Mercado gourmet contra a crise

Pequenos empreendedores de Ceilândia apostam em produtos de qualidade para transformar comidas simples em pratos saborosos e sofisticados para chamar a atenção dos consumidores tudo por um preço competitivo

» HELLEN RESENDE*
» LETÍCIA COTTA*
» VICTÓRIA FERNANDES*
* Estagiárias sob supervisão de Mariana Niederauer

Publicação: 04/10/2017 04:00

Amanda Pessoa e Manuela Araújo ajudam os maridos a administrar um delivery de hambúrguer com molho artesanal

O mercado competitivo tem levado brasilienses de todo o Distrito Federal a encontrar saídas para atrair consumidores e manter a clientela fiel. Investir na qualidade dos produtos é o que muitos empresários têm feito, e os de Ceilândia não fogem à regra. No caso de quem trabalha no setor alimentício, o segredo é o sabor, e a maior cidade do quadradinho está cheia de gente criativa na culinária que transforma comidas simples em pratos de dar água na boca.

“Ceilândia possibilita produtos mais baratos e com maior variedade, por exemplo. Isso faz com que o vendedor preze pela qualidade. Fora que as pessoas não precisam ir para o Plano Piloto só para comer algo diferente”, afirma o professor de gastronomia e chef Alex Sabino, 39 anos. Assim, a “gourmetização” que tomou conta dos grandes centros urbanos fica bem mais acessível.

Os dindins de Cláudia Rodrigues podem levar pedaços de frutas, leite em pó, creme de avelã, cappuccino e até bombons

Exemplos não faltam. Dindin, chup-chup, geladinho ou sacolé? Não importa o nome dado a essa guloseima com gosto de infância. A doceira Cláudia Rodrigues, 32 anos, escolheu esse alimento congelado para driblar o desemprego. “Depois de ficar seis meses sem conseguir trabalho, decidi comercializar os doces na intenção de reunir o dinheiro para a festa de 15 anos da minha filha”, conta. Deu certo. O diferencial está nos produtos usados na fabricação. O dindin pode levar pedaços de frutas, leite em pó, creme de avelã, cappuccino, leite condensado e bombons, todos os produtos são de qualidade — o que faz o preço chegar a R$ 2 por unidade.

Carne

No ápice da crise financeira do país, a sociedade entre um grupo de amigos levou para Ceilândia Centro uma franquia de hambúrgueres gourmet que era sucesso em Luziânia (GO). “O mercado está farto de fast foods”, afirma a gerente da loja, Renata Gomes, 25 anos. Todos os sócios têm outros empregos, mas não deixam de investir na ideia. “O hambúrguer fica um pouco mais caro pela qualidade que o produto exige, como o molho artesanal e o pão, com uma gramatura (peso) maior”, explica Renata.

Thiago Boaventura ao lado da mulher e sócia, Dayene, e do pai: churrasquinho com carne marmorizada e linguiça artesanal

Por enquanto, só dá para pedir por telefone, mas uma loja deve ficar pronta em breve. “Ceilândia foi escolhida como sede da futura loja física porque as pessoas saíam daqui para ir ao Plano Piloto e a Taguatinga”, compartilha Amanda Pessoa, ao lado de Manuela Araújo, mulheres dos dois sócios do empreendimento e responsáveis pela comunicação da empresa. Um sanduíche sai entre R$ 17 e R$ 32. O combo, com bebida e batata frita, fica R$ 24 — tudo no delivery, que atende Ceilândia, Samambaia e Taguatinga.

E tem mais carne gourmet na esquina. Aquele churrasquinho de gato tão comum na cidade se transformou e a qualidade é tão grande que não pode ser mais relacionada ao felino. “Quando trabalhava como técnico de informática, fiz várias viagens. Uma delas foi para Minas Gerais. Foi lá que conheci o conceito dos espetinhos premium”, define Thiago Boaventura, 33, que decidiu abrir um restaurante com a mulher, Dayene Boaventura, 29. O produto dele é montado com carnes marmorizadas e macias e até linguiças artesanais, vendidas a um preço competitivo. “Tudo é feito na brasa e, em breve, lançaremos steaks e hambúrgueres artesanais”, anuncia Thiago.

Exigência

O chef Alex Sabino considera esse tipo de mudança no produto oferecido algo positivo. “Dá muita vazão para a gastronomia e faz com que o público fique mais exigente, porque começa a conhecer esse tipo de trabalho”, afirma. Sabino conta que os programas de culinária na TV contribuem para que as pessoas valorizem alimentos preparados com mais cuidado e com produtos de qualidade. “Isso faz com que o profissional seja mais exigido, tanto naquilo que ele vende, como no conhecimento de fornecedores e afins. As pessoas passam a entender mais do produto e, por isso, ficam mais exigentes”, explica.

“Hoje, em Ceilândia, o que era algo simples e que todos tinham acesso, como as comidas regionais das feiras, deu um jeitinho de cair no gosto de todas as camadas da sociedade”, completa o chef, que dá uma dica essencial para quem está começando e quer trabalhar com produtos gourmet: a empresa precisa ser pequena. “Se ela for grande, o produto pode ficar industrializado e perder o sabor. Aqueles que têm uma empresa pequena contam com o carinho, o olhar diferente para o produto”, afirma.

Paladar apurado

O advogado, político e gastrônomo francês Jean Savarin definiu o termo gourmet como “aquele que tem um paladar apurado”. Essa descrição surgiu em 1825, mas, com o tempo, a palavra se tornou sinônimo de comida boa, bem preparada. Desde o início dos anos 2000, também passou a significar a transformação de comidas do dia a dia em delícias da alta gastronomia. São, segundo o pesquisador Valter Palmieri Júnior, “versões mais luxuosas e caras de produtos tradicionais, oferecidas ao consumidor como uma forma simbólica de marcar diferenças sociais”. Ele descreve esse processo na tese de doutorado, apresentada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em A gourmetização em uma sociedade desigual: notas sobre a diferenciação do consumo de alimentos industrializados no Brasil, ele detalha que a tendência chegou ao Brasil em 2003, devido à ampliação da renda das famílias. “Houve ainda a valorização do salário mínimo, maior estruturação do mercado de trabalho, ampliação do crédito para o consumo, todos elementos importantes para iniciar esse processo de maior intensidade na diferenciação de produtos e de preços”, escreve no texto.

Creme Mel lança produtos em edição limitada

29.09.2017 – 11:57

A Creme Mel comemora neste sábado, 30 de setembro, o seu 30º aniversário. E para comemorar a data a empresa lançou o sorvete Bolo de Aniversário e o picolé Master Mel. Os novos produtos serão vendidos em edição limitada e já estão presentes em 15 mil pontos ativos no País, até esgotarem os estoques.

O Bolo de Aniversário é feito de uma combinação de sorvete sabor chocolate branco com pedaços de brownie e calda de morango. Já o picolé Master Mel tem cobertura de chocolate meio amargo e é feito de sorvete sabor creme recheado com pedaços crocantes de mel.

Lullo Gelato já produz 40 toneladas por ano

Mírian Pinheiro A Lullo Gelato, com matriz na Savassi, região Centro-Sul da Capital, acaba de abrir uma loja no Minas Shopping, na região Nordeste. Especializada na fabricação de gelatos à moda italiana, a marca, que já produz 40 toneladas/ano da iguaria, investiu R$ 300 mil na expansão. De acordo com a sócia-proprietária do negócio, a engenheira química Cristiane Temporão, a inauguração da nova unidade representará um crescimento entre 30% e 38% em volume de vendas na comparação com o ano passado. O tíquete médio varia de R$ 15 a R$ 30.

Com o novo ponto de venda, a mineira Lullo Gelato ganha mercado em Belo Horizonte. A marca já mantinha dois quiosques em duas unidades do Minas Tênis Clube, cujas estruturas demandaram investimento de cerca de R$ 150 mil. A escolha por mais um ponto de venda, dessa vez, dentro de um mall, segundo Cristiane Temporão, se deu por três razões: a grande movimentação, a possibilidade de ampliar o cardápio em um espaço que, na concepção, privilegiou o aconchego e, por fim, a ausência de intempéries. “Não temos que lidar com chuva dentro de um shopping”, observa, satisfeita de estar livre de um dos fatores climáticos que costumam impactar esse tipo de negócio.

Tanto os quiosques no clube quanto a loja no shopping foram inspirados na matriz, localizada na Savassi, e apresentam propostas semelhantes. O espaço indoor, no Minas Shopping, tem teto de vidro e pé direito alto, o que, segundo ela, permitiu reproduzir a atmosfera da primeira loja, onde também é concentrada toda produção.

Para 2018, Cristiane antecipa que a gelateria poderá ganhar formato de franquia. “Recebemos muitas solicitações para isso, daí resolvemos encomendar estudos para viabilizar o prosseguimento da expansão nesse modelo.” Ela também diz que existe a possibilidade de expandir pontos de venda por meio de sócios-operadores.

“Forneceremos as diretrizes e os produtos e os novos parceiros administrarão o negócio”, explica. Essa etapa da expansão está prevista para o segundo semestre do ano que vem.

Produção artesanal – De fabricação artesanal, os gelatos da Lullo Gelato são produzidos diariamente e se diferem do sorvete tradicional, porque possuem menos ar em sua composição e, ao contrário do sorvete industrializado, são sempre feitos com frutas da estação e ingredientes frescos.

Os gelatos são armazenados em temperaturas mais altas que os sorvetes, o que, além de favorecer a textura, mais cremosa, ajudam na absorção. Também têm a seu favor terem de 50% a 60% a menos de gordura que o sorvete convencional – e menos açúcar.

Segundo Cristiane Temporão, toda semana o cliente pode encontrar uma novidade. Para enfrentar a sazonalidade, além dos tradicionais gelatos, desde maio deste ano a casa também oferece carta de cafés de grãos especiais, que podem ser degustados, inclusive, nas casquinhas comestíveis dos gelatos, frapês italianos elaborados com gelato e bolos artesanais, esses de fabricação terceirizada. Aliás, um dos principais diferencias da Lullo é a constante inovação, não só nos sabores, mas também nessa famosa casquinha artesanal feita na própria loja, que pode ser servida sobre o gelato, com calda de chocolate belga, ao leite ou meio amargo.

A casa, fundada em 2015, recebeu dos atuais sócios, o casal José Oto Temporão e Cristiane Temporão, investimentos da ordem de R$ 1,5 milhão, entre maquinário importado, pesquisa de mercado e expansão. Hoje, a marca conta com centenas de receitas de gelatos e oferece, diariamente, em torno de 25 sabores diferentes da iguaria – servida nos tamanhos pequeno, médio e grande.

Ambev adere ao PERT para renegociação de R$ 3,5 bilhões em tributos

Estadão Conteúdo
29.09.17 – 21h00

A Ambev aderiu ao Programa Especial de Regularização Tributária (PERT), implementado pelo governo federal. Segundo a companhia, estão envolvidas contingências tributárias no valor aproximado de R$ 3,5 bilhões.

Deste total, a Ambev pagará aproximadamente R$ 1 bilhão neste ano. O restante será parcelado em 145 vezes, em parcelas que serão pagas a partir de 2018. Segundo a companhia, o impacto na Demonstração de Resultados será próxima de R$ 3,1 bilhões, sem impacto relevante no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).

Dairy Vision 2017: “a Atilatte mantém um posicionamento premium no segmento de iogurtes”

A Fazenda Atibainha, localizada no município de Itatiba/SP, iniciou a produção de leite tipo B a granel em 1970, tendo à frente Renato Rappa, que havia se formado em Engenharia Agronômica na ESALQ/USP (mesma profissão escolhida por seu filho André). Naquela época, Renato também possuía outra atividade, o que não permitia que ficasse em tempo integral na fazenda. “Fornecíamos leite para uma empresa chamada Via Láctea em Jundiaí, mas que foi comprada por uma grande companhia. A partir daí, ficamos insatisfeitos com o preço pago pelo nosso leite e buscamos nos tornar independentes até por questões de valorização da nossa matéria-prima”, assinalou Renato.

Foi assim que em 1990 a Atibainha iniciou a construção do próprio laticínio, fundando em 1992 o Laticínio Atilatte com a produção e comercialização do leite A pasteurizado, vendido em saquinhos e com o selo do SISP (Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Estado de São Paulo). “Como o custo de produção era alto e competíamos no mercado com o leite longa vida, em 2000 passamos a desenvolver outros produtos como o iogurte. Ainda nós trabalhamos com o leite tipo A, que atua também com a função de balancear a oferta com a demanda de iogurtes, mas a ideia é migrar cada vez mais do leite para os seus derivados. Mais da metade do nosso leite hoje é destinado à produção de iogurtes”, completa André.

André Rappa, será um dos palestrantes do Dairy Vision 2017, um dos principais eventos mundiais da cadeia do leite no mundo que ocorrerá em Curitiba, entre 30 de novembro e 01 de dezembro.

Segundo ele, que hoje está à frente do laticínio, a empresa iniciou a produção de iogurtes por meio da linha integral, posteriormente adicionando a linha de desnatados e lights. Há quatro anos, a Atilatte também deu início à linha natural em copo. O objetivo primordial da entrada nesse mercado foi agregar mais valor ao produto e melhorar a margem, que estava apertada com a exclusividade das vendas pelo leite A. “Começamos na base da pirâmide, com um produto mais barato e o negócio foi se desenvolvendo e expandindo. O iogurte tem algumas vantagens, como por exemplo, o shelf life (tempo de prateleira), que é de aproximadamente 45 dias, enquanto o do leite é de apenas 9 dias”, frisa.

Mesmo com o maior shelf life, a Atilatte conta com uma equipe de supervisores, representantes e repositores responsáveis pelos produtos nos supermercados e organização dos seus respectivos espaços nas prateleiras. Cada representante normalmente acompanha 10 lojas/dia. A empresa também conta com uma linha comercial focada principalmente no iogurte e outros derivados – como coalhada e creme de leite.

O propósito é trabalhar sempre com produtos diferenciados e originais, tanto que, para a produção do iogurte grego, a equipe trouxe uma máquina importada da Alemanha para manter as principais características do produto e prezar pela centrifugação, que compõe uma das etapas do processo. De 3 a 4 quilos de iogurte a Atilatte faz 1 quilo de “massa” do grego desnatado. O leite é desnatado, fermentado, centrifugado e daí sim se tem o iogurte grego.

“A competição é acirrada no mercado com relação ao iogurte grego, porém, em alguns produtos são adicionados gelatina e estabilizantes, o que acaba desconfigurando a receita tradicional. Nós miramos nossa produção na originalidade e sabor do grego”, pondera André. A busca pela diferenciação, que permitiu preços melhores, também passa pela embalagem, tanto no formato como no rótulo, transmitindo qualidade e premiunização.

O Dairy Vision 2017

Além das apresentações e debates de alto nível – característica marcante do evento e amplamente elogiada nas edições anteriores – o Dairy Vision proporcionará diversos momentos para networking, como os espaços empresariais, jantar de confraternização, almoços e diversos breaks. Será o melhor evento já realizado para o setor lácteo no Brasil.

Conheça a programação completa e se inscreva! http://www.dairyvision.com.br/ As vagas são limitadas. As inscrições com desconto vão até o dia 13/11 e para grupos de pessoas da mesma empresa, há pacotes especiais. Para mais informações: ana@agripoint.com.br

O Dairy Vision 2017 já atraiu vários patrocinadores e possui poucos espaços disponíveis. Para mais informações sobre esse assunto, envie um e-mail para comercial@agripoint.com.br

O Dairy Vision 2017 é uma realização da AgriPoint e da Zenith Global. Esta iniciativa conta com patrocínio Gold da Beneo, ICL, Plastipak, PolyOne e Sealed Air, participação das empresas ADI, Auto Analítica, Biomérieux, Dupont, Ecolean, Geiger e Quintiq, e apoio da ABIQ, ABLV, ABIS, Embrapa Gado de Leite e FEPALE, revista Indústria de Laticínios.

Caraguá vai promover o 1º festival de cerveja artesanal em outubro

Setembro 29, 2017 – 23:17

CARAGUATATUBA

BEBIDA. Aos apreciadores de cerveja artesanal, um aviso importante: reservem um final de semana de outubro para conferir o 1º Caraguá Beer. O festival de cerveja artesanal, organizado pela Prefeitura de Caraguatatuba, por meio da Secretaria Municipal de Turismo, está agendado para os períodos entre os dias 20 e 22 de outubro, na Praça da Cultura, no Centro.

O evento, que será o primeiro do Litoral Norte de São Paulo neste segmento, irá reunir diversos beers trucks e cervejarias artesanais nacionais, garantindo diversidade de aromas, sabores e texturas aos amantes dessa bebida. E para acompanhar, haverá comidas, petiscos e lanches. A programação musical fica por conta de bandas locais.

Segundo o prefeito de Caraguatatuba, Aguilar Junior, trata-se de mais um evento para diminuir a sazonalidade durante a baixa temporada. "Estamos prevendo atrair um público da Grande São Paulo e Vale do Paraíba. Queremos criar um turismo rotativo com eventos todos os finais de semana, sejam eles culturais ou esportivos. É mais um compromisso de campanha que estamos colocando em prática", destaca..

Suinocultores do Sul migram para o Mato Grosso em busca de melhores condições

“Sou a terceira geração de suinocultores da minha família. Meu pai e avô começaram em Seara (SC), mas foi no Mato Grosso, em 2001, que encontrei as melhores condições: aqui tem mais matéria prima, melhor relevo e água muito acessível”, revela Itamar Antônio Canossa, suinocultor de Sorriso (MT) e presidente regional da Associação dos Criadores de Suínos do estado – Acrismat.

Em pleno Cerrado mato-grossense, Sorriso conta com aproximadamente 15 produtores em escala industrial, segundo Canossa. A origem de todos eles é o Sul do Brasil. “A maioria de Santa Catarina”, completa. Ele admite que a região tem uma única desvantagem: a logística distante dos principais polos do país. Em compensação, o estado é autossuficiente no principal produto para a ração animal: o milho, que em Santa Catarina precisa, em sua maioria, ser importado.

Itamar Canossa começou com 200 matrizes (leitoas reprodutoras) e hoje conta com duas propriedades de mil matrizes cada, o que gera 4,3 mil leitões por mês. Uma parte é vendida para um parceiro na cidade vizinha de Tapurah, para engorda antes do abate. Outra parcela vai ao Grupo Lucion, dono do maior frigorífico da região: o Nutribras. E adivinha de onde veio a família que deu origem ao grupo? Santa Catarina, mais precisamente da cidade de Abelardo Luz.

Prosperidade

A família era integrada de um frigorífico catarinense, o que significa que tinham a obrigação de vender sua produção de suínos para uma empresa específica. Mas chegou um momento que o senhor Paulo Lucion enxergou no Mato Grosso melhores oportunidades, nos anos 90. A produção de suínos foi crescendo, até chegar hoje a um plantel de 17 mil matrizes e um frigorífico com capacidade de abate de até 3 mil suínos por dia. “Aqui criamos um modelo autossustentável de ciclo completo, o primeiro do Brasil”, afirma o diretor técnico da empresa, Jonas Stefanello, também de Santa Catarina.

Esse ciclo inclui, além da produção e engorda de leitões, o uso de dejetos para produzir energia elétrica por biogás e biofertilizantes para a agricultura de soja e milho destinada à ração dos leitões, acompanhado políticas internacionais de bem-estar animal. “Temos 80% de produção própria de leitões e a compra de uma pequena parcela de produtores independentes”, comenta Stefanello.

Essa ampla produção faz do frigorífico o segundo maior empregador de Sorriso, perdendo apenas para a prefeitura, e também o segundo maior arrecadador de impostos para o município, segundo o diretor.

O resultado dessa estrutura ampla é a exportação de carne para oito países. Apesar disso, o foco é o mercado nacional, principalmente o Sudeste, sendo que o frigorífico fornece tanto produtos com a sua marca (Nutribras) como para outros grupos parceiros colocarem seu selo para venda em supermercados, como o Carrefour.

Mato Grosso no retrovisor

Se hoje o Mato Grosso tem menos de 10% da produção nacional de suínos, no que depender das famílias ‘imigrantes’ em poucos anos o estado pode ocupar a liderança, atualmente ocupada pelos três estados do Sul do Brasil. “Vejo esse potencial para poucos anos, o Mato Grosso tem todas as condições e uma produção ampla”, afirma o diretor técnico do Frigorífico Nutribras, Jonas Stefanello.

O produtor independente Itamar Canossa tem a mesma visão: “Com tanto milho disponível, podemos dizer que a suincultura é um efeito colateral. É só uma questão de tempo para o Mato Grosso expandir o mercado e ser um dos maiores”, afirma.

Estrela investe em pães congelados

Guilherme Daroit

Entre os principais fabricantes de farinha do Brasil, o Grupo Estrela vem apostando fortemente, também, no segmento de pães congelados. Dos R$ 55 milhões investidos pela empresa cinquentenária nos últimos anos, cerca de R$ 30 milhões foram destinados a uma nova fábrica da Panfácil, braço do conglomerado voltado ao segmento. Inaugurada em julho de 2016, a planta, localizada ao lado da principal unidade do Moinho Estrela, é seis vezes maior do que a anterior, e já está preparada para uma futura duplicação.

Fundado em Estrela, cidade que lhe empresta o nome, o Grupo Estrela logo migrou para a Capital e, na década passada, para Canoas. A empresa familiar controla, além do Moinho Estrela e da Panfácil, também a Mesasul, que monta cestas básicas, e uma subsidiária de participações imobiliárias, conglomerado de 650 funcionários e que chegou aos R$ 300 milhões em faturamento no ano passado.

Membro da terceira geração, o diretor comercial de pães congelados do grupo, Bernardo Pretto, conta que o principal faturamento ainda é o do Moinho Estrela, mas que o novo segmento é o de maior potencial. "A capacidade de crescimento da Panfácil é a maior de todas, investimos entendendo que é onde temos mais espaço para crescer", argumenta.

Empresas & Negócios – Por que a aposta no congelado?

Bernardo Pretto – Começamos o projeto para a fábrica nova há quatro anos. Ou seguíamos com o processo semi-industrial, ou íamos para algo inédito no País, que era a linha completamente automatizada. Foi o que a gente fez, em parceria com indústrias francesas que desenvolveram máquinas com as características do pão brasileiro, o que envolveu bastante tempo de planejamento. E trouxemos à matriz, pela capacidade de receber farinha diretamente do moinho. Embora seis vezes maior do que a anterior, ela já foi toda construída para ser duplicada conforme a demanda nos próximos anos, pois confiamos no crescimento desse mercado.

Empresas & Negócios – O pão congelado é um mercado em expansão?

Pretto – É um mercado muito novo, de 19 anos no Brasil. Diferentemente do mercado de farinhas, já consolidado, o mercado de pão congelado cresce muito, dois dígitos anuais. E agora os grandes vendedores de pães, as redes de supermercados nacionais, estão começando a migrar por alguns motivos. O principal é a dificuldade de mão de obra qualificada para a demanda que eles têm. Além disso, o que você produz em 100m² de padaria tradicional, produz com menos de 50m² com o congelado. É uma área valiosa para o supermercado. Outra questão é o padrão, para as redes é interessante ter um produto sempre igual. Para o consumidor final, não vai fazer diferença, muitas vezes até ganha em qualidade, com uma máquina que faz 45 mil pães iguais por hora, como a nossa.

Empresas & Negócios – Sempre se falava dos pequenos estabelecimentos para esse segmento…

Pretto – Quando começamos a fábrica, o Grupo Estrela entendia que iria vender pão para as padarias, mas elas não compraram a ideia, com receio da mudança. Quem abriu as portas foram os minimercados, que não tinham estrutura para ter uma padaria e viram a oportunidade de vender pão quentinho com qualidade, e foi aí que começou de fato o mercado de pão congelado. Com o tempo, foi crescendo em escala. Passaram a ser mercados de médio porte, e agora está chegando a vez dos grandes. É um caminho sem volta. Na Europa, na Ásia, estão 15 anos na nossa frente. E não é porque não tenhamos a tecnologia, mas pelo custo do transporte. Se transportar ele cru, chega com um preço ainda viável; mas, se for o pré-assado, que seria a próxima geração, não, pois o pré-assado é seis vezes maior do que o cru, e com isso o frete fica muito caro. Mas é um caminho natural. Nossa ampliação futura prevê a possibilidade de trabalhar com esse tipo de produto quando o mercado pedir.

Empresas & Negócios – Esse investimento dá resultado?

Pretto – Na Panfácil, comparando o primeiro semestre de 2017 com o primeiro de 2016, tivemos um crescimento de cerca de 60% com a nova fábrica. Bem expressivo, mas dentro do planejado, porque a fábrica antiga estava esgotada, então já havia demanda. Desde o início do ano, passamos a atuar no Sudeste. Mesmo aqui no Estado, havia regiões importantíssimas às quais não conseguíamos atender, como Caxias do Sul, Bagé, Pelotas e Rio Grande, onde agora estamos entrando. Esse mercado é relativamente conservador, porque pão é um produto estratégico para as lojas, não podem ficar mudando toda semana só por preço, então as movimentações são mais lentas.

Empresas & Negócios – Ao comprar o congelado, deixam de comprar farinha. Como isso afeta o moinho?

Pretto – Para o moinho, com o volume de pães congelados aumentando, acaba aumentando o volume de farinha. Como fornecemos para a Panfácil, o moinho se referenciou como fornecedor para outros fabricantes de pão congelado também. Já quando o cliente migra para a Panfácil, podemos perder venda direta, mas a quantidade de farinha consumida no fim é a mesma. E, com isso, agregamos valor na cadeia e fidelizamos mais o cliente, porque o mercado da farinha é diferente dos congelados, é negociado conforme o preço, não é conservador.

Empresas & Negócios – O moinho é o principal braço do grupo ainda?

Pretto – Sem dúvidas. No primeiro semestre, por exemplo, cerca de 60% do faturamento do grupo veio do moinho, a Panfácil representou em torno de 10%; e a Mesasul, em torno de 30%. Mas a Mesasul produz muitas cestas no Natal, então tem uma sazonalidade, 11 meses do ano é de um jeito, e dezembro é bem diferente. As empresas não estão saturadas, têm capacidade de produção, e investimos nelas também. A Mesasul vem crescendo bem nos últimos anos. Mas a capacidade de crescimento da Panfácil é a maior de todas, investimos entendendo que é onde temos mais espaço para crescer. Hoje, ela está atuando com 40% da capacidade, suponho que, em mais uns dois anos, a gente comece a pensar no projeto de duplicação se continuar nesse crescimento.

Empresas & Negócios – A instabilidade da produção do trigo nacional preocupa?

Pretto – O trigo nacional, via de regra, não é muito bom para fazer pão. Por característica de terroir, não por falta de tecnologia. Por isso, mesmo que dê safra boa no Brasil, é importante ter um percentual de trigo importado. Farinha de trigo é um blend, pega dois, três tipos diferentes, mói e faz o produto final. Se a safra brasileira é boa, a tendência é diminuir a quantidade do importado, mas isso faz parte do negócio de farinha. Um dos investimentos no moinho foi justamente para ampliar a capacidade de armazenagem, o que nos dá condição de ter mais quantidade de trigo em épocas em que isso é um diferencial, além de armazenar tipos diferentes. Por isso que o Moinho Estrela tem condições de atender à indústria, que chega pedindo farinha com tal característica, e nós temos laboratórios que avaliam qual o blend nós temos de fazer para produzir essa farinha. Embora pareça simples, envolve muito conhecimento técnico. O moinho também trabalha fortemente com farinhas específicas de panificação. Há muitos anos, é referência nisso e, com a fábrica de pães congelados, acabou que essa fama aumentou. E temos a linha de farinhas para o consumidor final, que é a menor, mas que, a partir deste ano, começamos a investir em propaganda, porque entendemos que tínhamos essa carência no varejo.

Com superprodução de 42 toneladas de cacau por ano, comunidade do AP aposta em licor

Fruto nativo produzido às margens do rio Cassiporé foi aproveitado por cooperativa de assentados da Vila Velha, que produzem bebida e barras com 100% cacau.

Por Fabiana Figueiredo, G1 AP, Macapá

02/10/2017 07h49

Uma comunidade do Amapá aposta na produção de derivados do cacau que é produzido naturalmente às margens do rio Cassiporé para exportação. Com uma superprodução de 42 toneladas por safra, os assentados da Vila Velha, distrito de Oiapoque, no norte do estado, criaram uma cooperativa para conseguir usar o fruto comercialmente.

Criada há dois anos, a Cooperativa Agroextrativista Cassiporé só conseguia aproveitar 1 tonelada da safra que acontece de maio a junho. Com consultoria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a comunidade profissionalizou a atividade e passou a produz licor de cacau e barras 100% do fruto.

“O licor veio como uma complementação para não perder o que a natureza produz. A gente tinha uma ideia do potencial da região há muitos anos, mas faltava a documentação disso. Essa produção do cacau existe no assentamento há 20 anos, mas é em escala pequena. Esse cacau é especial porque nasceu lá, numa área de várzea, num trecho de 36 quilômetros margeando o rio”, explicou o diretor executivo da cooperativa, Dorismar Paixão.

Além de usar o cacau na alimentação das escolas do município, são 24 cooperados interessados em tornar o negócio internacionalmente conhecido, seja em uma fábrica de chocolate ou de licor. A expectativa era alavancar a ideia na safra de 2017, mas um fenômeno climático impossibilitou a comunidade de explorar o fruto.

Agora a aposta é aproveitar duas toneladas na entressafra que terá em novembro e 15 toneladas na safra de 2018, entre maio e junho. Também há a intenção de certificar o cacau e levar desenvolvimento para a região.

“Nós acreditamos que ele é um cacau único, porque é produzido na floresta de várzea. A natureza nos deu isso de presente. Por isso a qualidade é superior, a textura é diferente. Estamos trabalhando para gerar emprego, renda e fazer trabalho de conscientização agroecológica. Nossa intenção é chegar no mercado internacional com um cacau gourmet”, finalizou Paixão.

Cervejarias artesanais do Estado querem expandir negócios

Empresas querem expandir fábricas, produção e áreas de atuação

Publicado em 01/10/2017, às 06h01

Da Editoria de Economia

Como um bom exemplo de pernambucanidade, o mercado de cervejas artesanais local quer ser o maior em linha reta do mundo. Hoje, o produto corresponde a 0,7% do mercado nacional. A baixa representatividade é um incentivo para crescer. Algumas cervejarias artesanais do Estado já são pequenos gigantes que querem expandir a produção, atingir mais regiões do País e tornar o ambiente de negócios local mais favorável aos produtores, isso tudo mantendo a unicidade das cervejas artesanais.

A Ekäut, por exemplo, tem um plano de negócios ousado para os próximos três anos. Com a expansão da fábrica, quer saltar da produção atual de 20 mil a 30 mil litros por mês para 150 mil litros por mês. A partir de 2018, quer abrir 500 pontos de venda por ano. A intenção é consolidar a atuação no Nordeste e atingir o Sudeste do País. “O objetivo é chegar mais longe com mais qualidade, virar uma cervejaria com presença mais forte no País”, afirma um dos sócios da Ekäut, Diogo Chiaradia.

O crescimento é possível por causa do apoio de investidores locais, entre eles, a Ikewai, rede de desenho e desenvolvimento de negócios inovadores. “É um mercado de makers, parte da economia criativa. São cervejas sofisticadas, que criam comunidades ao redor delas”, afirma o chefe do Departamento de Mentiras Realizáveis da Ikewai e presidente do conselho do Porto Digital, Sílvio Meira. “Estamos investindo no projeto de fazer cerveja de classe e qualidade global. Os volumes ainda são locais, mas é uma solução, não um problema, significa que ainda tem muito a desenvolver e a conquistar”.

A Debron, criada em 2015, quer ampliar em 50% a capacidade instalada da fábrica, até o fim do ano. A produção vai sair de 40 mil litros para 60 mil litros por mês. “Temos clientes em todo o Nordeste. Também estamos com plano de expandir para o Sudeste”, comenta o cervejeiro da Debron, Thomé Calmon.
DADOS

O potencial de crescimento é grande. Segundo dados de 2016 do Instituto da Cerveja, o Brasil é o terceiro maior produtor de cervejas artesanais do mundo, cresceu 50% nos últimos dois anos, mas só ocupa 1% do mercado. Já os Estados Unidos abocanharam fatia de 12%.

Em Pernambuco, há 18 cervejarias com licença no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, integrando um Arranjo Produtivo Local (APL) das Cervejarias Artesanais, de acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado. Em 2016, eram oito, o que representa um crescimento de 225%.

Para fortalecer a cadeia produtiva, empresários criaram a Associação Pernambucana de Cervejarias Artesanais (Apecerva).