Universidade de Rio Preto tenta buscar a cerveja perfeita

Bebida alcoólica mais consumida no Brasil é objeto de estudos em universidade de Rio Preto; apreciadores que produzem a própria bebida também buscam aprimoramento
Da Redação

Bebida popular e refrescante para o rigoroso verão no Brasil, a cerveja virou objeto de estudos em Rio Preto. Gisandro, Guilherme, Adalberto e Fred são apenas alguns dos apaixonados pela bebida, seja para fins acadêmicos, pessoais ou comerciais e que procuram de alguma forma o aperfeiçoamento da popular 'breja'.

No campo acadêmico, um dos estudos tem à frente Gisandro Reis de Carvalho, 28 anos, que usou a pesquisa em seu doutorado em engenharia de alimentos pela Unesp de Rio Preto. O objetivo da pesquisa dele é deixar mais rápido o processo de produção da cerveja e melhorar sua qualidade da bebida.

Apaixonado pelos grãos de cevada e pela pesquisa aprofundada da bebida, o estudante segue sua busca para mudar a maneira como se faz cerveja no Brasil. O trabalho foi feito sob orientação do professor Javier Telis-Romero.

"Tanto a produção de cevada quanto a de malte são insuficientes para suprir a demanda por estes produtos. Logo, o uso de tecnologias que possam acelerar ou melhorar o processo de produção de malte é de grande interesse", disse Gisandro.

Para a pesquisa foi necessário usar um equipamento chamado ultrassom de potência. O aparelho – avaliado em torno de R$ 80 mil – emite ondas ultrassônicas que pressionam a cevada como se fosse uma esponja em milhões de vibrações por segundo. O movimento altera a estrutura da parede celular do grão da cevada, assim como de outros compostos.

"Estamos analisando a degradação do composto beta-glucana, uma fibra da cevada. Ela é a responsável por mudar a viscosidade da cerveja, por exemplo", acrescentou o aluno da pós-graduação em Engenharia de Alimentos.

O malte é um dos principais ingredientes da cerveja e vem da germinação do grão da cevada. A transformação da cevada em malte passa por três etapas: a maceração ou hidratação, germinação e secagem. Todas levam entre 6 e 9 dias até se chegar no malte pronto para ser utilizado. O estudo de Gisandro focou na etapa da maceração – em que a cevada é colocada em um recipiente com água, para que absorva essa água e comece a germinar.

"Para a cevada atingir a umidade necessária para germinar na temperatura de 10ºC leva-se 45 horas. Com o uso do aparelho ultrassônico, o tempo pode ser reduzido a 22 horas, aproximadamente", complementou o pesquisador, após conclusões feitas com base em seu estudo.

Outros cereais

Por conta da demanda, as cervejas populares e vendidas no Brasil substituem o malte – cevada germinada – por outros grãos como arroz e milho. "Produzimos apenas 30% do malte que consumimos e pode-se chegar a mais. O uso do ultrassom nos grãos é uma das técnicas a ser utilizada", explicou Gisandro.

"Outros estudos mais aprofundados sobre o efeito da aplicação durante a produção de malte ainda são necessários, mas, por enquanto, a utilização dessa tecnologia na fabricação de malte se mostrou promissora, podendo futuramente ser utilizada em escala industrial para melhorar a produção", finalizou o pesquisador.

Consumo no Brasil

Segundo dados divulgados em janeiro deste ano pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Brasil possui 679 cervejarias regulamentadas. São consumidos no país 14 bilhões de litros anuais, perdendo para China 46 bilhões e para os EUA, com 22 bilhões de consumo da bebida.

(Colaborou Victor Stok)

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