Leite e derivados estão 15% mais caros nos supermercados do Rio
O café da manhã está pesando mais no bolso do consumidor, já que os itens clássicos da refeição, com leite e manteiga, ficaram bem mais caros nos últimos meses. O aumento médio do leite e dos derivados foi de 14,4% nos últimos 12 meses no Rio. Queijos e iogurtes registram altas ainda mais impactantes: de 43,35% e 20,41%, respectivamente, no mesmo período, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, medido pelo IBGE.
Os valores cobrados pela manteiga subiram, em média, 35,3% — muito acima da alta de 4,57% do IPCA — em todo o país no acumulado dos últimos 12 meses.
Especialista da MilkPoint, consultoria especializada no mercado de lácteos, Valter Galan explica que houve uma queda na produção do leite nos últimos dois anos, o que pressiona os custos repassados ao consumidor.
— A partir da segunda quinzena de maio, há uma recuperação no volume da produção no Sul do país. Até a produção se recuperar e reagir, vai um tempinho.
O pesquisador e economista do FGV/IBRE, André Braz, esclarece que o preço da bebida é sazonal:
— O valor costuma ficar estável quando há um retorno no volume de chuvas, pois na seca existe um encarecimento das rações e secas nos pastos. No fim de agosto e início de setembro, o preço costuma desacelerar.
Natália Grigol, pesquisadora da área do leite do Cepea Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP, acrescenta que a entressafra do produto vai de março a outubro:
— Sem chuvas, as pastagens ficam mais fracas, a vaca tem menos comida disponível e produz menos leite. O preço já está muito elevado no começo da entressafra — afirmou a pesquisadora.
A manteiga segue no mesmo ritmo de alta. Um dos principais fatores para isso é que o produto é fabricado a partir da gordura do leite, uma matéria-prima concorrida para a produção de diversos artigos, como creme de leite e requeijão.
O leite retirado da vaca tem, em geral, um teor de 3,5% de gordura. Na produção da bebida desnatada, essa matéria é separada do leite e usada para a fabricação de manteiga ou outros produtos. Porém, o leite longa vida integral — o mais consumido no país — gera pouca gordura, já que o teor de 3,5% é equilibrado para 3%.
A demanda do consumidor pela manteiga também aumentou muito no Brasil. A empresa de pesquisa de mercado Kantar WorldPanel aponta que foram consumidas 29.978 toneladas do produto no ano passado.
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