Lógica de supermercado

Ao entrarmos nesses centros de consumo, tendemos a comprar mais com nossos sentidos do que com a razão

Você acha que a música de fundo no supermercado te estimula a passar mais tempo por lá? Em um primeiro olhar, você pode pensar que não. Temos uma tendência a acreditar que nossas decisões são totalmente racionais.

As “pegadinhas” criadas para te fazer comprar podem ser muito mais sutis do que truques óbvios como o cartaz de oferta em vermelho. O economista comportamental George Loewenstein afirma que a maior parte do nosso cérebro é dominada por processos automáticos, ao contrário do que costumamos imaginar. Ou seja, nossas influências são muito mais emocionais do que cognitivas.

De modo geral, as marcas e os supermercados não estão somente interessados em que você gaste mais dinheiro: elas pregam que querem lhe oferecer uma “experiência de compra agradável”. Esse apelo por um momento confortável e prazeroso durante as compras não é sem sentido, uma vez que os nossos impulsos de compra são majoritariamente disparados por gatilhos emocionais — como vem sendo estudado pelo neuromarketing.

Aguçar as emoções e os gatilhos do seu inconsciente no momento da compra pode ser muito mais eficaz do que somente estabelecer uma guerra de preços com os concorrentes.

Por exemplo, sabemos que o vermelho é uma cor que tem o poder de atrair nossa atenção — e por isso é tão usada em liquidações. No entanto, muitos supermercados usam a tática de colocar preços normais em vermelho para criar essa sensação de oferta — mesmo que esses preços não sejam vantajosos.

Já reparou que produtos da mesma marca costumam aparecer organizados lado a lado em embalagens de diferentes tamanhos? Isso é muito comum na sessão de produtos de limpeza e higiene. Essa tática serve para que você tenha a sensação de que está fazendo uma compra melhor optando pelo maior pacote, mas na verdade você provavelmente levará uma quantidade acima do que realmente precisa.

Os profissionais de marketing são capazes de prever o seu trajeto dentro do supermercado — e organizam os produtos de modo estratégico com base nessa rota. Por exemplo, temos uma tendência a virar à direita quando chegamos em algum lugar. Por essa razão, as marcas costumam pagar a mais para serem posicionadas à direita nos corredores.

Os vegetais bem na entrada também não são colocados ali aleatoriamente. Na verdade, temos uma sensação de bem-estar e satisfação ao colocar produtos saudáveis no carrinho primeiro. Isso “alivia” nossa mente para incluir os produtos não tão saudáveis em seguida.

Ciente dessas estratégias, é importante reforçar algumas estratégias que, por mais que sejam antigas, ainda são eficazes para diminuir os efeitos das ciladas dos supermercados. A lista de compras é a primeira delas. Uma vez mantido o foco de atenção naqueles itens específicos, seu cérebro se volta para essa tarefa e abre menos espaço para as distrações das prateleiras. Além disso, o velho conselho de não ir às compras com fome também é crucial. Ou você acha mesmo que a padaria do supermercado posicionada bem perto da entrada e com aquele delicioso cheiro de pão quentinho é algo aleatório?

Em tempos de desemprego alto e orçamento, fique atento a essas dicas e evite armadilhas do consumo.

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