Caminhos para o trigo nacional: inovação tecnológica e aproximação com a indústria
26/07/2017 | Danielle Castro Garcia
Com o objetivo de ser espaço para diálogo aberto entre todos os elos da cadeia produtiva do trigo, a programação da segunda-feira, dia 26 de julho, encerrou trazendo um painel completo sobre a Comercialização e Industrialização de Trigo e ainda abordou a questão da biotecnologia, com a palestra “Inovação tecnológica na cultura de trigo”, proferida pela pesquisadora da Embrapa Trigo, Ana Cristina Sagebin Albuquerque.
Durante a palestra, a pesquisadora apontou as inúmeras possibilidades e vantagens que o uso de biotecnologia traz para a triticultura, destacando a possibilidade de produzir mais e melhor nas áreas tradicionais, além de expandir, com qualidade, a produção para regiões tropicais. Ela comentou que “novas cultivares são necessárias para manter o trigo competitivo em relação a outras culturas, que vêm utilizando a biotecnologia desde 1996, aumentando significativamente seu valor”.
O combate às doenças que são extremamente preocupantes para os produtores, como a brusone e a giberela, também preocupam os pesquisadores. “Hoje já temos materiais que apresentam um comportamento melhor diante da brusone, por exemplo, mas ainda temos um caminho a percorrer para chegarmos aos fatores de resistência à doença”, avalia.
A pesquisadora concluiu reforçando a necessidade de diálogo e intercâmbio para possibilitar os avanços necessários à triticultura nacional. “Nenhuma organização ou pessoa detém todas as competências para gerar o conhecimento e as soluções tecnológicas necessárias. Os desafios são complexos e exigem composição de esforços transdisciplinares e multi-institucionais”
Comercialização do trigo – O que precisa ser considerado?
Um olhar completo sobre os entraves, evoluções e perspectivas da comercialização do trigo nacional. Esse foi o resultado do painel “Comercialização e industrialização do Trigo”, composto pelo diretor comercial do Moinho Arapongas, Daniel Kümmel; o pesquisador da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha e o diretor institucional da ABITRIGO, Conrado Mariotti Neto sob a moderação do líder de Desenvolvimento de Produto da Coodetec, Olavo Correa.
Kümmel chamou atenção para a relação entre os moinhos e produtores paranaenses, com base em um levantamento realizado pelo SINDITRIGO sobre a safra de 2016. “100% dos moinhos entrevistados compram matéria-prima no Paraná e 80% das empresas obtém o trigo direto com o produtor”, informou.
Gilberto Cunha, da Embrapa Trigo, aproveitou para mostrar um comparativo qualitativo entre as safras de 2015 e 2016, tendo como base as características que a indústria moageira solicita. Segundo ele, é preciso avaliar a produção nacional e compreender os padrões solicitados pela indústria. “Há quase três décadas do mercado atuando livremente e ainda estamos presos à avaliações como “trigo bom” e “trigo ruim”. Avaliações que não dizem nada”, lamenta.
Segundo ele, é preciso que pesquisadores e agricultores estejam atentos à destinação do trigo, de acordo com a utilização da indústria, para que possam atender essa demanda. A utilização do trigo para panificação corresponde a 55% do mercado, 16% são para a produção de pasta, 10% para biscoito e 19% de consumo doméstico. “São números que não podemos perder de vista quando se fala em programas de melhoramento de trigo”.
Conrado Mariotti Neto chamou atenção para o novo padrão de consumo dos brasileiros que, cada vez mais informados, exigem e cobram da indústria alimentícia. Ele enfatizou que atender a essa expectativa é uma corresponsabilidade entre todos os elos da cadeia produtiva do trigo. “O consumidor esta muito mais criterioso e decide por um conjunto de valores que vão fazer bem a ele. Também está muito mais consciente sobre seus direitos e exigente no cumprimento da legislação”, comenta.
Segundo ele, a crescente consciência a respeito da saúde e do bem estar lançam desafios para a pesquisa, para agricultores e para toda a indústria de alimentos derivados do trigo. “Nossos maiores desafios estão em atender as legislações, cada vez mais restritivas, mas que buscam a qualidade de vida e em buscarmos uma solução para uma alimentação, cada vez mais saudável. Para isso temos que manter toda a cadeia do trigo unida, integrada e ágil, com o propósito comum de atender o consumidor final”