Marca Perdigão já está livre de todas as restrições
A partir de hoje (3/7), a BRF pode relançar pratos prontos com a marca
Depois de cinco anos, a marca Perdigão está livre de todas as restrições impostas pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para aprovar o surgimento da BRF, criada em 2011 com a união de Sadia com Perdigão.
A partir de hoje (3/7), a BRF pode relançar pratos prontos com a marca Perdigão. Nos próximos dias, as gôndolas dos supermercados devem receber o retorno da lasanha Perdigão, afirmou a diretora de marcas da BRF, Cecília Mondino.
Dessa vez, a empresa quer evitar os erros cometidos em 2015, quando venceu o prazo de suspensão da marca Perdigão nas categorias de presunto e linguiça defumada. Naquela ocasião, o retorno da Perdigão não significou a esperada evolução de sua participação de mercado, mas a canibalização com a Sadia, a marca 'premium' da BRF. Além disso, também não estancou a perda de participação para a Seara, da JBS.
"Preparamos o retorno da Perdigão com a certeza de que íamos dar um grande salto em market share. Isso não aconteceu. Culpa de quem? Nossa. É hora de olhar para o espelho, e não pela janela", afirmou o presidente do conselho de administração da BRF, Abilio Diniz, em entrevista ao Valor em janeiro.
É depois de olhar no espelho, portanto, que a BRF relança a lasanha da Perdigão. No Brasil, o mercado de lasanhas prontas movimenta cerca de R$ 740 milhões anuais. Antes das restrições do Cade, a Perdigão detinha 25% dessa categoria.
De acordo com a diretora de marcas da BRF, o aprendizado com os relançamentos anteriores fez a empresa ressaltar o diferencial entre Sadia e Perdigão. "A direção é ganhar espaço adicional, e não entrar na lojas para substituir. Só vai vender Perdigão se vender Sadia [nas lojas]".
Também há diferenças de tamanhos e sabores entre as duas marcas. Enquanto a Perdigão é mais voltada para as famílias e explora o "apelo da indulgência", a Sadia foca na "saudabilidade" – com 30% de sódio a menos. No caso das lasanhas, exemplificou Cecília Mondino, a diferença entre as duas marcas pode ser evidenciada pelo item de 1 quilo a ser lançado pela Perdigão e pelo lançamento da lasanha sabor frango com bacon. "A Sadia não tem frango com bacon e não tem de 1 quilo", explicou Cecília.
A executiva da BRF também ressaltou a diferença de preço entre as duas marcas da companhia. "Conseguimos ter Perdigão na média do mercado e fazendo volume, e Sadia fazendo [preço] premium", disse ela.
Na prática, a Perdigão quer se estabelecer como concorrente da Seara. Cecília não comentou, mas desta vez o ambiente concorrencial é mais favorável para a BRF devido ao momento delicado da JBS após a delação premiada dos irmãos Batista.
Fonte: Valor Econômico