Venda de cerveja no País para de cair
A estimativa é da CervBrasil (Associação Brasileira da Indústria da Cerveja)
Após apresentar queda de 2% no volume vendido no acumulado de janeiro a setembro, o mercado de cerveja espera fechar o ano com vendas estáveis em comparação a 2016. A estimativa da CervBrasil (Associação Brasileira da Indústria da Cerveja) é corroborada pelas cervejarias consultadas pelo Valor.
"No terceiro trimestre houve melhora e o quarto trimestre está mais forte que o terceiro", afirmou Paulo Petroni, diretor-executivo da CervBrasil. "Temos visto a melhora sequencial do mercado nos últimos trimestres. Conseguimos ver sinais de melhora no cenário macroeconômico. Confiamos em uma curva ascendente de resultados no Brasil", afirmou Ricardo Rittes, vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Ambev. Nos primeiros nove meses do ano, a Ambev registrou uma queda de 1,1% no volume de vendas de cerveja no Brasil. A companhia não divulga previsão para o ano.
Eliana Cassandre, gerente de propaganda do Grupo Petrópolis , dono da Itaipava, também informou que espera para o mercado vendas estáveis no acumulado do ano. "Há uma leve tendência de crescimento no segundo semestre", afirmou Eliana. Para o Grupo Petrópolis, ela estima crescimento em torno de 1% nas vendas neste ano e incremento de 3% em 2018. "O crescimento em 2018 depende de dois fatores: a melhora da economia e uma estabilização no processo político", disse a executiva.
Já para Maurício Giamellaro, vice-presidente de vendas da Heineken Brasil, mesmo com a melhoria da performance no último trimestre de 2017, pode ser difícil recuperar a queda sofrida nos nove primeiros meses do ano. "Novembro e dezembro serão chave para efetivar a mudança de cenário, de queda para crescimento", disse o executivo. Para 2018, a Heineken estima que o consumo no país "será muito melhor para o segmento de cervejas", tanto nas vendas em supermercados quanto em bares e restaurantes.
Giamellaro ponderou que o segmento de cervejas premium e especiais segue com crescimento de dois dígitos em 2017, o que favoreceu o desempenho de marcas da companhia como Heineken, Eisenbahn e Baden Baden.
A espanhola Estrella Galicia, que tem como foco principal as cervejas premium, também viu vendas aquecidas em 2017, mesmo com o mercado em recessão, segundo Fabio Rodrigues, diretor geral da companhia no Brasil. "Para 2018, o segmento premium apresentará uma evolução, com a retomada do consumo", afirmou Rodrigues. A Estrella Galicia investe R$ 100 milhões na instalação de uma cervejaria em Poços de Caldas (MG). A fábrica terá capacidade para produzir 20 milhões de litros por ano e vai gerar 100 postos de trabalho diretos. Rodrigues disse que a fábrica deve entrar em operação no início de 2019.
A CervBrasil estima para o setor de cerveja um "pequeno crescimento" nas vendas de cerveja em 2018, de um dígito baixo, em comparação a 2017. Petroni cita como fatores a recuperação na renda disponível das famílias, com consequente aumento no consumo; a inflação baixa; a melhora nos níveis de desemprego; e o aumento no consumo decorrente de festas e eventos relacionados aos jogos da Copa do Mundo em 2018.
Petroni observou que as indústrias têm investido em novas embalagens e na melhoria da distribuição de cerveja, com o objetivo de atingir principalmente o público mais jovem, de 18 a 35 anos de idade (os "millennials"). "A geração 'millennial' ocupa espaço cada vez maior no mercado de consumo e mudam a forma de consumir cerveja", disse o executivo.
Uma das características desse público, afirma Petroni, é a preferência pela compra pela internet, com smartphones. Entre as cervejarias, a Ambev é a que tem feito mais esforços para promover as vendas on-line, com o Empório da Cerveja e o Zé Delivery.
Petroni também vê como tendências do setor o avanço rápido da adoção de garrafas de vidro retornáveis e o crescimento contínuo no consumo de cervejas especiais. Essas bebidas representam em torno de 5% do volume de cerveja consumido no país. "Esse mercado ainda não é muito significativo, mas cresce muito em portfólio", afirmou Petroni.
A Ambev, segundo Rittes, investiu nas duas estratégias. A companhia ampliou a oferta de embalagens retornáveis para vendas em supermercados. "Hoje, uma em cada 4 garrafas vendidas para os supermercados já é retornável", disse Rittes. Em 2014, esse índice era de 4%. A Ambev adota garrafas retornáveis para as marcas Skol, Brahma, Antarctica e Bohemia – essa última, lançada em 2017. A companhia também reforçou a distribuição de suas marcas especiais como Budweiser, Stella Artois, Corona, Bohemia, Wäls e Colorado. "Os rótulos globais da Ambev, como Budweiser, Stella Artois e Corona, cresceram acima de 10% entre julho e setembro", observou Rittes.
O Grupo Petrópolis triplicou neste ano a distribuição de garrafas retornáveis da Itaipava. A companhia também investiu em campanha de mídia para estimular o consumo nessa embalagem. Eliana disse que o crescimento nas vendas tem sido "generoso", mas não quis citar números. A Heineken também investiu em garrafas retornáveis, mas não quis comentar o seu desempenho de vendas. A Estrella Galicia informou que avalia adotar garrafas retornáveis para a distribuição de cerveja no mercado de hotelaria.
Fonte: Valor Econômico
Deixe uma resposta
Quer participar da discussão?Fique a vontade para contribuir!