Fruticultura dependerá de chuvas e do governo

Cenário hídrico ainda influencia a produção de frutas e de outros produtos no Estado

01:00 · 07.02.2018 por Egídio Serpa – Colunista

Berlim (Alemanha). Mesmo que a temporada de chuvas deste ano venha a recarregar os grandes açudes, como o Orós, o Castanhão e o Banabuiú, a fruticultura do Ceará só terá futuro se o governo em primeiro lugar: decidir como aplicará esse recurso hídrico, caso eleja as atividades estratégicas que incentivará para a geração de emprego e renda no Estado ou garanta oferta de água aos fruticultores.

"Quando, e somente quando, isto ficar claro, os empresários da fruticultura e de outras atividades rurais estarão aptos a avaliar os riscos e a decidir sobre o que fazer", disse ao Diário do Nordeste Tom Prado, CEO da Itaueira Agropecuária, empresa cearense com sede em Fortaleza e fazendas de produção no Piauí, no Ceará e na Bahia.

Tom Prado e seu irmão José Luiz, também sócio e diretor da Itaueira, estão em Berlim para participar de mais uma Fruit Logistica, a maior feira de frutas e hortaliças do mundo, que se abre hoje e seguirá até sexta-feira no Messe Berlim – o centro de eventos da capital da Alemanha – com 1.800 expositores dos cinco continentes. Estima-se que a feira deste ano – que tem também estandes de empresas de logística e de pesquisas científicas – será visitada por 60 mil pessoas, entre produtores, exportadores e importadores de 160 países.

Falando logo após desembarcar em Berlim, Tom Prado ampliou seu comentário a respeito da crise de oferta de água no Ceará. Indagado sobre se essa carência também existe no Piauí e na Bahia, onde a Itaueira produz melões e melancias, ele respondeu que sim. "Na realidade, no Ceará há regiões em que a água do subsolo não faltou, ainda. Nessas áreas, as atividades produtivas rurais continuaram e seguem sendo exercidas. Em outros estados ocorre o mesmo: há localidades com maior escassez hídrica e outras em que o recurso só existe no subsolo", disse.

Foco em tecnologia

Assim como grande parte dos fruticultores que vieram a Berlim para a Fruit Logistica 2018, Tom Prado também tem seu foco nas novidades tecnológicas que a feira apresenta. "A Itaueira conseguiu reduzir em 46% o consumo de água por hectare, para o que conta com a mais alta tecnologia importada de Israel e dos Estados Unidos". Sem expor seus produtos na feira deste ano – o mercado interno brasileiro, com preços competitivos, está consumindo toda a produção de melões e melancias – o foco da Itaueira na Fruit Logistica é comercial e tecnológico. "Nossos clientes – tanto os do mercado interno quando os do externo – estão aqui, e também alguns fornecedores que nos apresentarão novas tecnologias de embalagem, genética, colheita e pós-colheita", afirmou.

No fim do ano passado, a Itaueira tornou-se sócia da Cearosa Vegetais, que produz pimentões coloridos e tomates do tipo cereja, adquirindo 75% do seu capital. Tom Prado justificou o negócio: "Tornamo-nos sócios da Cearosa pela confiança em seus acionistas, em sua equipe de profissionais, na capacidade atual de sua infraestrutura, já pronta para o crescimento futuro e na sua expertise de produzir, com inovação e exclusividade, pimentões coloridos doces e saborosos, algo que se assemelha à nossa estratégia de produção do melão Rei, embalado numa redinha e comercializado em todo o País e no exterior".

Tom Prado transmite uma novidade: "em 60 dias, as gôndolas dos melhores supermercados brasileiros já terão o Pimentão Colorido Rei, produzido na Serra da Ibiapaba pela Cearosa".

Ontem, os irmãos Prado passaram o dia ouvindo palestras técnicas e científicas no City Cube Berlin, todas versando sobre as últimas tecnologias aplicáveis na fruticultura. De hoje até sexta-feira, no estande do Brasil na Fruit Logistica, eles cumprirão uma agenda de reuniões com importadores europeus, norte-americanos e canadenses, e também com clientes brasileiros e fornecedores nacionais e estrangeiros.

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