Fabricante projeta obter cerca de 50% de sua receita com as operações internacionais, em um período de cinco anos; intenção é aumentar a produção conforme avance a plantação própria
São Paulo – Das fazendas da Bahia deve vir boa parte da água de coco para abastecer o varejo europeu e norte-americano nos próximos anos. Após ganhar espaço no Brasil, a bebida da marca Obrigado pretende atingir em cinco anos metade de sua receita com o exterior.
"Atualmente, exportamos 10% da nossa produção. Mesmo com o crescimento no Brasil, acreditamos que possamos atingir uma participação de 50% com as exportações", conta o vice-presidente da marca Obrigado, controlada pelo Grupo Aurantiaca, Ronaldo Lessa.
Segundo ele, as fazendas com as plantações de coco da empresa devem encerrar este ano com uma colheita de 26 milhões de frutos, ante 11,5 milhões do ano passado, o que, caso se confirme, representará uma alta de 126%. No entanto, as fazendas da empresa têm potencial para elevar este número a 87 milhões de frutos. "A produção vai aumentando gradativamente, conforme as plantas vão crescendo", acrescentou. A expectativa, diz ele, é de que a Obrigado possa atingir a capacidade máxima até 2025.
Como a produção própria ainda está maturando, a demanda da empresa vem sendo abastecida com a compra de terceiros. Dos 12,5 milhões a 13 milhões de litros que a empresa deverá envasar este ano, 9 milhões virão das fazendas do grupo, enquanto entre 3,5 milhões a 4 milhões serão encomendados de fora.
O executivo destaca que, quando a produção das fazendas estiver a pleno, a Obrigado poderá fornecer aos mercados cerca de 108 milhões de litros.
"Nossa capacidade instalada está entre 12% e 13%. Estamos crescendo aos poucos no Brasil e no exterior", explica, pontuando que os maiores investimentos da empresa, como a compra de terras, construção das fábricas e compra de equipamentos, já foram feitos. Esse valor, desembolsado nos últimos dez anos, chegou a R$ 600 milhões, tudo com recursos próprios, conta. O Grupo Aurantiaca é controlado pela norte-americana Cilento.
Demanda
A perspectiva de crescimento no exterior vem da capacidade produtiva do Brasil, que é beneficiada pelas condições favoráveis da terra e do clima. A maior concorrência aos produtos brasileiros nas prateleiras ao redor do mundo vem de países como Indonésia, Índia e Filipinas. De acordo com Lessa, diferentemente da fruta colhida no Brasil, na Ásia o coco é seco e a água mais salgada.
"O consumidor sente a diferença [no sabor]. A bebida brasileira acaba sendo mais fresca e com menos gordura", observa o executivo.
Os compradores no mercado dos Estados Unidos demandam de cerca de 200 milhões de litros ao ano, abastecida por importações. "Estamos começando por lá, com uma pequena fração, mas nossa intenção é a de sermos agressivos", reforça ele. A empresa desembarcou nos Estados Unidos há um ano e já conta com um escritório na Califórnia.
Já na Europa, a demanda é por aproximadamente 90 milhões de litros, dos quais 38 milhões vêm do Reino Unido. Especialmente no continente europeu, a empresa tem uma representação em Amsterdã, já que a Holanda serve distribuidora para os demais países da região. A partir do escritório europeu, a empresa embarca seus produtos para a Inglaterra, França, Bélgica e Luxemburgo. Além de ampliar presença onde já está, Lessa antecipou que a meta é expandir as exportações também para o Canadá, Alemanha, Espanha e Portugal.
No front interno, a empresa atingiu 12,5% de fatia de mercado em água de coco envasada, em agosto, informou a empresa com base em dados da Nielsen. Para este ano, a projeção é encerrar com uma média de participação de cerca de 8,5%. Apesar de estar no mercado há apenas três anos, a empresa já está entre as três maiores do mercado.
No Brasil, a demanda pela água de coco em caixa é maior nas regiões Sul e Sudeste, já que no Nordeste a bebida é mais consumida na própria fruta. Em 2016, a empresa encerrou como quinta marca do mercado e 6% de fatia.
Rodrigo Petry