Publicado 08/05/2017 – 22h42 – Atualizado 08/05/2017 – 22h42
Por Da Gazeta de Piracicaba
Del Rodrigues
Loja fechada em Piracicaba
Donos de lojas instaladas na galeria anexa ao supermercado Extra, seus funcionários e a população que costuma frequentar o local foram surpreendidos na manhã desta segunda-feira, dia 8, com o súbito fechamento da unidade e, consequentemente, a impossibilidade de acessar aquela área. Os comerciantes reclamam que não houve comunicado prévio por parte dos gestores do local, que a decisão causa transtornos e prejuízos financeiros. Por isso, acionaram a Justiça que, inclusive, já concedeu uma liminar a favor deles. Em nota, o Extra informa que "a loja localizada na rua Regente Feijó nº 823, em Piracicaba, foi fechada para dar lugar a uma unidade do Assaí Atacadista".
O espaço possui cerca de 11 estabelecimentos, incluindo um banco, um café, um restaurante, uma loja de calçados, uma ótica e uma lotérica. Inclusive, duas lojas, uma de roupas e outra de acessórios, ainda estão em fase de reforma e na iminência de serem inauguradas (as vitrines e prateleiras estão sendo instaladas e as paredes recebem gesso e pintura). Segundo os comerciantes, um gestor do local os informou que a reforma (para a troca da bandeira do supermercado) deve demorar, "no mínimo, cinco meses".
"Todas as lojas daqui pagam o aluguel em dia, pagaram a taxa de adesão pelo ponto e daí, simplesmente do nada, eles fecham o espaço sem avisar ninguém", reclama um dos lojistas. Os empresários conversaram com a reportagem, mas preferiram não se identificar.
Outro lojista relata que assinou o contrato de locação (com vigência de cinco anos) há cerca de 20 dias. "Não houve notificação nenhuma. A loja é um projeto que eu tinha de longo prazo, que de uma hora para outra foi ceifado, decepado", dispara. "Isso sem falar que aqui trabalham cerca de 100 pessoas que, agora, podem perder seus empregos", acrescenta.
O advogado Mauro Rontani, do escritório de advocacia Amstalden & Fabbro, que representa nove lojistas, diz que ontem à tarde "a Justiça deu uma liminar para a abertura da parte de cima da unidade, que envolve o estacionamento e a galeria de lojas". Segundo Rontani, o juiz Luiz Roberto Xavier, da 4ª Vara Cível da Comarca de Piracicaba, foi quem determinou a "tutela antecipada para a abertura daquele espaço em 24 horas". "O magistrado ainda estabeleceu que a segurança ficará sob a responsabilidade dos próprios lojistas e que a empresa coloque tapumes na frente do supermercado, informando seu fechamento temporário", observa. Na semana que vem, deve haver uma audiência de conciliação entre as partes.
"Mas, por hora, há um prejuízo ímpar para os comerciantes, por exemplo, aqueles que têm estoques de alimentos perecíveis. Isso sem falar que da lotérica que não pode ficar fechada por ser um posto bancário e uma representante da Caixa Econômica Federal", afirma.
Francisco Frabbro, que também advoga pelos comerciantes, conta que os lojistas foram chamados, individualmente, para tentar negociar um acordo com o Grupo Extra. O advogado estima que o faturamento global das lojas gire em torno de R$ 500 mil. Segundo alguns comerciantes, "as propostas feitas foram ridículas".
"O problema é que eles não notificaram e não deram satisfação nenhuma, faltou sensibilidade e zelo. Por ser uma relação comercial, deveriam ter notificado com seis meses de antecedência, que é o que regem os contratos comerciais. Mas foi na calada da noite que decidiram fechar o local sem dar satisfação aos lojistas", critica.
O vigilante Orlando Alves de Oliveira, 49 anos, foi um dos muitos clientes pegos de surpresa. "Vim pegar os óculos da minha filha na ótica, mas não consegui entrar", relata.
Mais de uma centena de funcionários do Extra também foram surpreendidas, sendo que uma parte deles já foi demitida. Ontem, eles estavam desconsolados no interior e nas redondezas do supermercado. "Avisaram a gente que haveria uma reunião geral nesta segunda-feira. Eu fui demitida, achei tudo isso muito errado", diz uma operadora de caixa que não quis se identificar, que trabalhava havia três anos e meio na empresa.
RESPOSTA
Em nota, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) informa que neste ano estão previstas, pelo menos, 15 conversões de lojas Extra Hipermercado em Assai em todo o país e que "os colaboradores do Extra Hiper Piracicaba que manifestarem interesse em continuar na companhia serão absorvidos em outras operações na região".
O Extra informa que uma equipe multidisciplinar da própria rede, e da futura loja do Assai, recepcionou todos os colaboradores, prestando os esclarecimentos necessários e já adiantando possíveis processos de transferência para outras unidades na região. "Todos os funcionários do Extra Hiper Piracicaba foram avaliados de acordo com desempenho e possível adequação às funções da nova loja do Assai. Sendo assim, 60% deles serão remanejados para a nova unidade (tão logo ela for inaugurada) ou ainda outras operações da companhia na região", diz o comunicado.
"Quanto à galeria comercial, a companhia fez uma análise de todas as lojas existentes no local e, destas, foram determinadas as mais adequadas ao formato da futura loja Assai. Para estas, os contratos estão sendo analisados individualmente, de acordo com as características de cada negócio, para que sejam elaboradas novas propostas de parceria. Já os lojistas não contemplados no futuro estabelecimento foram convidados a manter a loja em outra unidade da companhia. Os que não optarem por essa solução, terão o contrato rescindido e todos os direitos e deveres previstos cumpridos pelo Extra", diz a empresa.