Varejo on-line perde R$ 11 bi com compra cancelada por frete alto

Publicado por COAD

Cenário. 74% brasileiros já abandonaram um 'carrinho virtual' pela taxa de entrega, deixando de gastar, em média, R$ 331; para minimizar as perdas, lojistas de todos os portes se movimentam

O alto custo do frete no comércio eletrônico tem gerado perdas significativas aos lojistas virtuais, uma vez que boa parte dos brasileiros afirma já ter desistido de uma compra devido a taxa de entrega elevada. Estudo da Manhattan Associates estima que, decorrente do cenário, o valor perdido em vendas é de R$ 11,8 bilhões.

A pesquisa, antecipada pelo DCI, mostra que 74,2% dos brasileiros abandonaram um 'carrinho virtual' ao se depararem com uma taxa de entrega alta. Considerando que cada compra cancelada teria um tíquete médio de R$ 331 a empresa global de softwares chegou ao valor dos R$ 11,8 bilhões. Há a possibilidade, contudo, de parte do montante ter sido absorvido por concorrentes do próprio varejo virtual, não saindo necessariamente do setor. "Não temos como medir aonde o consumidor comprou no final, e a venda pode não ter saído do e-commerce. Mas, como a única razão para a desistência foi o valor do frete, acreditamos que boa parcela deve sim ter migrado para lojas físicas ou desistido de fazer a compra", explica o representante da Manhattan Associates no Brasil, Marco Beczkowski.

O impacto expresso no estudo tende a aumentar nos próximos anos, já que o custo médio do frete vem crescendo de forma expressiva. Enquanto no primeiro semestre do ano passado o valor médio cobrado pela entrega era de R$ 25,7, segundo a Ebit, no mesmo período deste ano o preço subiu para R$ 29,9, variação de cerca de 16,5%.

A perspectiva daqui para frente, caso o cenário logístico não mude no Brasil, é que o custo do frete continue aumentando em proporções semelhantes à vista no intervalo. "Se não partimos para uma opção de logística multimodal, não resolvermos o problema de roubo de cargas e seguirmos com poucas operadoras, o custo do frete vai continuar crescendo", diz o diretor de comunicação da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (câmara-e.net), Gerson Rolim. Atualmente, segundo o executivo, os custos logísticos representa quase metade de todas despesas de uma empresa do e-commerce. "O consumidor é sensível ao frete porque é um custo muito pesado", resume.

No início do e-commerce…

O peso grande do frete em relação ao preço do produto não é a única explicação para a influência que ele exerce na decisão de compra do brasileiro. No surgimento do e-commerce no País, ao final dos anos 1990, as grandes varejistas virtuais ofereciam frete grátis para todas as compras. A estratégia, que surgiu para estimular a migração do consumidor do varejo físico para o virtual, acabou acostumando o brasileiro com a prática. "O brasileiro começou a entender que só valia a pena comprar on-line se ele tivesse o frete grátis", diz o sócio diretor da VTEX, plataforma de cloud commerce, Rafael Campos.

Nos últimos cinco anos o cenário começou a mudar e a oferta do frete grátis reduziu gradativamente (veja no gráfico). O consumidor, no entanto, parece não ter acompanhado a evolução do mercado, e continua reticente em relação ao custo do frete. "Esse 'aculturamento' do brasileiro, que surgiu no início do e-commerce, permanece", diz Beczkowski, da Manhattan.

Existem, contudo, algumas medidas que já tem sido adotadas pelos varejistas e que podem, na visão dos especialistas, minimizar o impacto do alto custo do frete nas vendas. Uma delas, segundo o sócio diretor da VTEX, é oferecer a opção de retirar o produto na loja física. "São poucas que tem feito, mas é uma estratégia que resolveria o problema do custo alto do frete", diz Campos. Outra alternativa, explica, seria fazer a entrega saindo das próprias lojas e não do centro de distribuição.

De acordo com o executivo, a marca de moda Reserva já tem trabalhado dessa forma, e isso também diminuiria o frete, já que diluiria os custos. "Nos Estados Unidos as lojas já estão se transformando em centros de distribuição do mundo digital e isso é muito poderoso para mudar a questão do frete", afirma.

Para as lojas que operam exclusivamente no comércio eletrônico, uma opção que surgiu recentemente no Brasil são os chamados 'lockers', ou 'pontos de coleta'. Uma empresa que oferece hoje o serviço no País é a InPost. A companhia disponibiliza terminais de coleta, aonde o consumidor pode retirar o seu produto. "O conceito está começando a chegar no Brasil, mas também seria uma saída interessante para o problema", afirma Rolim, da câmara-e.net.

Prazo de entrega

Apesar de ser um dos principais fatores que levam o consumidor a desistir de uma compra no e-commerce, o custo alto do frete não é o único problema. O estudo da Manhattan Associates mostra que o prazo de entrega também e um fator decisivo para o consumidor. Segundo a pesquisa, 63,4% dos brasileiros já abandonaram o 'carrinho virtual' porque a previsão de entrega para o produto era longo. O levantamento mostra ainda que mais da metade dos consumidores (57,3%) decidiram parar de utilizar uma loja por compras perdidas ou atrasadas.

A influência do prazo de entrega, contudo, varia muito de acordo com o segmento, explica o sócio diretor da VTEX. "No setor de moda, por exemplo, se o prazo é muito longo a chance do consumidor desistir da compra é grande. Em ramos como o de móveis, por outro lado, o prazo talvez não exerça tanta influência", explica. Em setores como o de supermercados e farmácias, onde a praticidade é um imperativo, o tempo para a entrega também é decisivo.

Outra questão que pesa na decisão do consumidor virtual é a burocracia para finalizar a compra. Um check out que exige o cadastramento do cliente ou que pede um número elevado de informações para finalizar o processo também acaba gerando uma taxa de desistência mais elevada, explica Campos.

FONTE: DCI – Diário Comércio Indústria & Serviços

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