15 Janeiro 2018 11:32:00
Expectativa também na retomada das importações pela Rússia e a abertura do mercado peruano
O setor produtivo de Santa Catarina está na expectativa de embarcar, já no início deste ano, os primeiros lotes de carne suína para a Coréia do Sul. Num primeiro momento, o país asiático não comprará grandes volumes do produto. Entretanto, na avaliação de dirigentes que atuam no segmento, a abertura de um mercado extremamente exigente demonstra a qualidade da produção catarinense a outros possíveis compradores.
A Coreia do Sul é, atualmente, o quarto maior importador mundial de carne suína. Somente em 2016 registrou o consumo de 615 mil toneladas do produto. No fim de setembro do ano passado, três unidades catarinenses foram habilitadas para o fornecimento de proteína animal aos sul-coreanos: uma planta da Aurora, em Chapecó; uma da BRF, em Campos Novos, e outra da Pamplona Alimentos, em Presidente Getúlio. As vendas dependem da finalização de acordos de certificação sanitária entre a Coreia do Sul e o Ministério da Agricultura brasileiro, o que deve ocorrer ainda no primeiro trimestre.
A expectativa, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), é de que os sul-coreanos adquiram 30 mil toneladas de carne suína por ano, o que significaria um incremento de 15% nas exportações catarinenses. Santa Catarina obteve o aval de fornecimentos por ser o único Estado brasileiro com o status sanitário de área livre de febre aftosa sem vacinação, o que é reconhecido inclusive pela Organização Mundial de Saúde Animal.
Atualmente, os sul-coreanos são abastecidos pelos Estados Unidos, União Europeia, Chile e Canadá. Os norte-americanos são os maiores fornecedores, com cerca de 40% das aquisições do país asiático. De acordo com o presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos e vice-presidente para Assuntos Estratégicos da Fiesc, Mario Lanznaster, a exportação de carne brasileira começa com uma desvantagem comercial em relação aos outros países, devido a uma taxação de 20% sobre o valor do produto. Outros fornecedores da Coreia do Sul possuem acordos firmados prevendo a isenção das taxas de importação. Lanznaster afirma que, apesar desta questão, com o tempo será possível superar essa barreira e melhorar os termos do acordo comercial firmado entre os dois países.
Retomada do mercado russo
Outro ponto comemorado pelos produtores catarinenses é a retomada das importações de carne suína pela Rússia. O fornecimento havia sido suspenso em razão de que os russos não aceitavam a presença de ractopanima na proteína animal produzida no Brasil. A substância é administrada para aumentar a massa muscular e reduzir a deposição de gordura nos animais. A Rússia é, atualmente, o maior importador de carne suína brasileira. Especialistas da área econômica afirmam que a retomada desse mercado é considerada fundamental. Caso isso não ocorra até fevereiro, poderá haver pressão sobre os preços internos.
Novos mercados
Ainda no cenário de exportações de carne brasileira, está a expectativa quanto à abertura de mercado no Peru. Conforme informações do diretor executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne), Ricardo de Gouvêa, já existem negociações a respeito do assunto entre os dois países. Representantes peruanos devem vir ao Brasil em breve para visitar as plantas industriais brasileiras e analisar questões como estrutura e controle sanitário.
Números
Conforme dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Santa Catarina continua liderando as exportações de carne suína. Entre janeiro e novembro de 2017, foram embarcados 254,1 milhões de toneladas, o valor teve uma leve queda de -0,29% se comparado aos de 2016.
Em receita, o Estado também se mantém na liderança brasileira, o resultado representa US$ 590 milhões, um crescimento de 14% em relação a 2016 (US$ 513 milhões).
Já a produção brasileira de carne suína totalizou 3,758 milhões de toneladas em 2017. O número supera em 0,5% o volume produzido pelo país em 2016, quando foi de 3,731 milhões de toneladas.
Com este desempenho, o consumo per capita encerrou o ano em 14,7 quilos, uma elevação de 2% em relação ao consumo de 2016, que foi de 14,4 quilos por pessoa.
Para 2018, conforme dados da ABPA, a produção de carne suína deverá superar entre 2% e 3% o volume produzido em 2017.
Exportações
Em relação às exportações, no acumulado de 2017 (janeiro a novembro), foram embarcadas 643,5 mil toneladas de carne suína, número 5,6% menor que em 2016. A receita, porém, foi de US$ 1,509, representando acréscimo de 9,8% em relação ao ano anterior.
A previsão para 2018 é de elevação entre 4% e 5% em relação ao resultado de 2017, retomando patamares próximos ao alcançado em 2016 (com 732 mil toneladas).