Uso incorreto de medicamentos afeta saúde
Da Reportagem
Atualmente, as morbidades relacionadas a medicamentos é um sério problema de saúde pública e um determinante de internações hospitalares. Além de graves, os danos causados por remédios custam em torno de R$ 60 milhões ao ano ao Sistema de Único de Saúde (SUS). Como forma de alerta, o Conselho Regional de Farmácia (CRF/MT) iniciou uma campanha de promoção à adesão às terapias medicamentosos e ao seu uso racional e seguro.
A iniciativa faz parte das atividades do “Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos”, celebrado hoje (05). Ontem, foram ofertados diversos serviços às pessoas, que passaram pela Praça Alencastro, em Cuiabá. As atividades também ocorreram em Sinop, Rondonópolis e Barra do Garças. “O objetivo é alertar a população sobre os ricos da automedicação por que o medicamento se usado de forma inadequada pode trazer certos prejuízos, desde dependência, intoxicações ou até mesmo a morte”, informou Ednaldo Anthony Jesus da Silva, tesoureiro do CRF/MT.
As morbidades mais onerosas são as causadas por reações adversas (39,3% dos gastos), pela não adesão ao tratamento (36,9%) e pelo uso de doses incorretas (16,9%). Porém, metade dos casos poderia ser evitada com uma supervisão mais cuidadosa e efetiva dos tratamentos.
Uma das intenções da campanha é contribuir de forma mais efetiva para a reversão dessas estatísticas. Para isso, durante esse mês, voluntários engajados na iniciativa buscarão serviços públicos de saúde, como as unidades básicas de saúde (UBs) e as farmácias públicas, para verificar se pacientes polimedicados têm acesso e aderem ao tratamento medicamentoso ou não.
Entre o público-alvo encontra-se pacientes com hipertensão e diabéticos, por exemplo. Segundo o Ministério da Saúde (MS), cerca de 70% das pessoas com hipertensão, diabetes ou dislipidemias não conseguem controlar suas doenças mesmo tendo diagnóstico e prescrição de médicos.
Já em outro estudo, o órgão apurou que 82% dos pacientes que utilizavam cinco ou mais medicamentos de uso contínuo o faziam de forma incorreta ou demonstravam baixa adesão ao tratamento. Um em cada três pacientes abandonou algum tratamento, 54% omitiram doses, 33% usaram medicamentos em horários errados, 21% adicionaram doses não prescritas e 13% não iniciaram algum tratamento prescrito.
O estudo será feito em 24 das 27 unidades federativas. A proposta é envolver, também, os farmacêuticos dos serviços onde será feita a coleta dos dados, para que eles, ao entrevistar seus pacientes, tenham uma melhor compreensão do problema, e consigam traçar estratégias para resolvê-lo.
A expectativa é divulgar o resultado durante o Congresso do Conselho de Secretários Municipais de Saúde, que acontece julho próximo.
CUIDADO FARMACÊUTICO – Cuiabá é uma das capitais brasileiras em que o efetivo de farmacêuticos que atuam nas unidades de saúde ligadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) é baixo. Para mudar o cenário está em andamento o “Projeto Cuidado Farmacêutico no SUS”, do Conselho Federal de Farmácia (CFF), que visa à inserção do cuidado farmacêutico na rotina dos postos de saúde.
A medida já foi implantada em 119 municípios brasileiros. Atualmente, capacita cerca de mil profissionais da área para o atendimento direto ao paciente. “Em Cuiabá, estamos tentando firmar parceria com o Conselho Federal e o Conselho Regional de Farmácia para a inserção dessas capacitações e nós conclamamos a todo o gestor público que dê essa oportunidade a esse profissional, que só em graduação estuda cinco anos, mais pós, mestrado e doutorado. Portanto, é a pessoa gabaritada para prestar o acompanhamento fármaco-terapêutico e o cuidado clínico ao paciente”, disse Ednaldo Anthony Jesus da Silva.
Por conta da carência, por vezes, a dispensação é feita por profissionais de outras áreas. “Não desmerecendo outras profissões, mais a área de medicamento é importante que tenha o farmacêutico por que ele conhece desde controle de qualidade ao o ciclo logístico de programação, aquisição, seleção, distribuição, uso e dispensação e uso correto da medicação”, explicou lembrando que o ato da dispensação é privativo do farmacêutico.