta da Leuginase”, afirma. 

O Ministério disse ainda que já respondeu ao MPF e “está à disposição das autoridades para informar sobre o processo de compra, realizado em conformidade com a legislação”. 

A pasta afirma ainda que a medicação tem atividade enzimática comprovada por seis diferentes laboratórios, entre eles o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). “A análise ainda mostrou que não foram encontrados contaminantes bacterianos que podem causar danos ao usuário”, explica.

Audiência aponta baixo retorno econômico como causa da escassez de penicilina

Da Redação | 13/07/2017, 15h57 – ATUALIZADO EM 13/07/2017, 18h32

Apenas quatro empresas no mundo produzem insumos para remédios que tem como princípio ativo a penicilina, antibiótico não mais protegido por patente e com baixo retorno econômico, inclusive para os laboratórios nacionais que fabricam medicamentos a partir dessa matéria-prima. Esse contexto explica o quadro de desestímulo à produção e a atual crise de abastecimento, segundo convidados de audiência pública nesta quinta-feira (13) na Comissão de Direitos Humanos (CDH).

A escassez do medicamento, tanto na rede pública quanto em farmácias, tem sido apontada como causa importante do crescimento de casos de sífilis e outras infecções facilmente tratadas com penicilina. O problema, que está ocorrendo também em diversos países, motivou o senador José Medeiros (PSD-MT) a convidar autoridades da área de saúde e representantes do mercado para analisar seus reflexos e alternativas de soluções.

– Temos nesses últimos tempos dificuldades imensas para as pessoas terem acesso a esses medicamentos. Como não é prioridade internacional, não tem se tornado pauta muito importante na mídia nem para ninguém. O objetivo dessa audiência é trazer o problema à luz, ouvir os especialistas e buscar, com o governo, soluções para que o medicamento não falte para as pessoas que necessitam – justificou.
Garantia até 2018

Apesar da crise, a representante do Ministério da Saúde, Lorena Brito Evangelista, afirmou que o abastecimento do sistema público de saúde em todo o país está garantido até 2018. Nesse momento, informou Lorena, a pasta está providenciando a aquisição de 2,4 milhões de frascos de penicilina, com investimento estimado em R$ 12 milhões.

– A meta é ofertar o medicamento de forma centralizada para atender todos os casos de sífilis detectados no Brasil – garantiu.

Na exposição, ela relatou as medidas adotadas a partir de 2015 pela pasta, onde ela responde pela Coordenação Geral de Assistência Farmacêutica e Medicamentos Estratégicos, para enfrentamento a crise surgida naquele ano. O ministério passou então a fazer compras centralizadas para atender estados e municípios.

A estabilidade da política foi reforçada com a inclusão desse medicamento no “componente estratégico” de assistência farmacêutica do Sistema Único de Saúde (SUS). Com isso, a União assumiu a responsabilidade formal pelo abastecimento, já que os municípios vinham encontrando dificuldades de adquirir o medicamento com repasse direto de recursos.
Compra internacional

Uma das aquisições emergência em 2015 foi feita no exterior, via Organização Panamericana de Saúde (Opas), envolvendo a compra de 2 milhões de frascos de Benzilpenicilina Benzatina, apontada como a formulação mais difícil de ser encontrada. Outra foi com o laboratório Teuto, aqui mesmo no Brasil, que ainda tinha uma partida residual. Nas duas operações, o governo gastou mais de R$ 3 milhões.

Em 2016, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou resolução que dispensou laboratórios nacionais do exigido registro de insumo farmacêutico ativo (IFA) para Benzilpenicilina. Com essa medida, segundo Lorena, os laboratórios tiveram mais facilidade para importar insumos e aumentar a produção, o que possibilitou a nova aquisição emergencial de mais 230 mil frascos do antibiótico, dessa vez na forma de Benzilpenicilina Potássica, usada no tratamento da sífilis congênita em bebês.
Saúde pública

Pela Anvisa, participou da audiência Patrícia Fernandes Nantes de Castilho, que comanda a Coordenação de Registro de Insumo Farmacêutico Ativo. Ela explicou que o registro IFA serve para assegurar as boas práticas de fabricação e a qualidade final dos remédios. Explicou que a dispensa concedida para o insumo Benzilpenicilina, de caráter temporário, foi feita diante da crise de abastecimento e do problema de saúde pública que é a sífilis.

Hoje existe 238 registros de insumos farmacêuticos ativos válidos na Anvisa, informou Patrícia. Ela mencionou ainda a entrada de 17 pedidos de dispensa de registros, 11 dos quais relacionados à Benzilpenicilinas, o que demonstra que essa é uma matéria-prima sensível. Depois, alertou que as dificuldades que determinaram a dispensa da certificação estão cessando, e que os fabricantes terão de se adequar.
Situação de mercado

Aspectos de mercado relacionados à produção de penicilinas foram abordados por outros dois convidados, um deles Arthur Covacevick, da empresa Nord Regulatorial, que presta consultoria em processos de registro de produtos em órgãos públicos. Segundo ele, das quatro empresas que hoje produzem insumos, uma é da Áustria e três são chinesas. Como a droga ficou muito barata, mesmos essas empresas limitaram sua produção a 20% da capacidade.

– Isso faz com que o mundo sofra com o desabastecimento, especialmente os países mais pobres. Essa crise tem causado o aumento da sífilis, inclusive no Brasil, onde a gente nem mais ouvia falar da doença – disse.

Covacevick observou que um dos registros de comercialização de insumo negados pela Anvisa foi de uma das empresas da China. Nesse caso, foi constado que a fábrica não operava de acordo com as normas sanitárias brasileiras. A seu ver, é pouco provável que uma empresa decida produzir no país, devido ao alto valor do  investimento inicial e dos custos na fase de produção, em comparação com os baixos preços do remédio, submetidos a controles no Brasil.

– O maior problema é mesmo a concorrência chinesa. Todos sabemos que a mão de obra lá é extremente barata, e assim eles conseguem produzir por valor muito inferior. Aqui o lucro é baixíssimo. É praticamente impossível concorrer com os chineses – afirmou.

Para Pedro Bernardo, da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), as condições de concorrência são difíceis, seja pelo alto custo dos investimentos e impostos. Destacou ainda a insegurança jurídica decorrente da mudança inesperada das regras regulatórias e o controle de preços.

No caso das penicilinas, disse que a entidade vinha defendendo a liberação dos preços ao mercado como forma de estimular a ampliação da oferta dos medicamentos. Finalmente foi aprovado um aumento em 2015, mas insuficiente para corrigir a defasagem. Segundo ele, o reajuste foi de 70%, enquanto a inflação acumulada chegava quase a 120%.

Agência Senado

TJ garante fornecimento de remédio a paciente com doença rara em MT

Da Redação

O Defensor Público Marcelo Rodrigues Leirião, que atua na comarca de Várzea Grande, obteve uma decisão no Tribunal de Justiça que pode salvar a vida de um assistido da cidade.

Beneficiário do INSS, o assistido é portador de fibrose pulmonar idiopática, uma doença rara e de prognóstico ruim, com sobrevida média de apenas três anos e para qual é indicado o medicamento Nintedanibe 150mg.

Ocorre que o fornecimento do remédio foi indeferido por não constar no protocolo do Sistema único de Saúde (SUS), vez que não existe tratamento específico para a doença, levando a propositura da ação.

Em seu agravo de instrumento o Defensor relata que após o deferimento da tutela de urgência, o Estado de Mato Grosso requereu a suspensão do processo com base no Resp 1.657.156 – RJ, que determinou a suspensão de todos os processos pendentes que versem sobre a obrigatoriedade de fornecimento de medicamentos não contemplados pela Portaria 2.982/2009 do Ministério da Saúde.

Argumentando que o remédio pleiteado constava em laudo médico como indicado para o tratamento da fibrose pulmonar idiopática, bem como ser autorizado seu uso pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o quadro clínico do assistido piorar a cada dia, tendo como consequência o risco de morte evidente, Leirião questionou a decisão do juízo a quo destacando que a própria decisão do Tribunal Superior de Justiça determina a apreciação dos pedidos de tutela de urgência mesmo em recursos repetitivos.

A acórdão da Primeira Câmara do TJMT acatou os pedidos apresentados pelo Defensor, determinando ao Estado de Mato Grosso o fornecimento do medicamento.

“Sobrepõe-se o direito à vida, incluso no conceito de mínimo existencial e não há óbice para que o Judiciário estabeleça a inclusão de determinada política pública nos planos orçamentários, mormente quando em jogo o direito fundamental à saúde”, diz trecho da decisão.

Pacientes sofrem com a falta de remédios na farmácia municipal de Taubaté

Prefeitura interrompeu a distribuição de alguns remédios de alto custo há mais de dois meses.

Por G1 Vale do Paraíba e Região

13/07/2017 15h30

Moradores reclamam da falta de medicamentos na rede municipal de saúde em Taubaté

Pacientes estão sofrendo com a falta de remédios na farmácia municipal de Taubaté. Há mais de dois meses a prefeitura interrompeu a distribuição de alguns medicamentos de alto custo para a população.

De acordo com o aposentado Paulo Cesar, que sofre de pressão alta e recebe os medicamentos pela prefeitura, a situação é crítica.

"Não posso ficar sem o remédio, porque na ausência dele a minha pessão sobe e eu posso passar mal a qualquer momento, até na rua mesmo. Enquanto isso estou comprando com meu próprio dinheiro, mas é complicado, é bem caro", disse o aposentado.

Já a dona de casa Inês Lopes, que toma medicamentos para o coração, foi obrigada a interromper o tratamento. "O remédio é muito caro, então tive que parar o tratamento. Infelizmente não há o que fazer", disse.

A prefeitura informou, por meio de nota, que a falta de remédios é pontual e que está acontecendo porque parte dos fornecedores atrasou a entrega. Os estoques estão sendo reabastecidos, mas não há prazo para que a situação volte ao normal.