Farmácia sofre sem remédios em MT

Elayne Mendes
A Gazeta

Pacientes que dependem de medicamentos que deveriam ser fornecidos na Farmácia de Alto Custo do Estado, continuam enfrentando dificuldades. Indo contra a promessa dos primeiros 100 dias de gestão, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) não tem conseguido manter o estoque da unidade na média de 80% e usuários afirmam que falta de medicamentos se tornou ainda mais constante a partir de 2015, quando o atual governador, Pedro Taques, assumiu a gestão de Mato Grosso.

Além disso, serviços terceirizados da farmácia, como limpeza e segurança, podem ser suspensos a qualquer momento, uma vez que o Executivo está há três meses sem realizar o pagamento às empresas.

“O governador não sabe o que é trabalhar o mês inteiro, pegar todo o salário para comprar o medicamento que seu filho precisa e ainda assim, faltar dinheiro. A gente se sente incapaz e culpado ao mesmo tempo é desesperador”.

Este é o relato do vigilante e presidente da Associação de Pais e Amigos do Autista de Cuiabá (AMA), Célio Wilson. Ele conta que fica extremamente preocupado quando se dirige até à Farmácia de Alto Custo para buscar as três caixas de aristab 10mg, que seu filho autista precisa para controlar a hiperatividade e não encontra.

Com um salário de R$ 1.300 por mês, ele diz não consegue comprar o medicamento, uma vez que cada caixa custa em média R$ 450. “Até 2014 a gente conseguia encontrar o medicamento. É claro que as vezes faltava, mas logo que chegava, as atendentes da farmácia me ligavam para ir buscar. Porém, desde 2015, quando mudou o governo, eu tenho tido uma dificuldade enorme em pegar o remédio”.

O motivo da escassez do aristab, segundo Célio, é que uma Comissão Farmacêutica e de Terapia criada pela atual gestão, suspendeu diversas portarias que garantiam o fornecimento de alguns medicamentos, como a portaria 172, a qual permitia a ele ter acesso ao aristab, para seu filho. “A justificativa é que eram remédios caros e que poucas pessoas solicitavam, então não havia necessidade de comprarem”.

Sem dinheiro, a alternativa para garantir o tratamento do filho, foi recorrer à Justiça. Porém, o vigilante afirma que até assim, o filho chega a ficar até 45 dias sem o medicamento. “O Judiciário só libera medicamentos para dois meses, já que há um limite para bloqueio de verba e eu não sou o único a buscar ajuda de um juiz. Até eu renovar o pedido e ser liberado novamente lá se vão quase dois meses”.

Sem o medicamento, o filho de Célio fica impossibilitado de ir à escola e fazer as sessões de fisioterapia, pois ele fica muito agressivo e não consegue conviver com outras crianças ou adultos, além dos pais. “Até conosco ele se irrita e eu me entristeço muito vendo ele nesse estado, não podendo fazer nada”.

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