Lei em Santos obriga comércio a mostrar temperatura ideal de produtos

Nova regra vale para alimentos acondicionados em geladeiras e freezers

De A Tribuna On-line @atribunasantos

03/11/2017 – 11:44 – Atualizado em 03/11/2017 – 11:44

Uma nova lei municipal obriga que os estabelecimentos de Santos informem a temperatura ideal de conservação dos produtos refrigerados ou congelados. Desde o último dia 26, os dados devem estar disponíveis em placas informativas do lado de fora dos equipamentos de refrigeração e freezers.

Para os donos dos comércios que não cumprirem a lei, a multa será de R$ 2 mil, aplicada em dobro no caso de reincidência. A matéria é de autoria do ex-vereador Igor Martins e foi sancionada pelo prefeito Paulo Alexandre Barbosa.

De acordo com informações da Prefeitura. entre os estabelecimentos que terão que se adequar, estão varejistas e atacadistas cuja atividade predominante é a exposição de alimentos industrializados, produtos hortifrutigranjeiros, carnes e pescados, bem como alimentos preparados, embalados ou não, para venda direta ao consumidor. 

Continuam obrigatórios os instrumentos de aferição da temperatura, que devem estar em conformidade com as normas do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO).

Congelados e refrigerados

A placa informativa deverá ser fixada nos equipamentos de refrigeração e freezers, em local de fácil visualização, contendo as seguintes informações:

– Congelados: -12ºC ou temperatura menor, conforme recomendação do fabricante.

– Refrigerados: De 2ºC a 3ºC para pescados, de 4ºC a 7ºC para carnes e, para os demais produtos, de 4ºC a 10ºC.

Caso a temperatura não esteja de acordo com os limites estabelecidos, o consumidor pode entrar em contato com a ouvidoria pelo telefone 0800 770 0732. Essa informação também estará disponível na placa.

Cargill deverá atrair R$ 1,2 bi em investimentos

A multinacional Cargill está avançando com os processos para materializar seu complexo industrial no município de Castro, na região dos Campos Gerais. Inaugurada no primeiro trimestre de 2014, a biorrefinaria, que faz o processamento de milho, foi projetada para abastecer outras empresas, que poderão se instalar no seu parque fabril. A Cargill investiu mais de R$ 500 milhões para a construção da unidade, a qual já abastece a Evonik, primeira empresa ‘satélite’ a se instalar no entorno, que aplicou mais de R$ 300 milhões para a produção de Biolys (fonte do aminoácido L-lisina). Contudo, a Cargill espera receber mais seis empresas, as quais poderão aplicar, somadas, cerca de R$ 1,2 bilhão para a construção de suas plantas, consolidando um complexo industrial de R$ 2 bilhões, empregando mais de 1,2 mil pessoas diretamente.

O processo de desenvolvimento desse parque fabril, que funcionará como uma espécie de ‘condomínio industrial’, atualmente está em fase de licenciamento ambiental. O Estudo de Impacto Ambiental já foi protocolado no Instituto Ambiental do Paraná e uma audiência pública já foi realizada em Castro, tudo para obter a Licença Prévia. O modelo seria semelhante a outros exemplos realizados pela Cargill em seu país-sede, os Estados Unidos, onde há complexos industriais nas cidades de Blair, Eddyville e Ft. Dodge. Conforme observado na América do Norte, esse modelo conhecido como ‘Over The Fence’ (ou Sobre a Cerca) é viável pela disponibilidade de matéria-prima e de terra, logística (custo zero de frete), assim como o compartilhamento de recursos, com menor custo.

Espaço não é problema. A Biorrefinaria da Cargill ocupa 34 hectares do terreno do complexo, que possui um total de 246 hectares. Já somando os 3,9 hectares da Estação de Tratamento de Efluentes e os 7,9 hectares ocupados pela Evonik, ainda restam mais 200 hectares disponíveis para que outras empresas parceiras se instalem. Conforme informações da própria Cargill, entre as indústrias que podem ser atraídas estão as do ramo de alimentos (enzimas, aminoácidos, ácidos orgânicos, vitaminas, aromatizantes) e biotecnologia (bioplástico), já que as matérias-primas serão derivadas do beneficiamento de grãos de milho. Elas seriam instaladas ao lado de onde hoje está a Evonik, de modo que duas ficassem de frente para a rodovia e as quatro restantes atrás delas.

A Cargill opera atualmente com capacidade de moagem de milho de aproximadamente 1,2 mil toneladas por dia. Ao receber as empresas parceiras, esse volume iria quase triplicar, com a elevação para 3,2 mil toneladas por dia. O fornecimento de energia e vapor seria realizado pela própria Cargill, enquanto que a Compagas oferece infraestrutura suficiente para abastecer seis novas empresas no local com Gás Natural. A Estação de Tratamento de Efluentes será ampliada com o início da instalação de novas indústrias.

Empregos

Embora os parceiros ainda não estejam definidos, segundo estudos da Cargill a estimativa é que cada nova fábrica a se instalar no Complexo gere, em média, 150 empregos diretos. Com isso, as seis empresas poderão gerar, juntas 900 postos diretos. A Cargill e a Evonik, que já estão em operação, geram aproximadamente 300 vagas de emprego diretas, além de outras cerca de 230 indiretas. Somando os empregados diretamente, quando consolidado e em operação, o complexo será responsável por empregar 1,2 mil pessoas de forma direta.

Subprodutos

Um grão de milho, ao passar pelo processamento, resulta em quatro subprodutos. Em menor quantidade (4 a 5%) é o Glúten, seguido pelo Germe (7 a 8%). Desse germe pode ser extraído o óleo, em proporção de 3 a 4%. O segundo principal subproduto é a fibra, que corresponde de 18 a 22% do grão. Já o amido é o principal, correspondendo entre 70 e 75% do grão. Deste amido, é possível extrair outros quatro subprodutos: amido nativo e modificado, xarope de glucose, high maltose e dextrose.

Bahia consome meio milhão de rosquinhas por dia, aponta levantamento

A Bahia é um dos cinco estados que mais consomem biscoitos, apontou levantamento recente da Pepsico. De acordo com a empresa, são cerca de 1 bilhão de embalagens vendidas no estado por mês. Somente em relação a rosquinhas, o consumo do mercado baiano chega a 500 mil por dia. O levantamento é fruto de um trabalho que visa reposicionar a Pepsico em mercados estratégicos. O diretor de marketing de biscoitos Brasil, Tarik Mohallem, explica que o mercado aponta um crescimento, mesmo com a crise e com uma maior tendência em buscar produtos naturais. Na América Latina, são aproximadamente 200 mil biscoitos consumidos por minuto. Tarik acredita que o crescimento no mercado é fruto de um investimento em produtos que permitam ao consumidor chegar a um equilíbrio na alimentação. “Nós temos linhas com produtos mais naturais, nutritivos, que são mais ricos em proteínas. Você precisa buscar soluções pro consumidor que quer cada vez mais ingredientes nutritivos. Então temos redução de até 46% do nível de sódio, cracker com chia, uma linha de tapioca, para falar com esse consumidor que quer algo mais saudável, que busca o equilíbrio na vida”, avalia o diretor. Mohallem acredita que nem mesmo o preconceito que ainda existe em relação aos biscoitos faz com que os brasileiros tirem o produto da lista de compras. “Por mais que exista essa preocupação [em se ter uma alimentação mais saudável], a categoria biscoito continua em 99,7% de todos os lares brasileiros. Por isso procuramos uma solução que permita ao consumidor ter opções: tem um momento de dieta, outro de diversão, ou se quer algo mais nutritivo… São diferentes momentos de consumo”, apontou. “Nós temos a única marca 0% açúcar no mercado, mas que traz sabores como chocolate ou morango, que tendem a ser vistos como mais gostosos. Precisamos dar opções para o consumidor”, completa. Tarik garante que nem mesmo a crise econômica tem atrapalhado o setor: “Até agora nós temos passado por um problema bom, de final do mês estar correndo o risco de ficar sem o produto, com as metas superadas”.

Arroz brasileiro rumo à Arábia Saudita

03/11/2017 | Lia Nara Bau

Indústrias orizícolas estão de olho no mercado do Oriente Médio e, por isso, vão mostrar todo o potencial do arroz brasileiro em uma feira na Arábia Saudita. A participação delas na feira Foodex Saudi, em Jeddah, de 12 a 15 de novembro, é promovida pelo projeto Brazilian Rice – uma iniciativa da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para o incentivo às vendas de arroz do Brasil no mercado internacional.

A Foodex Saudi é uma feira focada em alimentação que reunirá, nesta edição de 2017, 32 países, 214 expositores e 520 marcas. A Arábia Saudita é um dos mercados-alvo do projeto e está entre os dez principais compradores de arroz do Brasil. É um país com potencial de compra de 10 mil toneladas por ano do cereal brasileiro. Além disso, o país é o maior mercado de alimentos do Oriente Médio. Prevê-se, segundo a organização do evento, que as importações de alimentos e bebidas aumentem até US$ 34 bilhões em 2020 contra os atuais US$ 21 bilhões.   

Quatro indústrias brasileiras participarão da mostra, em estande coletivo do projeto Brazilian Rice: Arrozeira Pelotas, Camil Alimentos, Josapar e Nelson Wendt. 

Esta será a primeira participação brasileira no evento. “No ano passado realizamos uma prospecção nesta feira que identificou o potencial deste mercado e então, agora, estamos promovendo esta ação comercial focada e os empresários estão com muitas expectativas positivas”, afirma o gerente do projeto, Gustavo Ludwig.

A participação verde-amarela contará também com uma ação especial de cocção e degustação de arroz, mostrando os diferenciais de cocção e sabor do arroz brasileiro.

Parceria entre Allianz Parque e Bauducco cria Chocottone do Porquinho

06/11/2017

O Allianz Parque e a Bauducco fizeram uma parceria inusitada para o fim de ano dos palmeirenses. Uma edição especial do Chocottone Bauducco de 500 gramas traz na embalagem um porquinho de pelúcia verde.

Além disso, na caixa do produto tem um código que vira jogo de realidade aumentada, no qual o desafio é marcar um gol de pênalti.

A edição exclusiva tem exemplares limitadas e não está disponível no varejo. O Chocottone do Porquinho pode ser encontrado na arena e em quiosques nos shoppings Bourbon e West Plaza.

“Nossa ideia é ampliar a conexão emocional entre os torcedores e fãs com a arena, permitindo às pessoas levarem um pedacinho da experiência no Allianz Parque para casa”, comenta Heraldo Evans, diretor comercial do Allianz Parque.

Fonte:: Redação

Água de coco Obrigado quer ampliar presença na Europa e Estados Unidos

Fabricante projeta obter cerca de 50% de sua receita com as operações internacionais, em um período de cinco anos; intenção é aumentar a produção conforme avance a plantação própria

São Paulo – Das fazendas da Bahia deve vir boa parte da água de coco para abastecer o varejo europeu e norte-americano nos próximos anos. Após ganhar espaço no Brasil, a bebida da marca Obrigado pretende atingir em cinco anos metade de sua receita com o exterior.

"Atualmente, exportamos 10% da nossa produção. Mesmo com o crescimento no Brasil, acreditamos que possamos atingir uma participação de 50% com as exportações", conta o vice-presidente da marca Obrigado, controlada pelo Grupo Aurantiaca, Ronaldo Lessa.

Segundo ele, as fazendas com as plantações de coco da empresa devem encerrar este ano com uma colheita de 26 milhões de frutos, ante 11,5 milhões do ano passado, o que, caso se confirme, representará uma alta de 126%. No entanto, as fazendas da empresa têm potencial para elevar este número a 87 milhões de frutos. "A produção vai aumentando gradativamente, conforme as plantas vão crescendo", acrescentou. A expectativa, diz ele, é de que a Obrigado possa atingir a capacidade máxima até 2025.

Como a produção própria ainda está maturando, a demanda da empresa vem sendo abastecida com a compra de terceiros. Dos 12,5 milhões a 13 milhões de litros que a empresa deverá envasar este ano, 9 milhões virão das fazendas do grupo, enquanto entre 3,5 milhões a 4 milhões serão encomendados de fora.

O executivo destaca que, quando a produção das fazendas estiver a pleno, a Obrigado poderá fornecer aos mercados cerca de 108 milhões de litros.

"Nossa capacidade instalada está entre 12% e 13%. Estamos crescendo aos poucos no Brasil e no exterior", explica, pontuando que os maiores investimentos da empresa, como a compra de terras, construção das fábricas e compra de equipamentos, já foram feitos. Esse valor, desembolsado nos últimos dez anos, chegou a R$ 600 milhões, tudo com recursos próprios, conta. O Grupo Aurantiaca é controlado pela norte-americana Cilento.

Demanda

A perspectiva de crescimento no exterior vem da capacidade produtiva do Brasil, que é beneficiada pelas condições favoráveis da terra e do clima. A maior concorrência aos produtos brasileiros nas prateleiras ao redor do mundo vem de países como Indonésia, Índia e Filipinas. De acordo com Lessa, diferentemente da fruta colhida no Brasil, na Ásia o coco é seco e a água mais salgada.

"O consumidor sente a diferença [no sabor]. A bebida brasileira acaba sendo mais fresca e com menos gordura", observa o executivo.

Os compradores no mercado dos Estados Unidos demandam de cerca de 200 milhões de litros ao ano, abastecida por importações. "Estamos começando por lá, com uma pequena fração, mas nossa intenção é a de sermos agressivos", reforça ele. A empresa desembarcou nos Estados Unidos há um ano e já conta com um escritório na Califórnia.

Já na Europa, a demanda é por aproximadamente 90 milhões de litros, dos quais 38 milhões vêm do Reino Unido. Especialmente no continente europeu, a empresa tem uma representação em Amsterdã, já que a Holanda serve distribuidora para os demais países da região. A partir do escritório europeu, a empresa embarca seus produtos para a Inglaterra, França, Bélgica e Luxemburgo. Além de ampliar presença onde já está, Lessa antecipou que a meta é expandir as exportações também para o Canadá, Alemanha, Espanha e Portugal.

No front interno, a empresa atingiu 12,5% de fatia de mercado em água de coco envasada, em agosto, informou a empresa com base em dados da Nielsen. Para este ano, a projeção é encerrar com uma média de participação de cerca de 8,5%. Apesar de estar no mercado há apenas três anos, a empresa já está entre as três maiores do mercado.

No Brasil, a demanda pela água de coco em caixa é maior nas regiões Sul e Sudeste, já que no Nordeste a bebida é mais consumida na própria fruta. Em 2016, a empresa encerrou como quinta marca do mercado e 6% de fatia.

Rodrigo Petry

Empresa faz barras de cereal com resíduos da produção de cerveja

Empreendedores de San Francisco fazem parceria com cervejarias artesanais para reduzir o desperdício e lucrar com os restos da bebida

06.11.2017|Por Marisa Adán Gil

A ideia surgiu quando Daniel Kurzrock tinha 19 anos e estudava economia da Universidade da Califórnia. Para animar as festas da fraternidade, ele fabricava cervejas artesanais no seu dormitório e vendia para os amigos. Logo, porém, descobriu um problema: para cada galão de cerveja produzida, gerava quilos de resíduos. “Fiz uma pesquisa e vi que esses grãos eram usados, normalmente, como ração de animais ou adubo para fazendas. O problema é que não tinha nenhuma fazenda por perto”, diz Kurzrock, em entrevista a PEGN.

Curioso, decidiu experimentar os grãos que sobravam ao final da produção de cerveja, e descobriu que o gosto era bom. Ao lado do colega Jordan Schwartz, que viria a se tornar seu sócio, teve uma ideia: e se fabricassem pão com aqueles grãos e vendessem aos colegas? Passaram a fabricar cerca de 20 bengalas por dia: com o lucro, fabricavam mais cerveja.

Em 2012, os dois amigos decidiram fundar a ReGrained: a ideia era deixar para trás a fabricação de cerveja e se concentrar apenas nos produtos derivados da sua produção. Em vez de pão, decidiram fabricar barras de cereal, que consideravam mais escaláveis. Para conseguir matéria-prima, fariam parcerias com as dezenas de cervejarias artesanais da região. “Quando começamos a conversar com os donos das cervejarias, eles adoraram a ideia. Eles costumavam jogar fora os grãos que sobravam, e sempre imaginaram se haveria um jeito melhor de resolver isso”, afirma Kurzrock.

Para alavancar as vendas, adotaram um slogan forte: “Eat Beer”, ou, em bom português, “Coma cerveja”. Os sócios se apressam a dizer, porém, que o gosto das barras não lembra nem de longe a bebida, e não há adição de álcool ao produto. “Alguns clientes ficam confusos, achando que se trata de cerveja em barra”, diz Daniel. “A cerveja tem quatro ingredientes: malte, água, lúpulo e levedura. Nossas barras usam o malte que sobra depois da fermentação. Então essa é a única conexão.” Os outros ingredientes, como quinoa e amêndoas variadas, vêm de produtores ambientalmente responsáveis, alguns deles orgânicos.

Já consolidados em sua área de atuação – eles não revelam o faturamento -, os sócios sonham agora em diversificar os negócios e contribuir mais ainda para preservar o meio ambiente. “Dentro da indústria da alimentação, há vários segmentos que geram toneladas de resíduos comestíveis. Precisamos de mais pessoas com ideias eficientes para criar novos produtos e evitar o desperdício."

Produtores nacionais investem em cervejas acrescidas de frutas

Maracujá, caju, cajá-manga… confira alguns exemplos de sucesso

Por Redação VEJA São Paulo

3 nov 2017, 06h00

Não faz muito tempo que, na hora de comprar uma cerveja no bar ou no supermercado, bastava decidir a marca. Hoje o cenário é outro: há uma profusão de estilos que pode deixar indeciso até um entusiasta da bebida. Entre os produtores nacionais, um movimento que vem chamando atenção é a adição de frutas na cerveja (confira exemplos na galeria abaixo).

“O brasileiro é criativo e tem usado diferentes ingredientes de maneira bem sóbria”, afirma Paulo Leite, proprietário do Empório Sagarana. Segundo ele, dos cerca de 100 rótulos disponíveis em seu bar, todos nacionais, 20% levam frutas na composição. “Algumas são bem brasileiras, caso da goiaba.”

Para a beer sommelière Carolina Oda, a cerveja está utilizando a linguagem da gastronomia ao investir em variadas combinações. “Os processos de produção evoluíram muito no Brasil e atualmente são elaboradas bebidas ótimas”, diz.

Água terá que ser vendida em modelos diferentes de embalagens no Rio

Projeto, aprovado na Alerj, visa a um maior controle da produção e da comercialização dos produtos

por O Globo

31/10/2017 18:08 / Atualizado 31/10/2017 18:47

RIO — Foi aprovado nesta terça-feira pela Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), em segunda votação, o projeto de lei 2.791-A/17, que visa a um maior controle da produção e da comercialização de águas minerais e águas adicionadas de sais, e prevê, ainda, o uso de vasilhames diferentes para cada tipo de água vendida no mercado. De acordo com a autora da proposta, deputada Lucinha (PSDB), a população está à mercê de produtos que não são devidamente identificados e fiscalizados, provocando riscos à saúde dos consumidores. A votação foi nominal e, dos 39 deputados presentes na sessão, 38 foram a favor do PL. O texto ainda terá a redação final votada em plenário antes de ser enviado para o governador Luiz Fernando Pezão.

Com a norma, a parlamentar diz que pretendeu estabelecer modelos diferenciados de embalagens e vasilhames para a venda de cada tipo de água, deixando claro o que é natural e o que é adicionado de sais. Segundo o texto, os rótulos com a especificação do tipo de água devem ter, pelo menos, metade do tamanho da grafia do nome da marca. O PL, que recebeu 20 emendas, foi aprovado de acordo com o parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com a inclusão das emendas 1 e 2.

A primeira emenda modificou a redação original e estabeleceu que as águas adicionadas de sais devem ser vendidas em galões de 10 ou 20 litros de cor rosa e as águas minerais, em galões de 10 ou 20 litros de cor azul. Anteriormente, o texto dizia que as águas naturais deveriam ser comercializadas em galões de 10 ou 20 litros na cor azul e as águas adicionadas de sais, em galões de 15 litros na cor rosa.

A segunda emenda definiu que a “embalagem retornável de uso exclusivo”, aquela de propriedade da envasadora e que traz a marca litografada em alto relevo na embalagem, não pode ser vendida ao consumidor, sendo obrigatória a adoção do regime de comodato. O PL estabeleceu também que quem infringir a lei será punido de acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC). A partir da sanção da lei pelo governador, as empresas terão 180 dias para se adequar.

“Para proteger os consumidores e evitar equívocos, é necessária uma lei que estabeleça a clara diferença entre esses produtos. Não podemos esquecer que a água é um alimento e deve ser tratada com o máximo de cuidado que todo alimento merece”, declarou a deputada.

Águas de chuva e de torneira

Antes da votação, uma possível alteração no Artigo 3º do texto do PL 2791/17, que pretendia legalizar a comercialização de água de chuva e de torneira (abastecimento público) para o consumo humano, gerou preocupação a representantes do setor, principalmente no que se refere aos riscos à segurança alimentar da população e a um possível "nivelamento por baixo" de águas que são, na verdade, de produtos diferenciados pela qualidade. A mudança criaria a possibilidade de que águas de origens diversas sejam enquadradas como água adicionada de sais.

"Precisamos de uma legislação que nos conduza ao aumento de qualidade e que restrinja o envase somente com uso de água natural, como estava no projeto inicial. Não o contrário. Tanto o uso de água de abastecimento público como o uso da água da chuva é um retrocesso no mercado que hoje tem muito mais a oferecer. Sendo esta lei aprovada, nos preocupa como será a qualidade do produto feito a partir de uma matéria prima desconhecida e com vários fatores que o influenciarão como contaminações do ar, a fiscalização dos sistemas de captação, etc. A concorrência também preocupa, já que para as águas de chuva ou de abastecimento público não será necessário cuidado e preservação com as captações, além de não ter taxas (caso das águas pluviais) como temos para as captações reguladas pelo INEA", destaca Rogério Almeida, da Vitória Top, uma das seis marcas de água adicionada de sais do Rio de Janeiro.

Procurada, a autora do projeto, deputada Lucinha, confirmou que a emenda modificativa foi apresentada durante a tramitação do PL na Alerj, mas ela não foi acatada e não contará do substitutivo que será votado na Alerj logo mais, a partir das 15h. Isso porque a deputada Lucinha recebeu um ofício da associação denominada "Águas Adicionadas de Sais do Brasil", que representa as indústrias Onitauá Mineradora, Papucaia, Vitória Top e Ouro Branco, contestando a qualidade das águas preparadas "a partir de água de surgência, água de poço, captação superficial, captação de água da chuva, além de água proveniente do próprio sistema de abastecimento público". A emenda também determinava que, para a comercialização, essas águas deveriam atender "parâmetros microbiológicos, químicos e radioativos dispostos na Norma de Qualidade de Água para Consumo Humano".

— Quando parte do setor veio a mim apresentar a emenda, achei que esse assunto merecia um estudo maior. Assim, percebi que, mesmo atendendo os padrões microbiológicos garantidos na emenda, águas de outros tipos de captação podem representar risco à saúde dos consumidores em função da frágil fiscalização existente no estado para garantir esses padrões. Por tudo isso, a emenda não foi acatada ao projeto e não constará do substitutivo que será apresentado e votado hoje no plenário da Alerj — afirmou a parlamentar.

Água adicionada de sais

As águas adicionadas de sais são águas preparadas e envasadas para o consumo humano, contendo um ou mais compostos previstos em resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sem açúcares, adoçantes, aromas ou outros ingredientes. Já a água mineral natural é obtida diretamente de fontes naturais ou por extração de águas subterrâneas.

“Muitas vezes, o consumidor é enganado e compra água adicionada de sais achando se tratar de água mineral. Isso não vai mais acontecer porque os produtos terão que ser identificados com clareza”, frisou Lucinha, que preside a Comissão de Segurança Alimentar da Alerj.

Embalagens podem ter rótulos mudados

Empresas / 31 Outubro 2017

Dados nutricionais como valor energético, quantidades de proteínas, gorduras saturadas, sódios e açúcares precisam obrigatoriamente estar impressos nas embalagens de alimentos industrializados. Essas regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) visam garantir aos consumidores o acesso a informações sobre os produtos à venda. Contudo, o tamanho das letras, os termos técnicos e a poluição visual dos pacotes dificultam o entendimento. Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), apenas 25,1% da população é capaz de compreender totalmente o que dizem os rótulos.

– Por mais que as pessoas consigam ler e entender os números e a lista de ingredientes expressos na tabela, será que de fato os consumidores entendem o que estão comendo e as consequências daquele alimento para a saúde deles? Eles entendem que a maltodextrina é açúcar? – questionou a nutricionista do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição (Opsan), da Universidade de Brasília (UnB), Ana Maria Thomas.

A consequência dessa falta de clareza sobre o que é saudável, aliado à publicidade feita por indústrias alimentícias, tem desencadeado consumo excessivo de produtos ultraprocessados, como biscoitos, sorvetes, macarrões instantâneos. Esses alimentos contêm muito sódio, gordura e açúcar, os três principais elementos responsáveis por causar as chamadas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT): câncer, diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. Segundo o Ministério da Saúde, em 2013, 72,6% do total de mortes no Brasil foram por DCNT.

– O excesso de sódio é uma das causas da hipertensão, o excesso de açúcar acaba levando à diabetes e a gordura causa a obesidade. Esses alimentos industrializados têm muito esses três elementos, que juntos aumentam o risco cardiovascular do paciente – explica a endocrinologista Helena Farhat.

De acordo com o Ministério da Saúde, a obesidade aumentou 60% em dez anos, passando de 11,8% dos brasileiros em 2006, para 18,9%, em 2016. Ao mesmo tempo, o número de pessoas diagnosticadas com diabetes cresceu 61,8%, e o número de pessoas hipertensas, 14,2%.

Para acabar com a dificuldade de compreensão de rótulos, projeto de Cristovam Buarque (PPS-DF) cria selos de identificação nas embalagens:

– São quatro selos bem visíveis que mostrem se o alimento tem excesso de caloria, de gordura, de açúcar e de sal.

Ele defendeu ainda a vedação de propagandas que promovam alimentos com selo e a proibição da venda desses produtos nas escolas:

O PLS 489/2008 está em análise na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), tendo como relator Armando Monteiro (PTB-PE).

Desde 2014, a Anvisa mantém grupo de trabalho sobre rotulagem nutricional. Neste ano, a equipe apresentou opções para resolver os problemas que prejudicam a efetividade dos rótulos.

A maioria das propostas focou em modelos de rótulos que utilizam cores e localizam-se no painel frontal dos alimentos. Algumas propostas contemplaram também modificações na tabela nutricional.

A Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) defende a rotulagem frontal com base indicativa por porção, onde os ícones de sódio, açúcares totais e gordura saturada passam a ser coloridos em verde, amarelo e vermelho, modelo semelhante ao do Reino Unido.

Entretanto, o Idec apoia o “selo de advertência frontal”, modelo adaptado do Chile, nas cores preta e branca com os dizeres: “contém muito açúcar”, “contém muito sódio” e “contém muita gordura”. A nutricionista Ana Maria Thomas explica que as embalagens, normalmente, são muito coloridas para visualmente chamar a atenção dos consumidores. Então, um selo mais sóbrio destoaria dos pacotes embalagens e seria mais eficaz.

A Anvisa não concedeu entrevista por definir o momento como “não apropriado para falar sobre o assunto”, mas declarou por meio de nota: “Atualmente, não há estudos científicos publicados que comparem a efetividade dos modelos em questão na compreensão e na promoção de escolhas alimentares mais adequadas pela população brasileira. Adicionalmente, os estudos que comparam os modelos em questão realizados em outros países não podem ser extrapolados facilmente para a população brasileira, em decorrência das diferenças no nível educacional e no conhecimento sobre nutrição. Assim, existe incerteza sobre qual o modelo seria mais efetivo para nossa população”.

Agência Senado