Merck e Federação Internacional de Diabetes fazem parceria para ajudar a enfrentar a epidemia global de diabetes tipo 2

Ciência & Saúde / A Merck, empresa alemã líder em ciência e tecnologia e com 60 anos de experiência clínica em diabetes, oficializou sua parceria com a Federação Internacional de Diabetes (IDF) para implementar atividades de educação e comunicação enfatizando a importância de prevenir o diabetes tipo 2.

A IDF reconhece o diabetes como uma das maiores emergências mundiais de saúde do século 211 e o diabete tipo 2, especificamente, como a forma mais comum de diabetes, representando até 90% dos casos globais1. No entanto, muitos casos de diabetes tipo 2 podem ser adiados ou evitados1.

"A Merck compartilha a visão da Federação Internacional de Diabetes de promover o cuidado e prevenção do diabetes em todo o mundo e estamos empenhados em ajudar a melhorar a vida das pessoas que vivem com ou estão em risco de diabetes tipo 2", disse Belén Garijo, MD, membro do Conselho Executivo e CEO Healthcare da Merck. "As consolidadas plataformas da IDF, como a Escola de Diabetes on-line e o Dia Mundial do Diabetes, representam um aliado poderoso para nossas iniciativas conjuntas de educação e conscientização para alcançar e capacitar as pessoas com o conhecimento que precisam na luta contra a diabetes".

A primeira atividade da parceria, disponível agora no site do School of Diabetes da IDF, é um curso para profissionais de saúde credenciado pela CME, para prevenção de diabetes tipo 2, desenvolvido com uma bolsa educacional da Merck, que permite acesso ilimitado a profissionais em todo o mundo. A escola on-line da IDF, www.idfdiabeteschool.org, é um portal único que dá acesso a informações atualizadas e baseadas em evidências sobre todos os aspectos do cuidado, gerenciamento e prevenção do diabetes e é desenvolvido e revisado pelos principais especialistas das organizações mundiais2.

Dr. Shaukat Sadikot, presidente da IDF, comenta: "O mundo está enfrentando uma crescente prevalência e incidência de diabetes tipo 2, devido a conhecimentos limitados sobre prevenção e gestão da doença. Os profissionais de saúde têm um papel importante a desempenhar para enfrentar esse problema. Nosso curso on-line se adequa ao ritmo do profissional e visa aprimorar seus conhecimentos e fornecer estratégias baseadas em evidências para a prevenção de diabetes tipo 2".

A parceria da Merck com a IDF se estende ao Dia Mundial ao Diabetes 2017 (14 de novembro), cujo tema é "Mulheres e diabetes". E tem como objetivo incentivar estilos de vida mais saudáveis para as mulheres que correm risco ou vivem com diabetes em todo o mundo. O IDF estima que existem, atualmente, mais de 199 milhões de mulheres que vivem com diabetes em todo o mundo e este número deverá aumentar para 313 milhões até 20401.

A Merck está empenhada e envolvida na conscientização sobre a saúde das mulheres com o programa Mulheres Saudáveis, Economias Saudáveis. A colaboração da Merck com a IDF é outro compromisso para melhorar a vida das pessoas que vivem com diabetes. Para saber mais sobre o compromisso da Merck com a diabetes, visite www.merckgroup.com.

No Brasil, a Merck apoia as iniciativas da Sociedade Brasileira de Diabetes e como uma das iniciativas para aumentar a conscientização da população, a Merck realizará na tarde de hoje (14 de novembro às 18h) uma transmissão ao vivo em sua página no Facebook com o Dr. Marcio Krakauer, médico Endocrinologista, coordenador do Dia Mundial do Diabetes da SBD desde 2010, integrante do Departamento de Novas Terapias da SBD e Presidente da ADIABC (Associação de Diabetes do ABC).

Referências

1. IDF Diabetes Atlas. 7th edition. 2015. Available at: http://www.diabetesatlas.org/ Last accessed September 2017

2. IDF School of Diabetes website. Available at: https://www.idfdiabeteschool.org/CertificateCourse
Last accessed September 2017

3. Mathers CD, Loncar D. PLoS Med, P

O potencial farmacológico dos produtos naturais

17 de novembro de 2017

José Tadeu Arantes  |  Agência FAPESP – Quase meio a meio: assim se dividem os medicamentos em relação às fontes de seus princípios ativos. Do total disponível no mercado, 49,6% são compostos sintéticos, geralmente fabricados a partir do petróleo, enquanto 50,4% originam-se de produtos naturais ou derivados. A expressão “produtos naturais ou derivados”, utilizada aqui em sentido lato, denomina moléculas produzidas por plantas, fungos, bactérias e outros organismos; ou moléculas artificialmente modificadas a partir dessas precursoras.

A informação foi dada por Alessandra Estáquio, professora da University of Illinois at Chicago (UIC), durante o 2º Workshop Recent Advances in the Chemistry of Natural Products, evento do programa BIOTA-FAPESP realizado no auditório da Fundação no dia 9 de novembro de 2017.

“É importante, para o desenvolvimento de medicamentos, recorrer às duas opções, ao sintético e ao natural. Os dois caminhos apresentam vantagens e desvantagens. A vantagem dos produtos naturais é que a atividade biológica que eles manifestam resulta de uma evolução de milhões de anos. Outra vantagem é que sua produção constitui um processo mais sustentável”, disse Eustáquio à Agência FAPESP. 

Como lembrou em sua apresentação outra participante do workshop, a professora Sarah O’Connor, do John Innes Centre, de Norwich, Reino Unido, o uso medicinal de plantas remonta ao Período Paleolítico. A possibilidade de modificar a estrutura química das moléculas, de modo a potencializar suas propriedades farmacodinâmicas, faz com que a pesquisa de produtos naturais ou derivados seja agora um campo altamente promissor.

Morfina (analgésica), eritromicina (antibiótica), ciclosporina (imunossupressora), artemisinina (antimalárica) são algumas substâncias com uso consolidado em medicina.

“Em alguns casos, a estrutura encontrada na natureza é utilizada diretamente como medicamento. Exemplo disso é o paclitaxel, um fármaco extraído da casca do teixo (Taxus brevifolia), empregado no tratamento do câncer. Mas a maioria dos compostos naturais necessita de alguma modificação para poder funcionar como medicamento. Alguns precisam ser estabilizados, porque se degradam muito rapidamente. Outros precisam de alterações que favoreçam sua absorção e distribuição no organismo humano. Outros ainda precisam que seu efeito seja potencializado. E assim por diante”, disse Eustáquio.

Mesmo no caso do paclitaxel, para se obter 1 quilo do produto são necessárias, em média, três mil árvores. Daí a necessidade de se recorrer à semissíntese ou à cultura de células vegetais para que o medicamento possa ser disponibilizado em escala comercial.

“Há várias formas de intervenção possíveis. Uma delas é a semissíntese, que consiste em isolar a molécula de interesse e modificá-la parcialmente por meio de processos químicos. Outra forma é reproduzir a estrutura completa por meio de síntese. Uma terceira maneira, mais recente, consiste em modificar os produtores dos compostos por meio de engenharia genética. Em alguns casos, a engenharia genética envolve transferir os genes responsáveis pelo composto de um organismo para outro – por exemplo, de uma planta para uma bactéria ou levedura. A vantagem, no caso, é que as bactérias ou leveduras são mais fáceis de cultivar e crescem mais rapidamente do que as plantas. Por exemplo, um grupo nos Estados Unidos, liderado por Jay Keasling, da University of California, Berkeley, conseguiu transferir os genes precursores da artemisinina para leveduras”, disse Eustáquio.

O grupo liderado pela pesquisadora na UIC trabalha com bactérias, tendo por horizonte o desenvolvimento de compostos antibióticos ou anticancerígenos.

“Nosso objetivo principal é entender como as bactérias sintetizam moléculas que podem ser usadas como antibióticos, quais são os genes envolvidos no processo. Com esse conhecimento, é possível fazer com que as bactérias produzam os compostos em maior quantidade, ou modificar as moléculas para que se tornem fármacos mais eficazes. É uma pesquisa básica, porém com a aplicação em mente”, disse a pesquisadora.

“Com o boom de sequenciamentos de genomas microbianos, ficou claro que o potencial biossintético dos microrganismos é muito maior do que se supunha. Uma bactéria típica, à qual são atribuídos alguns poucos compostos, pode produzir mais de 30, a partir de sua estrutura genômica. Ocorre que a maioria dos genes responsáveis pela biossíntese é silenciada ou não é bem expressa em condições laboratoriais de crescimento. Sabendo que genes são esses e qual é o seu potencial, torna-se possível ativar esses genes e obter os compostos correspondentes”, disse Eustáquio.

Segundo a pesquisadora, a capacidade de prever o potencial biossintético de microrganismos a partir dos sequenciamentos de seus genomas (“de genes a moléculas”) e de quais genes devem codificar para a biossíntese de um produto natural específico (“de moléculas a genes”) tem o potencial de promover grande inovação na fabricação de fármacos.

Falando sobre o workshop à Agência FAPESP, Roberto Berlinck, professor titular do Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC-USP), destacou que o evento trouxe pesquisadores dos Estados Unidos e do Reino Unido.

“São pesquisadores envolvidos em estudos na fronteira do conhecimento sobre o metabolismo de plantas e microrganismos, com o objetivo de entender como as moléculas de interesse são formadas e como se pode fazer uso delas para melhorar a qualidade de vida, já que esses compostos são utilizados para desenvolver medicamentos, tanto para humanos quanto para animais, e também em controle biológico na agricultura, substituindo herbicidas, pesticidas e outros”, disse.

Vacina que “cura” HIV tem resultado positivo em teste humano

Um novo relatório divulgado por cientistas indica que cinco pacientes com HIV não tem mais o vírus há sete meses graças a uma vacina. O tratamento foi desenvolvido por pesquisadores na Espanha e faz com que os pacientes não precisem tomar os comprimidos retrovirais para suprimir os efeitos do HIV. O teste ainda não foi feito em larga escala, mas há, de fato, a chance de a vacina ser uma cura.

Esse é o primeiro passo em direção ao sucesso de uma vacina contra o HIV em 30 anos. A busca por uma vacina contra AIDS já gerou grandes investimentos e estudo intensivo, mas, até o momento, não havia nenhuma no mercado.

“Isso é prova do conceito de que, através da vacinação terapêutica, é possível reeducar nossas células para controlar o vírus”, disse a doutora Beatriz Mothe, do Instituto IrsiCaixa Aids de Pesquisa de Barcelona ao jornal britânico Daily Mail. A ideia é ajudar pessoas infectadas a pararem de usar drogas no controle do vírus por meses ou até anos.

De acordo com o jornal britânico The Independent, o fato do vírus ter sido suprimido e sem gerar a necessidade de uso de drogas diárias vem por meio da técnica inovadora que combina duas vacinas contra o HIV a uma droga usada no tratamento do câncer. Por três anos, a técnica foi desenvolvida. Ao todo, 24 pessoas participaram do estudo, e em cinco deles o vírus ficou não foi mais detectado.

A vacina ainda impediu a propagação do vírus no sistema imunológico. Existem pacientes livres do uso de medicamentos há sete meses. “Sistemas de longo prazo que não exigem o uso de remédios realmente podem ajudar 37 milhões de pessoas com HIV. Podemos ter a chance de frear a epidemia”, afirmou Mitchell Warren, diretor executivo da Aids Vaccine Advocacy Coalition, grupo que defende a propagação da vacina.

Para ele, apesar de em pequena escala, o estudo foi bastante “interessante e importante”. A vacina terapêutica funciona de forma distinta às vacinas de prevenção e imunização. “A ideia da vacina é controlar o vírus sem que tenha que tomar remédio todos os dias. Isso já é um grande avanço”, acrescentou Warren. Os participantes do estudo seguirão sendo monitorados e testados por três anos.

A produção de insulina no Brasil sofre ameaça. A Anvisa suspendeu o certificado de laboratório

Pedro Marques 12 de novembro de 201713 de novembro de 2017

Uma empresa ucraniana, que já recebeu R$ 196 milhões de dinheiro público pela importação de insulina distribuída pelo SUS a portadores de diabetes e para compartilhar a tecnologia de fabricação da substância no Brasil, foi reprovada em inspeção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Após visitar as instalações da Indar em Kiev, a agência rejeitou o pedido de renovação do chamado certificado de boas práticas de fabricação de medicamentos. Por conta da decisão da Anvisa, a compra do produto da Indar acabou suspensa pelo governo. A suspensão ocorre em meio a concretização de um acordo entre o laboratório europeu e o governo da Bahia. A gestão do petista Rui Costa planeja instalar uma unidade de produção de insulina no estado, com orçamento estimado entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões.

As primeiras tratativas entre o laboratório e o governo brasileiro para atuar no país ocorreram em 2003, primeiro ano das gestões do PT. Em julho de 2006, Indar e Fiocruz assinaram um acordo técnico-científico para transferência de tecnologia destinada à produção de insulina humana recombinante. Porém, este acordo ainda não resultou na produção de um único frasco de insulina no Brasil.

Agora, uma nova parceria foi assinada, entre a indústria farmacêutica ucraniana e a Bahiafarma, o laboratório público do governo da Bahia. O governador e seu secretário de Desenvolvimento Econômico, o ex-ministro Jaques Wagner, foram a Kiev no fim de agosto assinar acordo para instalação de fábrica de insulina na região metropolitana de Salvador.

Disputa de mercado

A compra da substância envolve uma disputa milionária de interesse do mercado farmacêutico. Os grandes laboratórios pressionam contra o avanço de parcerias que permitam a produção própria de insulina no Brasil. A produção é dominada mundialmente por três grandes indústrias farmacêuticas: a dinamarquesa Novo Nordisk, a norte-americana Eli Lilly e a francesa Sanofi. Somente a Novo Nordisk recebeu do Ministério da Saúde R$ 183,5 milhões, em 2016, e R$ 59,6 milhões, neste ano, para fornecer a insulina disponibilizada no SUS. A Eli Lilly recebeu R$ 4,4 milhões do ministério no ano passado, boa parte pelo fornecimento de insulina.

O pedido de inspeção na Indar na Ucrânia partiu da Fiocruz e da própria Bahiafarma. Os técnicos da Anvisa estiveram na indústria uma semana antes da chegada da comitiva do governador. O indeferimento da renovação da certificação ao laboratório ucraniano — a primeira desde 2010, quando a Indar obteve o primeiro certificado — foi publicado no Diário Oficial da União no dia 16 do mês passado. A Anvisa detectou o que os fiscais chamam de “não conformidade” considerada crítica e outras oito consideradas “maiores” — o indeferimento ocorre quando existem pelo menos seis infrações tidas como “maiores”.

Uma das “não conformidades maiores” apontadas pela Anvisa foi a inexistência de conferência em 100% da rotulagem dos frascos, no que diz respeito a lote e validade. Os técnicos da Anvisa também detectaram uma ausência de determinação de vida útil de resinas que fazem a retirada de impurezas da insulina. Sobre higiene, faltaram procedimentos para troca de vestuário e detergentes com atividade germicida comprovada, conforme a Anvisa.

Essa certificação não é obrigatória para a fabricação de medicamentos. Mas técnicos da Anvisa e do mercado farmacêutico entendem ser temerário uma produção de insulina ou qualquer outro medicamento sem o certificado. Este é o entendimento dentro da Bahiafarma, que decidiu suspender qualquer iniciativa de importação até que o problema seja resolvido.

Anvisa apresenta ao CNS propostas para a 1ª CNVS

Conferência Nacional de Vigilância em Saúde será realizada entre os dias 28 de novembro 1º de dezembro de 2017, em Brasília. Publicado:

10/11/2017 15:55
Última Modificação: 10/11/2017 16:19

O adjunto de diretor de Gestão Institucional da Anvisa, Pedro Ivo Sebba Ramalho, apresentou, na manhã desta sexta-feira (10/11), na 299ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saúde – CNS, as propostas da Agência para a Política Nacional de Vigilância em Saúde, a ser elaborada na 1ª Conferência Nacional de Vigilância em Saúde – 1ª CNVS, que será realizada entre os dias 28 de novembro 1º de dezembro de 2017, em Brasília/DF.

Antes de apresentar as propostas, Pedro Ivo destacou as principais ações da Anvisa na promoção ao debate e à participação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária – SNVS na 1ª CNVS, como a realização de três Conferências Livres preparatórias com representantes das cinco regiões do país, nas quais foram debatidos todos os subeixos temáticos da 1ª CNVS e a produção de vídeos sobre a conferência temática.

Mais informações sobre as Conferências Livres da Anvisa podem ser encontradas: http://portal.anvisa.gov.br/cnvs/conferenciaslivres.

As propostas foram elaboradas a partir da realização das Conferências Livres da Anvisa, em articulação com os demais componentes do SNVS, tendo ainda como referência os resultados dos Ciclos de Debate do SNVS realizados em 2015 e o Planejamento Estratégico da Anvisa 2016-2019.

A definição das responsabilidades gestoras das três esferas de governo responsáveis pelas ações de vigilância sanitária, a articulação entre as vigilâncias em saúde e a organização de práticas e processos de trabalho para articulação das ações de vigilância e da assistência no reconhecimento dos territórios de saúde são algumas das propostas da Anvisa para a 1º CNVS.

Conheça as propostas da Anvisa aqui: http://portal.anvisa.gov.br/cnvs/propostas.

O presidente do CNS, Ronald Ferreira dos Santos, avaliou que as propostas da Anvisa são um complemento fundamental no reforço ao conjunto de diretrizes defendidas pela direção do Conselho e se agregam ao esforço do Conselho, destacando ainda que as propostas da Agência estão absolutamente sintonizadas com o espírito que a direção do CNS almeja para as respostas a serem dadas ao povo brasileiro por uma Política Nacional de Vigilância em Saúde.

A participação da Anvisa na 1ª CNVS objetiva o fortalecimento do papel do SNVS nas políticas de vigilância em saúde e no controle social, visando a consolidação das ações de promoção e proteção à saúde da população.

Mais informações sobre a reunião do CNS estão disponíveis em: http://cnvs.org.br/index.php/2015-08-25-09-08-54/todas-as-noticias/item/89-anvisa-apresenta-propostas-para-a-conferencia-de-vigilancia-em-saude.

Anvisa libera medicamento para tratamento de doença de Crohn

Flávia Junqueira*

Aos 30 anos, X. se aposentou por invalidez. Ainda cheio de planos, viu sua vida parar por conta de uma doença que lhe tirou a liberdade e a qualidade de vida. Foram cerca de oito meses de sangramentos e dores fortes até que chegaram ao diagnóstico: ele tinha doença de Crohn, uma doença inflamatória séria do trato gastrointestinal. Mas se a falta de informação leva boa parte dos pacientes a um longo calvário até a descoberta da causa dos episódios de diarreia, cólica, febre e sangramento retal, as poucas opções terapêuticas tornam o tratamento um desafio. Uma boa noticia é a chegada ao Brasil de um novo medicamento biológico, com um diferente mecanismo de ação, ampliando as armas hoje disponíveis para controlar a doença.

Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o ustequinumabe é indicado para pacientes que apresentam a doença de forma moderada a grave e que falharam ou foram intolerantes ao uso de corticoides, imunossupressores (reduzem a atividade do sistema de defesa do corpo) ou de outros medicamentos biológicos anti-TNFs (anti fator de necrose tumoral), que bloqueiam um dos estágios do processo que provoca a inflamação.

O medicamento, que já e usado no Brasil para o tratamento de psoríase em placa e artrite psoriásica e, agora, está liberado para Crohn, interrompe a inflamação em um ponto diferente da resposta imunológica. Estudos clínicos do remédio, que envolveram mais de 1.300 pacientes em diversos países, incluindo o Brasil, mostraram que a maioria dos pacientes tratados com ustequinumabe manteve a resposta ao tratamento e obtiveram a remissão da doença (sem sintomas) por até dois anos. Outra ponto positivo verificado nos estudos foi a resposta rápida. A droga tem o nome comercial Stelara e, segundo o laboratório Janssen, fabricante do remédio, a previsão é de que esteja disponível no mercado em dezembro.

De acordo com a gastroenterologista Cristina Flores, do Hospital das Clínicas de Porto Alegre – um dos sete centros brasileiros que participou do ensaio clínico do medicamento com pacientes com doença de Crohn – a resposta ao tratamento já pôde ser observada na terceira semana após a primeira aplicação. E, para quem sofre com dores, diarreias e sangramentos, esse resultado é animador.

– Com essa doença, vivo a base de remédios e dieta. Eu fico trancado em casa, porque tenho medo de sair e precisar ir ao banheiro – conta X, de 36 anos, morador de São Gonçalo.

A doença de Crohn é uma doença inflamatória crônica que pode atingir qualquer parte do trato gastrointestinal. Os sintomas podem variar, mas geralmente incluem dor e sensibilidade abdominal, sangramento retal, perda de peso, febre e diarreia frequente – em alguns casos, por mais de 20 vezes ao dia.

A doença não tem cura. O tratamento busca controlar a inflamação e proporcionar a cicatrizacão da mucosa do intestino. Não se sabe a causa dessa doença autoimune.

A ação do ustequinumabe para pacientes com Crohn foi apresentada a um grupo de cerca de 50 médicos brasileiros, nesta quinta-feira, durante um seminário em Orlando, na Florida. O evento aconteceu durante o congresso AIBD 2017 – Advances in Inflamatory Borel Diseses, que abordou tratamentos multidisciplinares para pacientes com doenças inflamatórias intestinais.

* A jornalista Flávia Junqueira viajou para Orlando a convite do laboratório Janssen

Bristol-Myers Squibb obtém quarta aprovação de Opdivo (nivolumabe) no Brasil

Medicamento é aprovado para o tratamento do Linfoma de Hodgkin. Esta é a primeira indicação de um imuno-oncológico para doenças hematológicas no país.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de aprovar o medicamento Opdivo (nivolumabe) para o tratamento do Linfoma de Hodgkin em pacientes que recidivaram ou progrediram pós-transplante e uso de brentuximabe vedotina. Trata-se do primeiro imuno-oncológico aprovado pela biofarmacêutica global Bristol-Myers Squibb no Brasil para o tratamento de doenças hematológicas.

Opdivo (nivolumabe) é o único medicamento desta classe aprovado no país para quatro tipos de tumor: melanoma, câncer de pulmão, câncer de rim e, a partir de agora, Linfoma de Hodgkin, oferecendo ganho de resposta com qualidade de vida.

Essa aprovação foi baseada no estudo clínico de fase II CheckMate 205, que apresentou dados significativos de eficácia no tratamento de pacientes que já foram expostos a múltiplas linhas terapêuticas.1 Foi demonstrado uma taxa de resposta objetiva de 68% e 13% dos pacientes atingiram uma resposta completa. A taxa de sobrevida livre de progressão foi de 51% em 12 meses com o tratamento.

Segundo o Dr. Vanderson Rocha, professor titular de hematologia da Faculdade de Medicina da USP e hematologista do Hospital Sírio-Libanês, Opdivo (nivolumabe) surge como uma opção para os pacientes que tem o Linfoma de Hodgkin mesmo depois de passarem pelo tratamento padrão disponível no Brasil. “É uma nova opção de combate ao Linfoma de Hodgkin para os pacientes que não tinham mais chances de sobrevida, abrindo novas perspectivas de tratamento e a possibilidade de cura dessa população”, afirma o especialista. “Traz esperança principalmente para os pacientes que não teriam outas opções terapêuticas”.

De acordo com presidente da Bristol-Myers Squibb no Brasil, Gaetano Crupi, esta nova indicação reafirma o posicionamento de liderança global da biofarmacêutica em imuno-oncologia e a importância do papel desempenhado pela empresa no combate ao câncer no Brasil. “Com a quarta aprovação de Opdivo (nivolumabe) para Linfoma de Hodgkin reafirmamos o nosso forte empenho em continuar a impulsionar a inovação e avançar no cuidado de pacientes com malignidades hematológicas através da nossa liderança em imuno-oncologia”, afirma o executivo. “Opdivo (nivolumabe) é um exemplo, pois, além de ser o primeiro tratamento imuno-oncológico para doenças hematológicas no Brasil, representa o êxito da nossa estratégia pan-tumor, cujo objetivo é tratar vários tipos de câncer com uma mesma molécula”.

O Linfoma de Hodgkin é uma doença hematológica que ataca o sistema linfático. Comparado a outros tipos de cânceres, o Linfoma de Hodgkin tem uma incidência relativamente baixa que atinge mais os homens do que as mulheres.

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer dos EUA, a doença representa 0,5% de todos os novos casos de câncer e 0,2% das mortes por câncer. Ainda de acordo com o Instituto, são esperados 2,6 novos casos de Linfoma de Hodgkin por 100.000 habitantes a cada ano.

A última estimativa realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) para o biênio 2016/2017 aponta que o número de casos novos de Linfoma de Hodgkin estimado para o período é de 2.470 casos, sendo 59% em homens e 41% em mulheres.3

Imuno-Oncologia na Bristol-Myers Squibb — Cirurgia, radioterapia, citotóxicos ou terapias-alvo têm sido as alternativas de tratamento para o câncer nas últimas décadas, entretanto sobrevida a longo prazo e uma boa qualidade de vida continuam sendo prioridade para os pacientes com a doença em fase avançada.

Para atender a essa necessidade médica, a Bristol-Myers Squibb está liderando pesquisas em áreas inovadoras do tratamento de câncer, como a Imuno-Oncologia, que envolve agentes cujo mecanismo primário é estimular o sistema imunológico para combater o câncer. A empresa estuda uma variedade de compostos e abordagens imunoterapêuticas para pacientes com diferentes tipos de câncer, incluindo pesquisas sobre o potencial de combinações entre agentes imuno-oncológicos que têm como alvo diferentes caminhos no tratamento do câncer.

A Bristol-Myers Squibb está comprometida em avançar na ciência da Imuno-Oncologia com o objetivo de mudar a expectativa de vida e a maneira como os pacientes com câncer vivem.

A Bristol-Myers Squibb é uma biofarmacêutica norte americana global cuja missão é descobrir, desenvolver e disponibilizar medicamentos inovadores que ajudem os pacientes a superar doenças graves. | www.bristol.com.br

Sindusfarq celebra 85 anos de conquistas para os setores cosmético, farmacêutico e químico

Sexta, 10 Novembro 2017 14:04 Escrito por João Paulo Mello
O Sindicato das Indústrias de Produtos Farmacêuticos e Químicos para Fins Industriais no Estado de Minas Gerais (SINDUSFARQ) vai realizar no dia 10 de novembro, no Buffet Catharina, em Belo Horizonte, uma grande festa para celebrar os 85 anos de sua forte atuação em prol dos direitos dos setores cosmético, farmacêutico e químicos de Minas Gerais. Cerca de 300 pessoas foram convidadas para o evento, entre elas o governador do estado Fernando Pimentel.

Para o presidente do SINDUSFARQ, Carlos Mário de Moraes, a confraternização marca o fortalecimento dos setores e os ótimos resultados obtidos nos últimos anos. O presidente afirma ainda que a valorização das pessoas foi um dos fatores fundamentais para essas conquistas. “Buscamos sempre reconhecer as boas iniciativas e capacitar o corpo técnico das empresas, porque entendemos que isso repercutirá na excelência dos produtos, na satisfação dos consumidores e no crescimento do mercado”, enfatizou.

O evento será uma grande celebração da atuação bem sucedida do SINDUSFARQ ao longo de toda a sua trajetória. Entre as conquistas do sindicato junto aos órgãos federais e estaduais pode-se destacar a luta pela redução da alíquota de impostos, a sensibilização dos governos para inclusão de indústrias em programa de regularização fiscal, além de desenvolvimento de ações para melhoria na área regulatória e fomento para a inovação de processos e produtos. Essas entre outras iniciativas possibilitaram a ampliação da competitividade, principalmente em meio à crise dos últimos anos.

Mais descanso e menos antibiótico: a receita para evitar superbactérias

Estudo aponta que 700 mil pessoas morrem todos os anos vítimas de bactérias resistentes

Persiste no Brasil uma "cultura do antibiótico", em que pacientes esperam receber o remédio e em que médicos banalizam sua prescrição. No entanto, o uso excessivo desses medicamentos deve ser contido se quisermos frear a expansão de bactérias resistentes, que já matam 23 mil pessoas no Brasil por ano, afirmam especialistas. Para diminuir seu uso, médicos e pacientes precisam restringir seu uso a casos graves e não para "tratar qualquer sintoma", argumentam.

"Existe uma tendência enorme à medicalização no Brasil. As pessoas têm qualquer sintoma e querem um remédio. Sabemos que uma gripe vai demorar cerca de sete dias para passar, mas as pessoas querem remédio para encurtar isso", afirma Ana Escobar, médica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas e livre docente em Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Em outubro, o Ministério da Saúde do Reino Unido recomendou aos médicos do país que receitassem mais descanso e menos antibióticos aos pacientes. De acordo com o órgão, cerca de um quinto dos antibióticos naquele país são usados desnecessariamente, para doenças que seriam curadas sozinhas.

No Brasil, um dos países que mais contribuiu para o aumento global do consumo de antibióticos na última década, ainda não há uma recomendação oficial do tipo, mas médicos alertam para a importância de frear o consumo desses remédios para evitar a expansão de superbactérias.

"Os números referentes à evolução da resistência antimicrobiana são assustadores", diz Luiz Henrique Melo, médico infectologista e consultor da empresa farmacêutica MSD, que gere programas para a racionalização no uso de antibióticos.

"A resistência a antibióticos é um dos fenômenos que pode levar a um colapso econômico. Parece banal, mas há um custo enorme no uso extensivo dos antibióticos", complementa Melo.

Um estudo encomendado pelo governo britânico no ano passado aponta que 700 mil pessoas morrem todos os anos vítimas de bactérias resistentes no mundo e que, se nada for feito nas próximas décadas, esse número pode saltar para 10 milhões.

Pacientes e médicos

Pacientes não devem esperar sempre pela prescrição de antibióticos, e os médicos têm o papel de explicar ao enfermo o porquê da prescrição ou não, afirma Melo. "Precisa munir o paciente de todos os argumentos necessários para ele entender que não prescrever trará benefícios no curto e longo prazo", diz o infectologista.

Se a resistência antimicrobiana não for contida, cirurgias de alta complexidade, transplantes e quimioterapia, por exemplo, podem se tornar impraticáveis. "A grande questão é que se você usar antibiótico de uma forma inadequada você irá perdê-lo, porque as bactérias ficarão resistentes com o tempo. Isso se reflete em doenças mais difíceis de curar, em mais internação e em mais custos de saúde", afirma.

Por isso, pacientes podem contribuir para a solução do problema ao não buscar por antibióticos sem necessidade. "São constante as ligações no consultório de pessoas que reclamam de gripe e, porque irão viajar, querem remédio", relata Escobar.

Do lado dos médicos, há uma "pressão" para que receitem antibióticos, principalmente em postos de saúde, onde os profissionais tratam emergências e não fazem um acompanhamento periódico do paciente. "O médico nessa situação trata caso a caso, e há uma tendência exagerada à prescrição. Se o paciente está com secreção purulenta, o médico já dá antibiótico", diz Escobar.

A falta de estrutura adequada dos postos e hospitais, onde nem sempre há a possibilidade de diagnóstico rápido por exames laboratoriais para checar se há uma infecção bacteriana, também dificulta a vida dos médicos. De acordo com um levantamento preliminar da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de 2015, o Brasil tem praticamente um laboratório de microbiologia para cada dez hospitais.

Esses laboratórios são essenciais para identificar as causas de uma infecção e municiar médicos com informações sobre que remédios receitar ao paciente. Sem tais laboratórios e exames, médicos tomam decisões no escuro e podem errar na prescrição.

Ausência de critérios claros

Para auxiliar os profissionais de saúde no uso racional desses remédios, seriam necessários protocolos mais claros e rígidos, afirma Escobar. De acordo com a médica, em muitos casos, há critérios bem definidos para o uso de antibióticos – como no tratamento de pneumonia, amigdalite e otite -, mas seriam necessárias recomendações mais abrangentes.

"Esse respaldo precisaria vir de diretrizes universais. Um critério, por exemplo, é a recomendação de antibiótico para amigdalite apenas se houver infecções por bactérias estreptococos do grupo A (GAS)", afirma. "Temos algumas diretrizes, mas não temos uma divulgação disso."

Em maio, o governo brasileiro anunciou a elaboração de um plano nacional de combate a bactérias resistentes a pedido da Organização Mundial de Saúde (OMS). O governo diz que pretende educar melhor profissionais e pacientes sobre a urgência do tema. A previsão é que o plano seja colocado em prática a partir de 2018.

O Ministério da Saúde disse por meio de nota que o Brasil se destaca no combate à resistência antimicrobiana na América do Sul.

"Entre os esforços [nacionais], está a experiência brasileira de obrigatoriedade e retenção de prescrição para antibióticos em farmácias, que contribuiu para a contenção da resistência", afirmou.

"Este é um tema prioritário para a saúde pública devido ao crescimento no número de bactérias resistentes, com comprometimento ou, até mesmo, impossibilidade de cura com os antibióticos existentes, de doenças como tuberculose e malária", declarou.

Resistência antimicrobiana

Desde a descoberta do primeiro antibiótico, a penicilina, bactérias e medicamentos travam uma disputa em que um busca vencer o outro.

A resistência a antibióticos é um processo natural – as bactérias, ao serem atacadas pelos remédios, criam mecanismos de defesa para sobreviver. Os organismos não exterminados por medicamentos são chamados de resistentes e passam o gene da resistência à sua prole, gerando uma nova linhagem de bactérias resistentes.

O uso abusivo de antibióticos contribui para esse processo e, por isso, sua utilização racional é importante para controlar a expansão de bacterias mais fortes que os medicamentos disponíveis.

Quando o ritmo de inovação da indústria farmacêutica na área de antibióticos era alto, a resistência não apresentava grandes desafios. Porém, nas últimas três décadas, o número de antibióticos desenvolvidos desacelerou, enquanto as bactérias continuaram com suas mutações naturais e passaram à frente nessa corrida.

A redução no número de novos antibióticos aprovados nos Estados Unidos nos últimos 30 anos ilustra essa desaceleração: enquanto na década de 1980, 30 novos antibióticos foram aprovados pela Food and Drug Administration (FDA), a Anvisa americana, apenas sete foram registrados entre 2000 e 2009.

"Ao longo dos anos a indústria farmacêutica se desinteressou pelo setor de antibióticos. Os governos estão estimulando as empresas a voltar a produzir, principalmente para cobrir esses medicamentos que estamos perdendo", afirma Melo.

Fonte https://www.terra.com.br/noticias/ciencia/mais-descanso-e-menos-antibiotico-a-receita-para-evitar-superbacterias,ab10e5e7cdb7271963d13f145728cbd3bdty3fqw.html

Evento marca semana pelo uso racional de antibióticos

Semana Mundial de Conscientização do Uso Racional de Antibióticos 2017 chama atenção para o crescimento da resistência microbiana e sua prevenção.

Por: Ascom/Anvisa
Publicado: 10/11/2017 00:16
Última Modificação: 10/11/2017 18:09

O uso inadequado de antimicrobianos e as estratégias para reduzir a resistência aos antibióticos serão discutidos na próxima segunda-feira (13/11).

O evento vai contar com a participação de diferentes áreas do governo envolvidas com o tema como a Vigilância Sanitária (Anvisa), Educação, Saúde, Agricultura, Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia.

Semana Mundial de Conscientização do Uso Racional de Antibióticos 2017

Quando: 13 de novembro das 14h às 17h

Onde: auditório do primeiro subsolo do edifício PO 700, SRTN, Quadra 702, via W5 Norte

Para mais informações, entre em contato com o Núcleo de Comunicação – NUCOM da SVS/Ministério da Saúde

E-mail: nucom.svs@saude.gov.br

(61) 3315 3906