Novo remédio para diabetes vai melhorar o controle glicêmico

Tratamento para diabetes tipo 2 aprovado pela Anvisa esta semana, tem gerado discussões entre especialistas e pacientes

Mas ainda é muito caro para a população. O novo tratamento para o diabetes tipo 2 aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) esta semana, tem gerado discussões entre especialistas e pacientes.

A fórmula do Soliqua une duas substâncias já usadas por diabéticos no Brasil, a insulina glargina — que é deficiente em organismos com diabetes tipo 2 — e o hormônio lixisenatida — que evita o ganho de peso. E a novidade é justamente a combinação delas em um só produto, o que promete tornar mais prática a vida de muitos que têm a doença.
De acordo com o endocrinologista da Associação Carioca dos Diabéticos do Rio de Janeiro, Izidoro de Hiroqui Flumignan, esta aprovação da Anvisa é um passo importante já que a associação das substâncias em uma só caneta aplicadora é uma inovação. “O remédio fornecido será capaz de melhorar o controle glicêmico nos casos em que medicamentos orais já não conseguem fazer isso” explica o especialista lembrando que é uma tradição médicos receitarem drogas injetáveis depois da falência dos tratamentos por via oral.” Há uma tendência disto mudar. O que importa não é ser um medicamento oral ou injetável. É a eficácia em promover a saúde que realmente interessa. Temos muitos estudos mostrando importantes benefícios do tratamento injetável se for usado antes dos orais”.
Outro ponto importante é esclarecer que 85% dos pacientes diabéticos tipo 2 estão acima do peso. Quando eles precisam tomar insulina, acabam engordando ainda mais. “Por isso é tão importante incluir a lixisenatida no tratamento, já que esse hormônio consegue retardar o esvaziamento gástrico, fazendo com que a pessoa se sinta saciada por mais tempo. Assim, ela controla melhor a fome e mantém estável o nível de açúcar pós-digestão” esclarece Izidoro.
Segundo o cirurgião vascular Jackson Caiafa, presidente da Associação Carioca dos Diabéticos-RJ, o Soliqua é uma inovação na terapia do diabetes, abrindo novas perspectivas para o tratamento do diabetes tipo 2, e o preço dessa combinação não deverá ser mais caro do que o valor de cada uma das duas substâncias separadamente, uma vez que cada caneta aplicadora de insulina glargina custa em torno de R$ 100 e cada uma de lixisenatida, cerca de R$ 300. “A combinação fixa dos dois não deverá custar mais que R$ 400, entretanto é caro para a população e ainda não existe qualquer previsão para o medicamento ser distribuído pelo SUS que distribui só os remédios básicos. Mas no futuro, com a consagração dos benefícios desta associação hormonal numa só aplicação, poderá sim, estar também disponível no SUS”, prevê Caiafa esclarecendo que o diabetes mellitus, atualmente é a doença mais cara do mundo, considerando sua epidemiologia e morbimortalidade. “Num recente estudo realizado pela nossa associação, concluímos que o custo do tratamento moderno do diabetes tipo 2 no Brasil fica por volta de oitocentos reais por mês. Mas para os associados da ACD- Associação Carioca dos Diabéticos, ponderamos que deva ter algum tipo de subsídio financeiro do governo, como uma redução de impostos, para podermos estender estes benefícios também para os diabéticos mais carentes”, explica o médico.
Entre as vantagens do medicamento recém-aprovado está a facilidade de adesão por parte dos pacientes ao tratamento diário. Ainda de acordo com o Jackson Caiafa, quando dois medicamentos estão em uma única caneta, facilita a aplicação diária. “A diabetes é uma doença multifatorial, exigindo um tratamento baseado em várias medicações. Existem diversos mecanismos no corpo responsáveis por fazer a glicose subir e cada remédio tem a função de combater um deles. Não há um que cubra todos”, afirma.
O país tem, atualmente, 14,3 milhões de pessoas com diabetes, o que representa 9% da população. Metade delas, entretanto, não sabe que tem o problema. Caiafa explica ainda que os maiores desafios no tratamento do diabetes são o controle do peso e a educação dos fatores envolvidos na prevenção da doença e das suas principais complicações. “O diagnóstico tardio e o tratamento insuficiente ou equivocado são responsáveis pela incomoda liderança mundial do diabetes como maior causador de amputações não traumáticas dos membros inferiores, de cegueira adquirida em adultos e de insuficiência renal. A obesidade é uma pandemia mundial. Combater a obesidade é combater o diabetes” finaliza.

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