Remédios para sintomas de infecção urinária, como Cystex e Pyridium, oferecem riscos?

Os analgésicos são usados para aliviar dores e desconfortos causados pela cistite. Se usados sem orientação, podem agravar essa e outras infecções
RAFAEL CISCATI
28/07/2017 – 11h19 – Atualizado 28/07/2017 11h56

A dúvida

É verdade que medicamentos para infecção urinária, tipo Cystex e Pyridium, podem piorar a infecção?
Lúcia Assis, de Campo Largo, PR

As infecções do trato urinário – no plural, porque podem afetar a uretra, a bexiga, caso da cistite, ou, em alguns casos, até os rins – estão entre os problemas de saúde mais comuns entre as mulheres. Estima-se que 50% delas vão enfrentá-las ao menos uma vez na vida. E que, dessas, 25% terão infecções recorrentes, mais de três vezes ao ano. “Mas elas não são nenhum bicho de sete cabeças”, diz Jorge Haddad, chefe do setor de uroginecologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).

As diretrizes da Associação Médica Brasileira (AMB) recomendam que o tratamento desses problemas seja feito com antibiótico, receitado pelo médico. É ele que vai solucionar a infecção, combatendo a bactéria invasora – geralmente, a E. coli, um microrganismo que habita o intestino humano, mas que é prejudicial em outros contextos.  É comum também os médicos receitarem analgésicos para o trato urinário. Eles amenizam os sintomas típicos dessas infecções – como ardor ao urinar, o desejo constante de ir ao banheiro e as dores abdominais.  E são usados junto com o antibiótico por tempo limitado. A recomendação é de que não sejam consumidos por mais que dois dias.

Os analgésicos para trato urinário mais comuns são os compostos baseados em metenamina e fenazopiridina – os princípios ativos que compõem o Cystex e o Pyridium, respectivamente, os remédios de que a Lúcia falou. Apesar de largamente utilizados, eles não têm função na cura da doença: “Apenas aliviam os sintomas”, diz Haddad. “Depois de 48 horas, quando os antibióticos começam a fazer efeito, deixam de ser necessários.”

A metenamina e a fenazopiridina acompanham o tratamento das infecções urinárias desde a primeira metade do século XX. A fenazopiridina chegou ao mercado em 1914, antes da descoberta dos antibióticos. E por muito tempo pensou-se que era capaz de resolver, sozinha, o problema. A comunidade científica começou a duvidar dessa capacidade por volta da década de 1930 – mas poucos trabalhos foram feitos para analisar a ação da fenazopiridina no organismo humano. Um dos primeiros estudos a questionar a eficiência do composto foi feito em 1975, por pesquisadores da Universidade de Dusseldorf, na Alemanha. Os cientistas recrutaram 392 pacientes – homens e mulheres – que sofriam com infecções urinárias. Ministraram um tratamento com fenazopiridina a 193 deles. Aos outros 199, deram um antibiótico – o flavoxato. O antibiótico se provou mais eficiente.

No caso da metenamina, há sinais de que além de funcionar como analgésico, ela também é eficaz quando usada em terapias destinadas a prevenir a infecção urinária recorrente. A conclusão é de um time do Hospital Príncipe de Gales, na Austrália. Em 2012, os pesquisadores analisaram 13 estudos a respeito desse uso específico da substância. Eles, no entanto, fazem algumas ressalvas – individualmente, os estudos envolviam número pequeno de participantes, o que pode ter comprometido a qualidade dos resultados [Continua depois da imagem].

De todo jeito, nenhum desses dois compostos se mostrou eficaz para o tratamento das infecções urinárias. Nem todos os pacientes sabem disso. Nos Estados Unidos, uma pesquisa da Universidade da Califórnia em San Diego e em Los Angeles entrevistou 434 mulheres que haviam adquirido fenazopiridina entre 2000 e 2001. O objetivo era avaliar o conhecimento dessas pessoas acerca da droga. Quase metade delas (47%) disse achar que a substância tinha propriedades bactericidas, e que podia curar. Esse equívoco é um problema de saúde em potencial. 

No Brasil, nos Estados Unidos e em outras partes do mundo, essas duas drogas podem ser adquiridas sem receita médica. Quando compra a droga por conta própria, e sente os sintomas amenizar, há quem postergue a visita ao médico: “A pessoa pensa que o problema foi resolvido”, diz Haddad. Não foi – e a demora pode fazer com que se agrave. O mais comum é que a infecção urinária afete a uretra e a bexiga. Se há demora no tratamento, diz Haddad, aumentam as chances de os rins serem afetados: “É um quadro mais grave”.

E o que eu faço?

Essas duas drogas são recomendadas apenas como acompanhamento ao tratamento com antibióticos, porque aliviam as dores associadas às infecções urinárias.  Elas disfarçam os sintomas, mas não tratam as causas da infecção. Por isso, há um risco importante de ela se agravar se um médico não for consultado para fazer o diagnóstico correto e prescrever o medicamento mais adequado para combatê-la. 

Biomarcadores mostram novas terapias para mal de Alzheimer

Técnica monitora progressão da doença e auxilia diagnósticos

por O Globo
29/07/2017 4:30

RIO — Um estudo da Universidade Estadual de Ohio identificou uma nova maneira potencial de diagnosticar o mal de Alzheimer e elaborar um atendimento personalizado aos pacientes. A equipe de pesquisadores descobriu biomarcadores que contribuiriam para a identificação de mudanças nas proteínas encontradas no fluido espinhal e no sangue dos doentes. À medida que a gravidade do Alzheimer aumentou, as proteínas tornaram-se mais longas, rígidas e agrupadas.

Depois de encontrar estes sinais, que dariam pistas sobre a presença da enfermidade, os cientistas inseriram informações sobre os biomarcadores e outros fatores — incluindo as avaliações cognitivas de pacientes — em um algoritmo projetado para avaliar a gravidade da doença.

IDENTIFICAÇÃO DE MUDANÇAS

Os pesquisadores descobriram que a equação poderia mostrar os estágios da doença e sua progressão.

— Com esta ferramenta, conseguiríamos prever o ritmo assumido pela doença no organismo, o que atualmente não é possível. Só sabemos que cada caso é diferente — disse Mingjun Zhang, professor de engenharia biomédica em Ohio e autor principal do estudo, publicado na revista “Science Advances”. — Ao observar os múltiplos indicadores da doença, aumentamos nossa confiança em traçar um diagnóstico e os prognósticos.

O levantamento foi realizado a partir da análise de um banco de dados de informações médicas — além de amostras de fluido espinhal e sangue — de pacientes vistos pelo coautor do estudo, Douglas Scharre, professor de neurologia clínica e psiquiatria de Ohio.

De acordo com Scharre, as ferramentas experimentais ainda não estão prontas para uso clínico, mas podem auxiliar de diversas maneiras a melhorar os tratamentos já disponíveis:

— Com esses biomarcadores, observamos facilmente as mudanças entre o envelhecimento normal e os diferentes estágios do mal de Alzheimer.

Hoje, os medicamentos disponíveis tratam apenas de sintomas da doença e funcionam melhor com um diagnóstico precoce. As ferramentas de diagnóstico aprimoradas podem ajudar os médicos a identificar mais rapidamente quais pacientes sofrem com a enfermidade e quais estão sofrendo declínio cognitivo por outros motivos.

Os exames realizados pela equipe de Zhang indicam que as novas ferramentas funcionariam melhor se fossem aplicadas nos estágios iniciais da doença.

A expectativa é que os biomarcadores e algoritmos acelerem a descoberta de novos tratamentos que melhorem as perspectivas dos pacientes que estão em estágios posteriores do mal de Alzheimer. Segundo Scharre, a presença de um biomarcador facilmente observável, e que muda rapidamente ao longo do tempo, seria uma ferramenta poderosa para monitorar o impacto dos tratamentos experimentais.

— Seria muito útil ter um biomarcador que mostrasse em três meses, ou mesmo em três semanas, que uma droga não está diminuindo a doença — considera Scharre. — Isso nos ajudaria a não perder tempo e a procurar tratamentos melhores.

Zhang pondera que os médicos já tentam coletar uma série de dados sobre pacientes com mal de Alzheimer. Desta forma, tentam estimar o estágio da doença e prever a rapidez com que ela se moverá.

— Usamos os métodos que eles desenvolveram e convertemos em um modelo computacional com diferentes pesos para diferentes fatores — revela Zhang. — Estamos usando técnicas de engenharia para analisar o processo dinâmico assumido por uma doença humana.

A identificação de mudanças físicas nas proteínas é uma área que desperta o interesse dos cientistas que procuram biomarcadores de doenças. Os autores do levantamento sublinham que ainda é cedo para estimar o custo dessas ferramentas, caso elas fossem aplicadas rotineiramente. O uso de um exame de sangue — em vez de outro que dependa de fluido espinhal — seria fundamental para minimizar os riscos.

Coautor do estudo e professor de química e farmacologia, Jeff Kuret destaca que esse tipo de teste é especialmente promissor para o mal de Alzheimer porque trata-se de uma doença de movimentação relativamente baixa. Outro objetivo é que ele não seja “tão caro”:

— Ser capaz de acompanhar pacientes individuais em todos os estágios da progressão de Alzheimer seria incrivelmente útil — ressalta.

Hypermarcas tem lucro líquido de R$ 194,9 milhões no 2º trimestre

Estadão Conteúdo
28.07.17 – 20h05

A Hypermarcas fechou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 194,9 milhões, um crescimento de 10,5% ante os R$ 176,4 milhões apurados no mesmo período do ano passado. Já no acumulado do primeiro semestre, o lucro recuou 68,1%, para R$ 378,4 milhões.

A companhia apresenta também o lucro das operações continuadas, que entre abril e junho ficou em R$ 238,6 milhões, avanço de 35,5% na comparação anual. No semestre, as operações continuadas lucraram R$ 490,9 milhões, que representa um avanço de 67% em relação a 2016.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) das operações continuadas ficou em R$ 318,9 milhões no trimestre, crescimento de 4,6% em relação ao ano passado. Nos seis primeiros meses do ano, o Ebitda neste critério ficou em R$ 668,3 milhões, crescimento de 8,6%. A margem Ebitda no segundo trimestre ficou em 37,4%, ante 37,8% em 2016.

A receita líquida da Hypermarcas no segundo trimestre registrou R$ 852,3 milhões, um avanço de 5,6% em relação ao mesmo espaço de tempo em 2016. No semestre, a receita ficou em R$ 1,78 bilhão, avanço de 8,9%.

A Hypermarcas fechou o mês de junho com uma posição de caixa líquida de R$ 1,451 bilhão, já que a dívida bruta soma R$ 664 milhões, e as disponibilidades chegaram a R$ 2,115 bilhões. Após o resultado da redução de capital, que tirou R$ 821,9 milhões do caixa, a posição líquida de caixa ficou em R$ 636,1 milhões.

Anvisa apresenta respostas para demandas de empresas

Iniciativas incluem melhorias nas áreas de gestão da Agência, registro de produtos, análise de processos e inspeções sanitárias. Nova rodada de discussões com o setor regulado deve acontecer em novembro.

Por: Ascom/Anvisa
Publicado: 26/07/2017 19:13
Última Modificação: 26/07/2017 19:18

A Anvisa apresentou, nesta quarta-feira (26/7), as melhorias adotadas pela área de gestão em resposta aos problemas apontados nas reuniões anteriores. Entre as novidades anunciadas pelo diretor-presidente, Jarbas Barbosa, está a criação da uma segunda instância formal para analisar os recursos de processos.

Essa nova estrutura deve dar mais agilidade aos julgamentos de recursos e permitir mais previsibilidade de agendas para as empresas. Atualmente, os recursos são julgados pela própria Diretoria Colegiada.
Informações mais claras

Na área de comunicação e informação, também foram apresentadas iniciativas como a realização de Webinars para aumentar a participar das apresentações técnicas da Anvisa, sem a necessidade de deslocar funcionários. O primeiro evento deste tipo reuniu uma audiência de mais de 3 mil pessoas e tratou dos ensaios clínicos para dispositivos médicos. O calendário dos próximos Webinars será anunciado em breve.

Além disso, a Agência publicou, também nesta quarta-feira, a portaria de restituição de taxas de pagamento e a portaria sobre o agendamento de audiências no parlatório. São medidas concretas às demandas apresentadas nas reuniões anteriores.
Filas de análise

Um dos temas apresentados pela plateia foi o tempo de análise dos processos pela Anvisa, especialmente de registro de medicamentos, produtos e alimentos. No caso de medicamentos, já foi apresentado um plano para atender à Lei 13.411/2016, que estabeleceu prazos mais rígidos para o registro de produtos farmacêuticos.

Jarbas Barbosa defendeu ainda mudanças nas regras de inspeções para reduzir o tempo necessário para emissão do Certificado de Boas Práticas de Fabricação. Segundo ele, é possível desenhar um sistema de auditorias externas exclusivo para o Brasil copiando a experiência que hoje já permite auditorias externas entre os países participantes do MDSAP (Brasil, Canadá, EUA, Japão e Austrália).

Os participantes também questionaram o tempo de espera em alguns portos e aeroportos para a liberação de importações pela Anvisa. Segundo Jarbas, atualmente, existem alguns desequilíbrios na liberação de importações, no entanto, a Agência está atenta a essas questões e mudou toda a gestão da área de portos e aeroportos e trata o tema como prioridade. Enquanto no aeroporto do Galeão a fila de importação está zerada, no porto do Rio de Janeiro está girando em torno de 30 dias.
Comunicação e Informação

Na parte da manhã, houve uma apresentação específica sobre o portal, os sistemas eletrônicos e os canais de atendimento da Anvisa. Os representantes das empresas apresentaram os principais questionamentos do setor em relação aos sistemas de consulta e ao acesso às informações da Agência.

Uma das novidades apresentadas foi o acesso ao “Anvisa Esclarece”, que vai permitir consulta direta ao conteúdo utilizado pelos operadores da Central de Atendimento. O acesso deve estar disponível a partir do próximo dia 31 de julho.

A área de Tecnologia da Informação anunciou, ainda, a troca do sistema de peticionamento e do Datavisa , para suprir grande parte dos problemas que não podem mais ser resolvidos com os sistemas atuais, devido à defasagem tecnológica.
Diálogo

Conhecido como “DR com o setor regulado”, este evento ocorre frequentemente com o objetivo de entender as principais demandas dos setores produtivos. O propósito é buscar, conjuntamente, maneiras de harmonizar o relacionamento entre a Agência e as empresas que utilizam os serviços do órgão. O próximo encontro será realizado ainda neste ano, em novembro.

Grande nome da farmacoeconomia internacional é destaque no V Fórum Brasileiro Sobre Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia

Quarta, 26 Julho 2017 16:01 Escrito por Deyvis Drusian Gomes
Workshop organizado pela Novartis Oncologia traz Michael Drummond, professor da Universidade de York, para discutir modelos alternativos de acesso a novas tecnologias no sistema de saúde no país

O Brasil vai receber um dos maiores nomes da farmacoeconomia internacional, Michael Drummond, professor da Universidade de York. Ele é o palestrante convidado para o workshop Innovative Price Models (Modelos de preços inovadores), que acontecerá em 27/7, como parte da agenda do V Fórum de Assistência Farmacêutica e Farmacoenomia, que ocorre em Salvador (BA), de 25 a 28 de julho. O evento conta com a presença dos maiores especialistas nacionais e internacionais em farmacoeconomia.

Organizado pela Novartis Oncologia, o workshop conta com outros palestrantes de renome, como Renata Curi Hauegen, consultora jurídica do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS / Fiocruz), Nelson Teich, presidente do grupo COI, e Nahila Justo, diretora da Mapi Real World Evidence Strategy and Analytics.

Segundo o diretor geral da Novartis Oncologia, Alexandre Gibim, o workshop é uma oportunidade de trazer ao Brasil experiências internacionais para fundamentar propostas de modelos alternativos e viáveis de acesso a novas tecnologias para o sistema de saúde no Brasil.

“A Novartis trabalha constantemente para desenvolver soluções inovadoras que melhorem e prolonguem a vida dos pacientes. Promover o compartilhamento de conhecimento internacional a profissionais do sistema de saúde é fundamental para disponibilizarmos tratamentos de última geração às pessoas”, afirma Gibim”.

Além do workshop, Michael Drummond também fará uma conferência aberta no fórum, na manhã de 27/7, em que discutirá acordos para precificação e o reembolso de produtos farmacêuticos, com o tema “Are managed entry agreements a way forward for the pricing and reimbursement of pharmaceuticals?”.

O V Fórum de Assistência Farmacêutica e Farmacoenomia é promovido em parceria pela Associação do Curso de Pós Graduação de Medicina e Saúde (ACPgMS) com o apoio da Universidade Federal da Bahia (UFBA), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), do Ministério da Saúde (MS), INTERFARMA e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Sobre a Novartis

A Novartis oferece soluções inovadoras em saúde que atendem às necessidades dos pacientes e da população. Com sede na Basileia, na Suíça, a Novartis conta com um diversificado portfólio de produtos para atender estas demandas: medicamentos inovadores, genéricos e biossimilares e cuidados com os olhos. A Novartis é a única empresa global com liderança nessas áreas. Em 2016, as operações do Grupo atingiram vendas líquidas de US$ 48,5 bilhões e cerca de US$ 9 bilhões foram investidos em pesquisa e desenvolvimento. As empresas do Grupo Novartis empregam aproximadamente 118.000 colaboradores e seus produtos estão presentes em mais de 155 países ao redor do mundo.

Bahiafarma obtém registro da Anvisa para fabricação de insulina

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, no Diário Oficial da União desta segunda-feira (17), o registro concedido à Bahiafarma para produção e distribuição de insulina em território nacional. A partir de agora, o laboratório público está apto para fornecer o medicamento ao Sistema Único de Saúde (SUS). Para o secretário estadual da Saúde, Fábio Vilas-Boas, essa é uma conquista da Bahia que beneficiará todo o país. "A gestão da Bahiafarma está atuando no sentido de termos, em pouco tempo, uma fábrica de insulinas no Estado, o que permitirá não apenas a regularização da distribuição de insulina a todo o Brasil, mas também o fortalecimento dos parques industrial e tecnológico da Bahia", afirmou. O projeto é fruto de uma parceria entre a Bahiafarma e a empresa ucraniana Indar, uma das líderes mundiais na fabricação de insulina. O acordo prevê a instalação de uma unidade de produção do medicamento na Bahia para abastecer o mercado nacional. "Depois que a unidade estiver pronta, a tendência é que sejam encerrados os repetidos problemas de desabastecimento de insulinas no Sistema Único de Saúde", explicou o diretor-presidente da Bahiafarma, Ronaldo Dias. "Nosso parceiro Indar, um dos maiores e mais importantes produtores de insulinas do mundo, tem todo o know-how para nos auxiliar neste processo, que vai resultar na mudança de patamar da indústria farmacêutica no Norte-Nordeste brasileiro, com atração e formação de mão-de-obra altamente qualificada", acrescentou. Em maio, a presidente do laboratório ucraniano, Liubov Vishnevska, conheceu a unidade da Bahiafarma em Simões Filho, na região metropolitana de Salvador, que será a sede da produção de insulinas e onde já são realizadas obras de adequação. No fim de agosto, está prevista a visita técnica à Ucrânia de uma comitiva da Bahia, liderada pelo governador Rui Costa.

Cientistas desenvolvem remédios capazes de deter superbactérias

Medicamentos à base de inibidores de enzima não são tóxicos nem têm efeitos colaterais

Rio de Janeiro. A guerra contra as superbactérias ganhou mais um capítulo importante. Pesquisadores descobriram que medicamentos à base de inibidores da enzima LpxC são capazes de tratar doenças causadas por micróbios muito difíceis de serem combatidos atualmente. Os resultados do estudo, realizado nos Estados Unidos, foram publicado no periódico científico “mBio”.

“A rápida disseminação da resistência antimicrobiana destaca a necessidade urgente de novos antibióticos. Aqui, descrevemos uma nova classe de antibióticos sem resistência cruzada com antibióticos convencionais”, dizia um trecho do estudo.

De acordo com os estudiosos da Universidade Duke, nos Estados Unidos, vários experimentos em laboratório – com pelo menos 12 diferentes tipos de superbactérias – demonstraram a eficiência do inibidor da enzima LpxC para tratar infecções bacterianas graves. O composto, batizado de LPC-069, não foi considerado tóxico pelos pesquisadores.

A droga desenvolvida a partir dessa mistura, de acordo com os autores do estudo, não apresentou efeitos colaterais sérios em nenhuma das doses testadas, incluindo a mais alta. A enzima, inclusive, surtiu efeitos satisfatórios no combate à peste bubônica – doença pulmonar infecciosa diagnosticada em mais de mil pessoas ao ano no mundo, que é fatal caso não seja tratada de maneira adequada.

Os testes. Em modelos in vivo, os pesquisadores perceberam que o composto LPC-069 provocava uma atividade antibiótica nas células contra diversas doenças bacterianas, incluindo linhagens resistentes a múltiplos fármacos.

Em outra parte do estudo, os pesquisadores relatam que injetaram a bactéria que causa a peste bubônica em 15 camundongos, divididos em dois grupos. Após 18 horas de exposição à infecção, parte dos camundongos foram tratados com alta dose de LPC-069. Cinco dias depois, os ratos que não receberam o composto estavam mortos, enquanto os ratos tratados com LPC-069 haviam sobrevivido.

As bactérias também foram cultivadas em pacientes do Hospital Universitário de Lille, na França, com exceção da Yersinia pestis, que causa a peste bubônica, testada apenas em camundongos.

Dominação

Habilidade. A capacidade de bactérias de passar por mutações para vencer medicamentos desenvolvidos para matá-las é chamada de resistência antimicrobiana – ou resistência a antibióticos.

Rio de Janeiro. O total de bactérias que não podem ser combatidas por antibióticos vem aumentando no Brasil e já responde por 23 mil mortes anuais no país, afirmam especialistas, apesar de não haver números oficiais. Por isso, as chamadas superbactérias são consideradas a próxima grande ameaça global em saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Um exemplo é a Acinetobacter spp. A bactéria pode causar infecções de urina e da corrente sanguínea e pneumonia. Ela foi incluída na lista da OMS como uma das 12 bactérias de maior risco à saúde humana por sua alta resistência.

Dados divulgados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostraram que 77,4% das infecções da corrente sanguínea registradas em hospitais pela Acinetobacter spp. Em 2015, foram causadas por uma versão resistente a antibióticos poderosos.

Esponja descoberta no Alasca surge como arma contra câncer de pâncreas

27/07/2017- 00h27min

Por
AFP

Uma pequena esponja verde, descoberta nas águas do Pacífico no Alasca, pode ser a primeira arma efetiva contra o câncer de pâncreas, revelaram nesta quarta-feira pesquisadores americanos.

O câncer de pâncreas, um tumor particularmente agressivo, é especialmente difícil de tratar.

"Ninguém imaginaria encontrar esta esponja que pode ser milagrosa", disse em entrevista por telefone Bob Stone, pesquisador do Alaska Fisheries Science Center.

Stone descobriu a esponja, chamada de "Latrunculia austini", em 2005, quando explorava o fundo do oceano durante uma expedição no Alasca.

A esponja vive em rochas a uma profundidade de entre 70 e 219 metros.

Testes de laboratório revelaram que várias moléculas desta esponja destroem de maneira seletiva as células do câncer de pâncreas, revelou Mark Hamann, pesquisador da Universidade do Sul da Califórnia.

"Sem dúvida é o maior ativo molecular contra o câncer de pâncreas que já observamos", disse Hamann. "Ainda há muito trabalho a fazer, mas é o primeiro passo-chave no processo de desenvolvimento de um tratamento".

O câncer de pâncreas avança lentamente, uma circunstância que leva ao diagnóstico tardio dos pacientes, com poucas possibilidades de sucesso no tratamento.

Apenas 14% dos pacientes sobrevivem após cinco anos com um tumor deste tipo, segundo a American Cancer Society.

"Já identificamos 5 mil extratos de esponjas nas últimas duas décadas", disse Fred Valeriote, do Henry Ford Cancer Institute em Detroit. "Em termos deste padrão particular de atividade seletiva contra o câncer de pâncreas e de ovários, vimos apenas uma (outra) esponja com tal atividade, que foi coletada há muitos anos na Indonésia".

Nos Estados Unidos, cerca de 53.000 novos casos de câncer de pâncreas serão diagnosticados em 2017, e mais de 43 mil pessoas morrerão por esta causa.

Sandoz apóia o 1º Simpósio da Síndrome de Prader-Willi

Com o apoio da Sandoz, divisão de genéricos e biossimilares do Grupo Novartis, e da Associação Brasileira da Síndrome de Prader Willi, será realizado o 1º Simpósio Multiprofissional da Síndrome de Prader-Willi nos dias 4 e 5 de agosto de 2017 em São Paulo. Segundo a endocrinopediatra Dra. Ruth Franco, uma das organizadoras do evento, o principal intuito do simpósio é divulgar a doença para que mais profissionais da saúde reconheçam os sintomas e saibam fazer o diagnóstico precocemente. “Nos Estados Unidos, a Síndrome de Prader-Willi é detectada em crianças de até 17 dias de vida. No Brasil, algumas vezes as crianças são diagnosticadas entre 4 e 10 anos de idade. Isso dificulta o tratamento e o controle dos sintomas”, conta.

A Síndrome de Prader-Willi tem como principal característica a fraqueza muscular no nascimento. Quando crianças, os pacientes têm atraso no desenvolvimento, baixo peso e problemas de crescimento. Depois, a Síndrome impede que a pessoa tenha saciedade, ocasionando a obesidade, além de distúrbios hormonais e problemas psicológicos. “A doença afeta uma entre 15 mil e 30 mil crianças. Das afetadas, 70% apresentam deficiência de hormônio de crescimento. Por isso, temos que expandir o conhecimento sobre a Prader-Willi para todo o Brasil”, afirma a Dra. Ruth.

O Simpósio da Síndorme de Prader-Willi será ministrado pelo Instituto da Criança, do Hospital das Clínicas de São Paulo, e contará com a participação de especialistas, médicos e profissionais de saúde de diferentes estados brasileiros, além de pais e cuidadores de pacientes. A programação inclui apresentação de conteúdo científico, onde serão abordados os sintomas, causas, consequências e tratamentos, além de mesa redonda para debate sobre o tema.

Mais informações: https://www.eventbrite.com.br/e/1o-simposio-multiprofissional-da-sindrome-de-prader-willi-tickets-34955862927

Medicina personalizada avança no País

Fernanda Bassette, Especial para O Estado

27 Julho 2017 | 03h00

SÃO PAULO – Os médicos costumam descobrir se determinado medicamento é realmente eficaz para o paciente, ou se a relação entre o benefício e os efeitos colaterais é vantajosa, apenas depois que o tratamento começa. E, muitas vezes, a constatação demora a ser feita. Ainda pouco difundidos no Brasil, os testes farmacogenéticos – comuns nos Estados Unidos e na Europa – são uma ferramenta para ajudar o profissional a definir a terapia.

Como o próprio nome diz, por meio do avanço da medicina genômica, os testes farmacogenéticos analisam a genética do paciente e a resposta que seu organismo terá diante do contato com uma série de drogas. Isso porque algumas pessoas metabolizam os medicamentos de maneiras diferentes, alguns mais rapidamente, outros mais lentamente – o que pode causar falhas no tratamento, como os indesejáveis efeitos adversos ou até a sua total ineficácia.

"A medicina de massa tem a sua utilidade, mas a medicina de precisão vem crescendo muito nos últimos anos e ela surge para individualizar cada vez mais o paciente. O fato de você olhar para o perfil genético do paciente e definir qual será o melhor tratamento é uma tendência muito forte e cada vez mais presente", afirma Jeane Tsutsui, diretora executiva médica, técnica e de pesquisa e desenvolvimento do grupo Fleury Medicina e Saúde.

Na maioria das vezes, os testes avaliam variações nas atividades enzimáticas e determinam se aquele medicamento que o médico prescreveu para o paciente vai funcionar corretamente ou não. Em outros casos, como no tratamento de câncer, por exemplo, o paciente já toma determinada droga e o teste vai avaliar mutações daquele tumor e indicar a probabilidade de ele responder ao tratamento da maneira esperada.

Existem testes para análise da eficácia de diversos medicamentos, passando pelos psiquiátricos, dermatológicos e oncológicos. Nos últimos anos, a cardiologia é que está ganhando espaço tanto para a identificação de possíveis mutações genéticas que possam causar doenças, quanto para a avaliação se determinada droga fará efeito ou não no paciente.

De olho nesse mercado, o médico Mário Grieco, ex-presidente da farmacêutica Bristol no Brasil, fundou a Life Diagnósticos e trouxe para o Brasil o teste cardiogenético para analisar o metabolismo da enzima CYP2C19 e a resposta do organismo do paciente ao medicamento Clopidogrel – uma droga de antiagregação plaquetária, usada para afinar o sangue e impedir a formação de trombos. Esse é um dos remédios mais utilizados em pessoas com doenças coronarianas, que possuem stents (dispositivos para manter os vasos sanguíneos desobstruídos), ou que sofreram um AVC.

Em cerca de dois anos de existência, a Life já realizou cerca de 5 mil exames genéticos para análise da CYP2C19, tudo dentro do Brasil, em laboratório próprio. Cada exame custa R$ 500. "A CPY2C19 é a enzima específica para metabolizar esse remédio. Se a pessoa tiver o metabolismo normal, está tudo bem. O problema ocorre quando a metabolização é lenta demais ou ultrarrápida. Quanto antes você identificar esse problema, melhor será para o paciente", afirma Grieco, que tem realizado um trabalho de apresentação dos benefícios do teste para os médicos.

"Nos Estados Unidos o teste farmacogenético do Clopidogrel já é realizado de rotina e consta, inclusive, indicação de fazê-lo na bula do medicamento. Por que não deixar isso acessível no Brasil também? É isso que busca a medicina do futuro", diz Grieco.

Segundo Jeane, pesquisas recentes apontam que doenças cardíacas também podem estar associadas a mutações genéticas. Assim, o Fleury mapeou as principais mutações genéticas associadas a doenças cardíacas hereditárias e lançou recentemente um portfólio que contempla a análise de 13 painéis genéticos para a área de cardiologia, englobando doenças como: colesterol alto (hipercolesterolemia), arritmias hereditárias, cardiomiopatias hereditárias e síndromes raras.

"São doenças hereditárias e com risco maior de complicações, como um enfarte. Por meio do teste, é possível fazer um diagnóstico mais rápido e um tratamento mais preciso", afirma Jeane, que também realiza assessoria para levar esse tipo de informação aos médicos.

O preço dos testes, explica Jeane, varia dependendo do tipo de tecnologia que será usada, se será avaliada apenas uma mutação genética ou um painel de mutações, se a análise do teste será feita no Brasil ou no exterior. "Mas gira em torno de R$ 1.000 a R$ 5.000", afirmou.

Para Riad Younes, diretor do Centro de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a personalização do tratamento não envolve apenas o medicamento, mas uma série de tecnologias. Para eles, a principal dificuldade é fazer com que essa tecnologia esteja realmente acessível ao paciente. "A tecnologia nos mostra o medicamento certo para a pessoa certa. Mas aplicar isso no Brasil ainda é um problemão. Os doentes não têm acesso e muitos médicos nem sabem que a tecnologia existe", finalizou.
Tratamento sob medida é tema do Summit Saúde

O tratamento sob medida para pacientes, com diagnósticos cada vez mais precisos e medicamentos personalizados, será um dos temas em debate no Summit Saúde Brasil, evento que o Estado realiza em 14 de agosto, no Sheraton WTC, em São Paulo.

Esse assunto estará em pauta na sessão Medicina Personalizada, com Riad Younes, do Hospital Oswaldo Cruz; Jeane Tsutsui, do Laboratório Fleury; José Eduardo Krieger, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP); e Iscia Lopes Cendes, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Medicina Personalizada será um dos oito painéis do Summit, que reunirá especialistas brasileiros e estrangeiros para debater o que há de mais novo em gestão e tecnologia nas áreas de medicina e saúde. O evento é voltado para profissionais do setor, e há desconto para assinantes do Estado. Os ingressos estão à venda no site summitsaudebrasil.com.br.